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6 de dez. de 2010

Escolas estaduais da Paraíba terão máquinas de camisinhas nos corredores em 2011.


Nada de bochechas vermelhas e nem risadinhas sem graça. Para o ano que vem, escolas estaduais de Santa Catarina, Distrito Federal e Paraíba terão maquinas de camisinhas instaladas em seu corredores, além de aulas de educação sexual. Se o projeto-piloto for bem aceito por pais, alunos e professores, ele será estendido para colégios públicos de todo o país.

Criada em 2006 pelos Ministérios da Saúde e da Educação, a iniciativa tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade de estudantes às doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez não-planejada. Bandeiras a favor do projeto já foram levantadas, mas as de protesto também.

A pedagoga Dineide Menegaz, do Colégio Estadual Leonor de Barros, de Santa Catarina, defende as instalações pela acessibilidade que elas trarão para os alunos: "Os adolescentes não têm maturidade para encarar o sexo como um processo natural. Então, muitos deles deixam de ir ao posto de saúde pegar camisinha por vergonha. As máquinas dariam a oportunidade de conseguir os preservativos no seu ambiente natural, onde eles se sentem seguros e à vontade", diz.

O governo rebate as reclamações de que a máquina poderia incentivar o sexo precoce afirmando que o projeto nasceu após os resultados de uma pesquisa do Ministério em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que revelou vida sexual ativa a partir dos 13 anos de idade. Além disso, o estudo apontou que a maioria dos adolescentes tem dificuldade de acesso aos preservativos: 42,7% dos estudantes afirmaram não usar por não tê-lo na hora H e 9,7% deles declararam que não têm dinheiro para comprá-lo.

A Unesco também afirma que a máquina de preservativos é bem aceita quando acompanhada de orientação pedagógica. Luciana Parisotto, médica psiquiátrica e especialista em sexualidade humana, considera o projeto uma ação preventiva de saúde pública: "Como todas as campanhas ligadas às áreas de saúde, não só o adolescente terá acesso direto à camisinha, como terá educação mais focalizada no seu uso", afirma.

Porém, a sexóloga alerta que nem escolas e nem alunos estão preparados para conviver com as máquinas. Falta de preparo dos professores para a educação sexual e a imaturidade dos adolescentes para lidar com o assunto é o cenário atual nos colégios, afirma.

Ana Carca Ferraz, estudante catarinense, não nega que brincadeiras devem ser rotina nos corredores escolares. Porém, aposta que pais e estudantes serão a favor das instalações. "Apesar de eu sentir vergonha eu iria gostar, e minha mãe também. Vemos gravidez não planejada e DSTs ocorrendo por desculpas. Camisinhas de graça nos colégios iriam evitar isso", conclui a aluna de 16 anos.