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26 de mar. de 2011

Maranhão versus Purgatório

Por Gilvan Freire

Purgatório é o lugar antes do Céu onde se purificam as almas dos justos. Já o Inferno é onde ardem em fogo quente os grandes pecadores. Quanto ao Céu... bem o Céu é um lugar quase inatingível, por causa do pecado original.

Maranhão chegou ao Purgatório em vida. É ali que terá de pagar os pecados dos últimos tempos. Dos pecados mais antigos pode estar indulgenciado. Pecados prescrevem pelo perdão, se não forem hediondos. O ex-governador chega numa hora em que Cássio está saindo. Até nisso eles disputam o mesmo lugar.

Ao que parece, se depender de Dilma Rousseff, o lugar de Maranhão é mais adiante. Talvez onde haja enxofre e labaredas – e onde ela possa colocar azeite em vez de água.

Os líderes do PMDB, de fato, querem afastar Maranhão do fogaréu. Em torno do braseiro de cremação, contudo, há outras figuras privilegiadas do partido que sequer passam pelo Purgatório, pois atentaram contra o Erário sacrossanto do povo de Deus. Mas são os pecadores de casa que dividiram a féria com a cúpula agnóstica que não teme a castigos bíblicos.

Maranhão pode assar em fogo brando. Para o PMDB, não há Céu para os políticos, o Purgatório é pequeno demais e no Inferno cabe todo mundo. Mas é preciso tirar alguém de um lugar e colocar no outro. A troca envolve Maranhão.

Políticos não se hospedam no Céu, por conta das injustiças ou iniqüidades que quase todos cometem. Poucos passam pelo Purgatório, onde ainda assim terão de expiar pecados menos cabeludos. Para o Inferno... bem para o Inferno vão muitos, sem volta ou mudança de endereço, pois não há ponte aérea entre os dois reinos, o de Deus e do Diabo. Eles se excluem.

É bom Maranhão saber que anjos o guardam. Em Mateus está dito, reverberado pelo Livro do Apocalipse: “– Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos.” Ou seja, há anjos em dois lugares.

Não bastasse, Maranhão enfrenta agora o fogo amigo (se é que fogo ateado no corpo pode ser considerado amigo), atiçado ainda com chamas baixas por jovens incendiários do PMDB local. Eles querem evitar que Maranhão, colocado sobre a fogueira, espalhe tições. E ninguém quer se queimar no Inferno ainda que seja em boas companhias, e nem quer se aproximar de alvo em combustão. Pior é que Maranhão ensinou a esses discípulos a jogarem brasas nos outros.

Talvez reste a Maranhão gritar, como naquela fábula do Lobo Mau: - Água, meus netinhos! Correndo todo o risco deles responderem: - Azeite, senhor avô!


DO BLOG DO TIÃO LUCENA