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24 de jun. de 2011

Relatório da ONU aponta uso abusivo de medicamentos no Brasil

Um relatório sobre o consumo de drogas no mundo, divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), aponta o uso abusivo de medicamentos no Brasil e a estabilidade no consumo de drogas ilegais. De acordo com os dados, “uma alta prevalência de uso não médico de opióides (analgésicos) de prescrição foi relatado pela Costa Rica, Brasil e Chile”.

De acordo com os dados, os medicamentos do grupo dos opióides, em especial aqueles à base de codeína (substância indicada para dores causadas por tumores ou dores muito fortes após intervenções cirúrgicas), prevalecem na América do Sul, América Central e Caribe.

O relatório da ONU indica também que o uso abusivo desses medicamentos na América do Sul está estimado entre 0,3% e 0,4% da população adulta, algo em torno de 850 mil a 940 mil pessoas entre 15 e 64 anos. No Brasil, o percentual é acima da média da região, 0,5%. Na Bolívia, o percentual é de 0,6% e no Chile, 0,5%.

“Bolívia, Brasil e Chile continuam como países com altas taxas de uso de opióides. Na América Central, a taxa da Costa Rica é maior que a média global (2,8%). Na América do Sul e na América Central, preparados à base de codeína estão entre os opióides mais comuns”, diz o relatório.

O relatório diz também que, na região, há alto consumo de “estimulantes prescritos desviados”, que a ONU aponta como legalmente recomendados, como os anorexígenos ou medicamentos para tratamento de transtorno de déficit de atenção.

“Altos níveis de consumo [de estimulantes] foram relatados em 2009, em particular na Argentina, no Brasil e, em menor medida, no Chile”, afirma o documento.

Em entrevista ao G1 há cerca de um ano, Pedro Gabriel Godinho Delgado, então coordenador geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, afirmou que o grupo dos calmantes era o que mais preocupava o governo brasileiro.

"O aumento do consumo se deve a dois fatores, um bom e um ruim. Tem a questão da ampliação do acesso ao tratamento, o que mostra que mais pessoas estão tendo acesso ao uso racional. E o ruim é que muito provavelmente esse aumento tão significativo se deveu ao uso não racional, ao uso nocivo", afirmou na ocasião Delgado.

O documento, chamado de Relatório Mundial sobre Drogas 2011, foi lançado em razão do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico de Drogas, dia 26 de junho.

Drogas ilegais

Ainda de acordo com o documento da ONU, o “uso de cocaína agora é geralmente percebido como estável na América do Sul e Central”. Apesar disso, o relatório diz que o país tem cerca de 900 mil usuários de cocaína.

Argentina (2,6%), Chile (2,4%) e Uruguai (1,4%) são países que continuam com alta prevalência de uso de cocaína entre a população geral. Juntos, Brasil, Argentina, e Chile somam dois terços dos usuários de cocaína na América do Sul, América Central e Caribe.

“Contudo, o Brasil tem uma taxa de prevalência menor de 0,7% da população entre 15 e 64 anos. Por causa de sua grande população, o país tem o maior número de usuários de cocaína, 900 mil, na América do Sul”.

O relatório diz que as apreensões de cocaína cresceram nos últimos anos. No Brasil, conforme os dados, passou de 8 toneladas métricas em 2004 para 24 toneladas métricas em 2009.

“Em 2009, o Brasil foi o país de trânsito mais proeminente das Américas – em termos de número de apreensões – de remessas de cocaína apreendidas na Europa. O número de casos de apreensões que envolveram o Brasil como país de trânsito subiu de 25, em 2005 (somando 339 kg de cocaína), para 260, em 2009 (somando 1.5 toneladas métricas)”.





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