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11 de set. de 2011


Júlio Thompson aprendeu a criticar e a ser criticado. "Antes ficava na defensiva"

APRENDIZADO
Júlio Thompson aprendeu a criticar e a ser 
criticado. "Antes ficava na defensiva"
Ninguém gosta de ser criticado. No ambiente de trabalho ou em casa, as reações a uma crítica invariavelmente envolvem sentimentos pouco nobres. A verdade é que poucos conseguem ver o lado bom dessa valiosa ferramenta social sem antes ter de sublimar, a duras penas, a raiva e o rancor. A aversão a uma avaliação desfavorável é tamanha que, nas empresas, por exemplo, ela ganhou curiosos eufemismos como “feedback negativo”.

“Um dos grandes problemas da crítica é que, frequentemente, quem está na posição de fazê-la não sabe fazer direito”, explica a psiquiatra canadense Ilona Jerabek, especializada em comportamento humano e relações de trabalho. No ambiente corporativo, chefes costumam abusar do poder a eles atribuído, além de misturar diferenças pessoais com profissionais. Em casa, frustrações acumuladas se manifestam por meio de críticas excessivamente duras e muitas vezes desnecessárias.

“Mas como não podemos mudar os outros, temos que mudar a nós mesmos para aprender a tirar o que há de bom nisso”, afirma Ilona. E há muito o que mudar. Um estudo conduzido pela equipe do instituto canadense PsychTests com três mil pessoas no primeiro trimestre de 2011 mostrou o quão despreparados estamos para lidar com as críticas que recebemos no dia a dia. Um dos dados mais reveladores é o de que incríveis 66% dos participantes admitiram que remoem o “feedback negativo” sem necessariamente mudar de comportamento ou conversar com quem deu o puxão de orelha.

Mais: 14% acham que quem critica o faz por inveja ou raiva; 29% acham que os comentários são feitos com o intuito de lesar e não ajudar. Trinta e quatro por cento perdem a motivação para trabalhar quando são avaliados desfavoravelmente e 41% já entraram em grandes discussões após ser censurado pelo menos uma vez. A crítica acaba, assim, caindo em uma espécie de limbo, onde não é aproveitada por ninguém. “Pelo contrário, ela só acirra animosidades e compromete o rendimento das relações, sejam elas profissionais, sejam pessoais”, diz Ilona.

Mas sair desse ciclo vicioso não é impossível. O carioca Júlio Thompson, 37 anos, conseguiu. Responsável pelo treinamento de novos funcionários de uma rede de franquias, ele tinha dificuldade para aceitar as críticas de seus superiores quando começou a trabalhar na empresa, em 2006. “Eu era muito ansioso e temia as avaliações negativas”, diz. “Quando elas vinham, ficava na defensiva e reagia mal, achando que eram pessoais”, admite. Com o tempo, porém, foi ganhando segurança e maturidade e passou a encarar os comentários como oportunidades de melhorar. Depois de promovido, Thompson também reaprendeu a fazer críticas construtivas e aproveitáveis para seus subalternos.

“Ninguém quer ter um funcionário em cargo de chefia que tem fama de destruir seu colaborador”, diz Julyana Felícia, psicóloga pós-graduada em administração de empresas e gerente de recursos humanos. “Um supervisor desses é um desastre para todos, principalmente para a companhia.” E quando a crítica vem de quem está hierarquicamente abaixo? A mesma pesquisa mostrou que um em cada cinco chefes não aceita “feedbacks negativos” de seus subalternos. Até os gerentes já mostram dificuldade nessa área. “Funcionários insatisfeitos tendem a comiserar entre si e o pequeno incômodo logo cresce, como uma bola de neve”, alerta Ilona.

Fazendo eco ao mantra de muitos consultores de empresa, a canadense repete que muitos talentos se demitem do chefe, e não da empresa. “Até a mais dura das críticas pode e deve ser aproveitada”, explica o neurocientista especializado em comportamento Marcello Árias Dias Danucalov. “Na pior das hipóteses, ela expõe ao avaliado as intenções de quem fez o comentário”, diz. E você, acha que sabe lidar bem com as críticas? Faça o teste abaixo criado especialmente para a ISTOÉ pela PsychTests e descubra em qual perfil você se enquadra.



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