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14 de nov. de 2011

Livres, moradores da Rocinha jogam bilhetes com informações à polícia

Reação favorável à presença das forças de segurança anima agentes e ajuda a localizar paióis com armas e esconderijos de drogas


Foto: Raphael Gomide
Roupas camufladas apreendidas pelo Bope em casa eram usadas em posto de observação
As apreensões de armas, drogas e munições feitas pela polícia do Rio estão contando com um aliado especial: o morador da Rocinha, agora livre, mas ainda cauteloso.
A receptividade dos habitantes da comunidade nesses dois primeiros dias de ocupação está chamando a atenção de policiais experientes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), acostumados a outras ações de ocupação, em que a reação dos moradores não foi tão favorável aos “libertadores”.
Agentes contaram ao iG que moradores jogam discretamente bilhetes com informações sobre esconderijos de armas e drogas no chão da rua diante dos policiais em progressão pelas vias estreitas da favela da zona sul do Rio. Outros ousam um pouco mais e entregam os papéis nas mãos dos PMs. Porém, por enquanto ainda são raríssimos os que dão informações abertamente aos policiais - permanece o temor de represálias.
“Os moradores estão ajudando muito e isso é extremamente importante. Ainda há um pouco de preocupação, porque têm medo de que a gente vá sair. Mas não vamos sair e vamos pegar tudo o que está lá”, disse um praça do Bope.
Em outras comunidades, esse tipo de reação não aconteceu mesmo depois de mais de dois anos de ocupação, caso da Cidade de Deus – uma das UPPs pioneiras –, onde PMs até hoje reclamam da resistência de muitos moradores. Frequentemente, há confusões envolvendo habitantes locais e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora.
Foto: Hudson Pontes / Agência O GloboAmpliar
Viaturas policiais estacionadas em frente à sede da UPP atacada por vândalos, em setembro
Já foram apreendidos mais de 20 fuzis e metralhadoras, ao menos duas carabinas, 16 mil cartuchos de fuzis e pistolas, pistolas e revólveres e 300 quilos de drogas, além de centrais clandestinas de TV a cabo e máquinas de caça-níqueis.
No início desta tarde, uma guarnição do Bope localizou uma casa no alto da Rocinha, próxima à mata, na localidade conhecida como Laboriaux, onde havia um “posto de observação” de traficantes com vista para boa parte da favela. Os PMs coletaram três capas e calças camufladas, seis pares de coturnos e sacos de dormir. Misturados ao mato, os traficantes observavam a movimentação na favela.
A polícia atribui aos moradores boa parte das informações que levaram os agentes a encontrar as armas e drogas já arrecadadas na “Operação Choque de Paz”.