POR Emanuel Edson |
Saudades de minha infância,
De correr nos tabuleiros,
Dos galhos do marmeleiro,
Fiz as minhas baladeiras.
O dia amanhecia beijando o pé da mangueira,
As velhas vacas leiteiras,
E os garrotes nos currais,
Lá no sítio dos meus pais,
Em meus tempos de guri.
Nos lajedos os calangos,
Rodeados de Facheiros,
Na branca flor de um cardeiro,
Beijava um colibri.
Meu velho pai afobado,
Montado em seu azulão,
Cortava o barro rachado,
Chapéu de couro e gibão.
Recordo de minha avó,
Sentada em um tamborete,
Fazendo um longo filete,
De linhas de algodão.
Nas tardes de amplidão,
Ouviam-se os Bem-te-vis,
Não muito longe dali,
Também cantava um Cancão.
Enquanto o mundo for mundo,
Nasço, cresço e morro aqui,
No berço do cariri,
O coração do Sertão.