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25 de mar. de 2013

Curimataú e Seridó paraibano: Sisal em fase de extinção pede socorro.


Caso não ocorra uma ação incisiva dos governos Federal e do Estado para estimular os agricultores Paraibanos a promoverem a renovação do plantio, a cultura do sisal no Estado fatalmente chegará à extinção dentro de no máximo três anos. Esta é a conclusão da Associação dos Produtores de Sisal da Paraíba através de pesquisa durante o mês de fevereiro deste ano.

O sisal começa a ser cultivado três anos depois de plantado e produz durante dez anos, no máximo. A partir dessa idade, a planta entra em decadência e morre, daí a necessidade da renovação. Na Paraiba, 86% da plantação está com idade superior a oito anos, entrando na fase final do ciclo produtivo, de acordo com pesquisa feita pela APROSISAL-PB, após ouvir cultivadores (aplicou 100 questionários) nos municípios de Picui, Pocinhos, Barra de Santa Rosa, Cuite e Nova Floresta, principais produtores de sisal do Estado.

Nesses cinco municípios, apenas 1% do plantio estão sendo renovados e 12% entraram em fase de produção. Na opinião de técnicos da APROSISAL, a falta de renovação na plantação em todo o Estado está diretamente atrelada à atual forma de comercialização do produto, cuja cadeia de venda destina maior quinhão de valor do produto aos intermediários. Um quilo de sisal chega ao ponto final de venda custando R$ 1,50, mas nas mãos do produtor ficam apenas R$ 0,90.

O economista, que fez o trabalho de mestrado sob orientação do pesquisador e professor (PhD.) Cezar Ernesto Detoni, entende que a Paraíba e a Bahia principais produtores do nordeste deve promover uma revisão profunda no seu processo de comercialização do produto, caso pretenda manter a cultura do sisal.

"Um novo processo de comercialização, que encontre uma forma de estimular o pequeno, médio e grande produtores a continuarem a plantar sisal", defende, citando que o produtor recebe R$ 0,90 kg/fibra, o que representa apenas 27% do preço mínimo (bruto) garantido pelo governo.


RISCOS – As pesquisas sobre a sustentabilidade agroecológica do sisal apontaram crescimento no mercado internacional no uso de fibras naturais, forçado pelos programas de defesa do meio ambiente, principalmente na indústria automobilística, que já utiliza cerca de 13 kg de fibras naturais por unidade fabricada. Salles adverte que não ocorrendo o replantio da cultura, o Brasil fatalmente perderá a posição de maior produtor mundial para países africanos.

A Paraíba que já contribuiu com 90% da Produção nacional, hoje participa apenas com 3%, enquanto a Bahia é responsável por 97% da produção nacional

Os questionários que aplicados nos cinco municípios apontam que o processo de decadência do sisal afeta em maior proporção os produtores de médio e grande portes. Os pequenos, que representam 70% do total – com 1.050 produtores em números absolutos nos cinco municípios –, de acordo com a APROSISAL, são afetados em escala menor, haja vista que a renda com a venda do sisal é de apenas 42% para eles.

"A partir dos benefícios obtidos com a aposentadoria rural, que representam 37% da renda do pequeno produtor, aliados à falta de incentivos, a conclusão a que chegamos é que ele pouco se interessa com a continuidade do plantio ou replantio do sisal", diz Francisco Salles, acrescentando que a receita total para os que cultivam áreas até 10 hectares, a cultura do sisal é, quantitativamente, bastante representativa, com ocupação de 71% da área, mas, na composição da renda, representa menos de 30%. Para o médio produtor, a renda com o sisal representa 54% dos seus ganhos e para o grande, 65%.

Em seu trabalho, A APROSISAL traça o perfil nos campos de sisal dos cinco municípios, mostrando que entre os produtores possuidores de áreas com média de 20 hectares, 36% são analfabetos, com idade média de 57 anos, e que não tem ocorrido a entrada de jovens na posse da terra para o cultivo do sisal. Ele defende a renovação do plantio de sisal, a assistência técnica e a capacitação dos produtores, que estão sem investir em tecnologia. "A maioria deles está com maquinários e processo de produção completamente obsoletos", diz.

Se não houver uma intervenção dos governos federal e estadual na revitalização do sisal urgente, estaremos próximos a presenciar a extinção de uma cultura que nos dias atuais ainda é responsável pela sobrevivência de 10 mil pessoas que sobrevivem direta e indiretamente do sisal, considerado nos anos 70 "O ouro verde da Paraíba".

CAMINHOS DO SISAL – A cultura do sisal começou no Brasil na década de 40, e até a década de 50 quem liderava o plantio era o Estado da Paraíba, com 90% da produção brasileira, enquanto a Bahia aparecia com percentual ainda insignificante. Mas com o passar dos anos o quadro foi se invertendo e hoje a Bahia detém 97% da produção.

Atualmente a produção mundial de sisal é de 350 mil toneladas, das quais o Brasil contribui com 44% desse total e coloca o País como o maior produtor da fibra. Em números absolutos a produção baiana é de 300 mil toneladas anual.

APROSISAL