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29 de mar. de 2013

Maior estudo feito sobre câncer associa doença a falhas no DNA

Todo mundo herda alterações no
DNA, mas se estas mutações são
perigosas ou não depende de onde
está o erro no código genético

A maior varredura já feita sobre o genoma humano para identificar falhas no DNA que possam causar câncer identificou mais de 80 minúsculas mutações, uma descoberta que poderá ajudar as pessoas com elevado risco de desenvolver a doença, afirmaram cientistas nesta quarta-feira.

Os resultados, que dobram o número de alterações genéticas conhecidas associadas aos cânceres de mama, ovário e próstata, foram divulgados em doze artigos científicos publicados em periódicos especializados da Europa e dos Estados Unidos.

Os três cânceres relacionados com hormônios são diagnosticados anualmente em mais de 2,5 milhões de pessoas e matam um em cada três pacientes, reportou a revista científica Nature em um comunicado.

Equipes de cientistas de mais de 100 institutos de pesquisas de Europa, Ásia, Austrália e Estados Unidos informaram que o trabalho deverá, no futuro, ajudar os médicos a calcular o risco individual de se desenvolver câncer muito antes do surgimento de qualquer sintoma.

Pessoas com mutações de alta suscetibilidade poderiam ser aconselhadas a evitar estilos de vida que poderiam aumentar ainda mais o risco de virem a desenvolver a doença, se submeter a exames regulares e receber medicamentos ou até mesmo se submeter a cirurgias preventivas.

"Nós examinamos 200 mil áreas do genoma em 250 mil indivíduos. Não há (outro) estudo sobre o câncer deste tamanho", declarou à AFP Per Hall, coordenador do Estudo Colaborativo Oncológico Genético-ambiental (COGS).

Os estudos compararam os códigos genéticos de mais de 100 mil pacientes com cânceres de mama, ovário e próstata aos DNAs de um número igual de indivíduos saudáveis. A maioria das pessoas pesquisadas tinha origem europeia.

O DNA, também chamado de código da vida, compreende quatro elementos químicos básicos, denominados A (adenina), C (citosina), T (timina) e G (guanina), unidos em diferentes combinações ao longo de sua dupla hélice.

Os cientistas observaram que as combinações de A, C, T e G de indivíduos com câncer diferiam de forma significativa das de pessoas saudáveis.

Eles buscavam um minúsculo "erro de soletração" no código, denominado poliformismo de nucleotídeo único(ou SNP), que pode causar problemas na função dos genes.

No caso do câncer de mama, os cientistas encontraram 49 SNPs, "o que é mais que o dobro do número encontrado anteriormente", anunciou o sueco Instituto Karolinska, que participou do gigantesco estudo.

"No caso do câncer de próstata, os pesquisadores descobriram outros 26 desvios, o que significa que um total de 78 SNPs podem estar ligados à doença", acrescentou.

No câncer de ovário, oito novos SNPs foram encontrados.

Todo mundo herda alterações no DNA, mas se estas mutações são perigosas ou não depende de onde está o erro no código genético. Além disso, ser portador de uma mutação não significa necessariamente que a pessoa vai desenvolver câncer, uma doença que pode ter múltiplas causas.

Os cientistas afirmaram que mais estudos são necessários para permitir traduzir esses indícios genéticos em testes para prever o risco de câncer. Um objetivo mais distante é usar este conhecimento para desenvolver tratamentos mais eficazes.

"Uma vez que há muitos outros fatores que influem no risco destes cânceres (sobretudo fatores associados ao estilo de vida), exames futuros precisam levar em consideração mais fatores de risco do que apenas os genes", acrescentou Hall.

"Precisaremos de uns dois antes de termos os modelos necessários que nos habilitem a prever, com precisão elevada, o risco individual destes cânceres", emendou.

As descobertas foram publicadas nas revistas Nature Genetics e Nature Communications, PLOS Genetics, The American Journal of Human Genetics e Human Molecular Genetics.