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23 de abr. de 2013

BEBÊS: Como ajudar seu bebê a superar as reações adversas das vacinas

A técnica dos "5 S", que imitam as condições do útero materno, podem ajudar a acalmar o bebê



Para alguns pais chega a ser um pesadelo a visita periódica à clínica de vacinação ou ao posto de saúde. Aquele bebê tão bonzinho fica choroso, dorme mal, tem febre depois da picada necessária para evitar várias doenças. São os sintomas adversos à vacina, chamados, popularmente, de reações.

"Todas as vacinas têm potencial para causar reação adversa. As mais comuns são as reações locais, como vermelhidão e uma parte durinha na pele no local da injeção. E há também as reações sistêmicas, como febre, dor e irritabilidade", afirma o pediatra Ricardo Morando, do Hospital e Maternidade Rede D´Or São Luiz, em São Paulo.

Todo pai tem aquela sensação de "dói bem mais em mim" e quer fazer algo para minimizar o desconforto do bebê. A técnica dos "5 S" –desenvolvida pelo pediatra britânico Harvey Kemp e muito popular nos Estados Unidos– demonstrou-se bastante eficiente no caso de bebês de zero a três meses, segundo estudo realizado com 230 crianças por pesquisadores da Escola de Medicina de Eastern Virginia, nos Estados Unidos, divulgado no ano passado. "A técnica consiste em imitar as condições que existiam no útero materno para tentar acalmar o bebê", diz a pediatra Mariana Nudelman, do Hospital Israelita Albert Einstein, também na capital paulista.



Os "5 S" vêm do inglês e consistem em:

"Swading": enrolar o bebê bem apertadinho da mesma forma que ele estava dentro da barriga. "É preciso tomar cuidado para não comprimir a área dolorida por causa da vacina", fala Mariana Nudelman;

"Side/stomach position": deixar o bebê deitado sobre o braço ou no colo com a barriga virada para baixo;

"Swinging": com a criança no colo, fazer um leve balanço. No útero, o bebê estava acostumado com o sacolejo causado pela movimentação da mãe;

"Sushing": carregando o bebê no colo, o adulto emite um chiado tipo "shiiiii", bem baixinho. "É um som que, instintivamente, fazemos perto do ouvido do nenê para acalmá-lo, uma reprodução do que ele ouvia na barriga", declara a pediatra e neonatologista Yukimi Takanaca de Decco, de São Paulo;

"Sucking": o ato de sugar acalma os bebês. "O ideal é dar o peito. A chupeta só pode ser usada com segurança, sem atrapalhar a amamentação, após a quarta semana de vida", diz Ricardo Morando. Se o peito for oferecido logo após a vacina, também ajuda a aumentar a sensação de conforto e segurança.

Para aliviar o desconforto do bebê, os pais podem repetir esses atos em vários momentos do dia, sempre que sentir que o filho está incomodado, com dor ou mal-estar. "Muitos pediatras costumam indicar o uso de analgésicos ou antitérmicos antes ou imediatamente depois da vacinação, mas isso é um erro. Os estudos demonstram que o uso de analgésico à base de paracetamol diminui a efetividade da vacina", declara a pediatra Lilian Zaboto, membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

De acordo com a especialista, a orientação atual é utilizar antitérmicos ou analgésicos apenas no caso de febre ou irritabilidade persistente após a administração da vacina.


As principais reações
As principais reações provocadas pelas vacinas são febre, dor, edema no local e cólicas, no caso da vacina contra o rotavírus (que provoca diarreias fortes e desidratação). "Mais raramente, a criança pode apresentar sintomas neurológicos, como convulsão, principalmente no caso da vacina contra a coqueluche", diz a pediatra Lilian Zabotto.

De modo geral, os sintomas costumam aparecer em até 48 horas após a vacina. Se forem persistentes, durando mais de dois dias, devem ser comunicados ao pediatra. Mas há algumas exceções. A BCG, contra a tuberculose, provoca reação local entre 15 e 30 dias após sua administração. Inicialmente forma-se um edema ou vermelhidão local, seguida da formação de pus e crosta na área. "Essas reações demonstram a efetividade da vacina. A orientação é apenas lavar a região com água e sabão neutro", fala Lilian.

Praticamente todas as vacinas têm potencial para causar reação. Mas algumas afetam o bebê com maior intensidade. É o caso, por exemplo, da tríplice viral, aplicada aos 12 meses para proteger contra sarampo, caxumba e rubéola.

Existem duas variações dessa vacina, uma dada no posto de saúde e outra em clínicas particulares. Do ponto de vista da eficiência, são absolutamente iguais. Só que a aplicada nos postos é feita com células inteiras dos micro-organismos causadores das doenças, enquanto as utilizadas pelas clínicas são acelulares, usam uma técnica diferente. "As versões preparadas com células inteiras têm um maior potencial de reação", declara Lilian Zabotto.

Outras vacinas chatinhas são a tríplice bacteriana, usada para defesa contra o tétano, difteria e coqueluche, e a da gripe, que pode ser aplicada em bebês após os seis meses de vida. "Mas devemos lembrar que a reação não atinge todas as crianças, para algumas, a aplicação passa quase que desapercebida", diz Yukimi Takanaca de Decco.


Mulher Uol