Analgésicos à venda nos EUA que contenham o princípio ativo acetaminofeno (paracetamol), como o Tylenol, deverão incluir na bula um aviso de que os remédios podem causar problemas graves de pele, como a síndrome de Stevens-Johnson.
A síndrome ataca a pele e as mucosas, causando bolhas e urticária. Além de cicatrizes, o problema pode levar a mudanças na pigmentação da pele, cegueira e danos a órgãos internos. A doença, no entanto, é muito rara. A incidência é de 7,1 casos por milhão de pessoas.
"Essa informação nova não tem o objetivo de preocupar os consumidores e os profissionais de saúde nem de encorajá-los a mudar de medicação", informou em comunicado a médica Sharon Hertz, vice-diretora da divisão de anestesia, analgesia e dependência da FDA (agência reguladora de medicamentos nos EUA).
"No entanto, é importante que as pessoas reconheçam e reajam rapidamente aos sintomas iniciais dessas doenças raras mas graves, potencialmente fatais."
De acordo com o toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP, pessoas com histórico de alergias devem ficar especialmente atentas a sintomas após usar remédios que possam desencadear esses problemas de pele.
"Se a pessoa ficar com alguma lesão na boca ou bolhas na pele, deve parar com o remédio imediatamente e procurar um médico."
Wong afirma que o problema acontece especialmente em pessoas com predisposição genética. O problema é que não dá para saber de antemão quem vai ter a reação.
Outros analgésicos, como a dipirona, e anti-inflamatórios, como o ibuprofeno, já trazem na bula a advertência sobre o risco da síndrome de Stevens-Johnson. Antibióticos e antipsicóticos também desencadeiam o problema.
Procurada, a Janssen-Cilag, que fabrica o Tylenol no Brasil, não se pronunciou até a conclusão desta edição.
Folha de São Paulo