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13 de set. de 2013

Morte do músico Champignon está ligado à problemas financeiros. Conheça o patrimônio do músico e a briga pela herança

Fortuna do ex-baixista do Charlie Brown Jr só pode ser usada após nascimento do segundo filho

Mergulhado em dívidas e ações na Justiça, o baixista Champignon, 35, morto na última segunda-feira (9) por suspeita de suicídio, terá sua herança revertida para pagar credores.
Ele estava devendo pensão e prestações do carro, além de ser alvo de dez processos na Justiça. O que sobrar deve ser dividido entre a mulher e os filhos. Porém, a quantia só poderá ser partilhada após o nascimento do segundo filho do músico. 
Encontrado em seu apartamento com um tiro na cabeça, Champignon deixou viúva Claudia Campos, grávida de cinco meses. Ela estava no apartamento do músico na hora do disparo e, após sua morte, entrou em estado de choque. Ao lado das filhas do roqueiro, ela deve ser uma das herdeiras de seu patrimônio.
Se a cerimônia ocorreu com separação de bens, o cônjuge sobrevivente (no caso, Claudia) não teria direito à divisão nem à herança. Assim, o patrimônio seria dividido apenas entre os dois filhos. Longe da família, a herança do músico será usada para saldar as dívidas que ele contraiu em vida. Entenda melhor a seguir.
Segundo levantamento do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), o músico Champignon aparece em dez ações em fóruns das cidades de São Paulo, São Vicente e Santos (litoral sul de São Paulo). Duas delas são de 2006, quando o ex-baixista brigou com Chorão e saiu da banda Charlie Brown Jr: uma de R$ 650 mil contra o próprio Chorão e outra de R$ 100 mil contra a banda, para que o grupo não usasse a imagem de Champignon.
Entre as demais ações estão ainda a devolução de um carro no valor de R$ 64.852,14, pedida pelo Banco Continental, e a reintegração e manutenção de posse de um imóvel no valor de R$ 240 mil à época, pedida pelo Banco Matone S/A. Localizado em Perdizes, o apartamento de 103 m² e duas vagas acabou indo para leilão no mesmo ano, por decisão judicial.
Não bastassem esses problemas, o roqueiro ainda tinha processos de pensão. Na Vara da Família de São Vicente, existem duas ações com valores de R$ 1.000 e R$ 11.160 movidas pela ex-mulher Nicole Lanzuolo, com quem o músico teve sua primeira filha, Luiza, de oito anos.
De acordo com Nelson Shikicima, todas as dívidas que Champignon contraiu em vida, como o carro e as pensões não pagas, não serão esquecidas com sua morte. Pelo contrário, elas vão para espólio, ou seja, serão deduzidas do (pequeno) patrimônio deixado pelo cantor.
Não por acaso, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, afirmou a uma emissora de TV que um dos motivos da discussão de Champignon com sua mulher, pouco antes do suicídio, eram problemas financeiros.
Durante o velório do músico, na última segunda-feira (9), a empresária de Champignon, Samantha Jesus, também afirmou que ele estava passando por problemas financeiros.
— Mas isso não seria motivo para suicídio. Nós fomos totalmente surpreendidos, ninguém esperava por isso.
Samantha conta ainda que, apesar dos problemas financeiros, o músico estava com uma boa perspectiva profissional e com a agenda cheia de shows com a banda A Banca.
— A banda tinha contrato com a gravadora Som Livre e shows marcados até o fim do ano.
E quais são os bens do músico? Nascido em Santos (litoral sul de São Paulo), Champignon morava com a mulher num apartamento no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo, com unidades de 76 m² e 150 m² (cobertura) e condomínio no valor de R$ 570. Veja na próxima foto mais detalhes do imóvel.
Apesar de ser um roqueiro conhecido, Champignon tinha uma vida típica de classe média e morava num apartamento de 76 m², avaliado em cerca de R$ 350 mil de acordo com pesquisas em sites de imóveis, na rua Doutor Luiz Migliano, região menos nobre do Morumbi.
Além do apartamento na zona sul de São Paulo, Champignon também deixou de herança um carro aos filhos e à mulher. Fã de automóveis, o músico costumava postar fotos nas redes sociais dirigindo carros antigos. O seu carro, por sinal, não passava de um modelo popular.
De acordo com o Boletim de Ocorrência sobre a morte do músico, Champignon era proprietário de um Gol 2007, modelo de entrada da montadora Volkswagen. O preço do modelo usado, de acordo com pesquisa na Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), é de R$ 16 mil.
Além do apartamento e do carro, os herdeiros de Champignon poderão contar com uma parte dos direitos autorais do Charlie Brown Jr, que vendeu 5 milhões de cópias entre CDs e DVDs em 11 álbuns ao longo da carreira. A banda, que já ganhou discos de ouro e platina, figurou na lista dos 20 mais vendidos do País da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos) com o Acústico MTV, de 2003.
A morte de um artista, normalmente, aumenta a procura por seu trabalho. O cantor Renato Russo, por exemplo, gera a seu único filho, em média, uma renda anual de R$ 6 milhões, estimam especialistas. Saiba mais sobre o cálculo que define o valor revertido às famílias nos próximos cliques.
Para os herdeiros de Champignon receberem a grana, não é  preciso vender mais CDs de suas bandas. Basta que a música das quais participou toque nas rádios, TVs, festas... De acordo com o Código Civil Brasileiro, o valor de direitos autorais obtidos por meio da execução pública da música é direcionado aos herdeiros do artista, que tem sua obra protegida por 70 anos após sua morte.
Porém, o advogado Durval Pace, especialista no tema, alerta para o fato de que o destino da grana depende do contrato feito quando o artista estava vivo, ou seja, ela pode ir tanto para os herdeiros (filhos e, eventualmente, ex-mulher), como para os outros membros da banda e até para a gravadora.
Depender da grana dos direitos autorais, porém, nem sempre é uma boa ideia. No ano passado, Renato Rocha, ex-baixista da banda Legião Urbana, foi encontrado pela Rede Record morando nas ruas do Rio de Janeiro. Ele afirmou estar sem teto há cinco anos. Na ocasião, ele reclamou da (pouca) grana recebida de direitos autorais. Em resposta, o ECAD declarou à época que o músico ganhou nos últimos dez anos quase R$ 110 mil, ou cerca de R$ 900 por mês.
R7