Roberto Solon de Vasconcelos |
Depois de
publicada uma matéria no vozdepedra.com
sobre o uso de rede social por figuras públicas para expor opiniões de cunho
sexual e emocional, uma discussão acalorada tomou conta do facebook de muitos
lavradenses. Como a matéria não trazia nenhum tema textualmente relevante – por
se tratar de uma pessoa conhecidamente não relevante – e, pelo nível
intelectual sofrível de alguns de seus “advogados” que, talvez por falta de
domínio de umas 20 palavras da Língua Portuguesa, usam apenas palavras chulas e
de baixo calão para tentar desqualificar este escriba amador que vos fala,
resolvi retira-la do blog. Contudo, após
uma reflexão tendo em vista os meus valores morais e meus parcos conhecimentos
históricos, tentarei fazer algumas observações sobre os temas lá propostos: os
explícitos e implícitos.
O que
podemos inicialmente observar é que as pessoas que usam o facebook não entendem
que a rede social não é propriedade do usuário que usa seus serviços e
tecnologias. Também é de fácil percepção que grande parte das pessoas que mantém
um perfil social na internet não entende que eles não são proprietários dos
conteúdos lá disponibilizados. A empresa que presta o serviço gratuitamente é
estabelecida nos Estados Unidos da América e pede que todos leiam e aceite “os termos
de serviço”. Onde são completamente ignorados por muitos dos internautas. Fiquem
sabendo que “NÃO HÁ VIDA PRIVADA NO
FACEBOOK”! Ao publicar lá, abre-se mão de sua individualidade. “É tanto,
que existem as opções de “curtir”, “comentar” e “COMPARTILHAR”. Se uma pessoa que manter sua vida privada à salvo do
conhecimento de todos que usam internet, então recomendo ficar longe do Orkut,
facebook, twitter, instagram entre tantos.
Deixando um
pouco as regras da NETIQUETA de lado, percebi que os comentários jocosos e
desqualificados tinham um ranço de preconceito muito fortemente mantido pela
sociedade contemporânea. E, por mais que se queira cair na tentação de se
pensar superficialmente e dentro do conforto intelectual de cada um, podemos
perceber o quão de preconceito ainda há contra as mulheres na sociedade contemporânea.
Tomemos, por
exemplo, a frase publicada no facebook.
“Uma mulher que não gosta de sexo ela
só pode ter um problema ou...”
Não é de
hoje que o sexo feminino é vitimado pela estupidez dos homens. A História é
cheia de casos onde mulheres independentes, fortes, inteligentes e a frente de
seu tempo são trucidadas com conveniências sociais estabelecidas pelo sexismo
masculino.
Começaremos,
portanto, pela Bíblia que diz ser pecado “desejar a mulher do próximo”. Não havendo nenhuma restrição para se desejar
o “homem da próxima”. Para continuar a citar o quão depreciada a imagem da
mulher era e ainda é, uma das passagens mais conhecidas do Novo Testamento diz
que Jesus salvou uma mulher da morte por APEDREJAMENTO ao dizer: “Quem não
tiver pecado, que atire a primeira pedra"(João 8,7). Também, neste caso, não há referência à pena
capital aplicada ao homem pego em adultério. Entendo que o contexto era de uma
sociedade patriarcal e muito distante das conquistas atuais, todavia, esse
comportamento violento dos homens para com as mulheres é uma rotina na história
da humanidade.
A vida nunca foi fácil
para o sexo feminino. Daremos um salto temporal e vamos agora para a Idade
Média onde a chamada “Santa Inquisição” perseguiu e queimou na fogueira muitas
mulheres acusadas –vejam só- de bruxaria e de terem ligação com o “diabo”.
Interessante é que mais uma vez a figura feminina é ligada, por vontade dos
homens, ao mal. Não se houve falar de bruxos queimados nas fogueiras. Quando se
analisa o histórico de vida da maioria das mulheres queimadas vivas, percebe-se
que elas eram mulheres mais inteligentes que a média e bastante independentes
para o contexto da época. Onde dominavam conhecimentos sobre plantas medicinais,
tratamentos de saúde ou, simplesmente, queriam ser livres...
Agora, vejamos o caso de
Joana d’Arc: a jovem francesa que ajudou a por fim a uma guerra de cem anos
onde, para poder lutar vestia-se de homem - pois até para ir morrer em batalha
era proibido. Seu tino militar fez com que a França conseguisse vencer a peleja
e Joana recebeu como “presente” a morte na fogueira. Pois a mesma dizia “ouvir
vozes” e isso era o suficiente para uma heroína ser assassinada de forma tão
terrível. Após alguns séculos de seu assassinato o Vaticano resolveu
santificá-la e hoje a mulher que fora feita de tocha humana é chamada de Santa
Joana D´Arc.
Viajando um pouco mais no
tempo e considerando o que os homens chamam de homenagem às mulheres, observemos,
portanto, o chamado “Dia Internacional da Mulher”. O que, em verdade é o
aniversário de morte de 146 mulheres que também foram queimadas vivas devido as
terríveis condições de trabalho no início dos anos 1900 nas fábricas dos
Estados Unidos da América. – ERAM TODAS COSTUREIRAS. Percebam, porém, que a
data esta mais para uma lembrança fúnebre do que para um dia de efetivo júbilo.
Mas, como as mulheres fortes tendem a
desorganizar o pensamento linear dos machos da espécie humana: - queimemo-las.
Não sei se é do
conhecimento de todos, mas aqui no Nordeste do Brasil, até a década de 1950 se
uma moça fosse abusada e estuprada nas zonas rurais – como era comum os
cangaceiros o fazerem-, ela tinha dois destinos: ser assassinada a facadas - as
vezes pelo próprio pai para não ter moça perdida em casa- e se tivesse ‘sorte,’ entregue a um bordel –
em nossa região conhecido como cabaré – para servir de prostituta a fórceps. - Difícil
escolher o destino mais desolador.
Essa reflexão histórica é
necessária para entender comportamentos hoje tão enraizados em nossos costumes
que por vezes nem os percebemos.
O cyberbullying (AQUI) é hoje uma
praga que se espalha nas redes sociais, dando dimensões gigantescas a coisas
que eram presentes apenas na intimidade da pessoas. Tem gente que pensa que
internet é uma “coisa apartada do mundo real” onde tudo é possível e, em grande
parte, as maiores vítimas (as mulheres) desses comportamentos descritos anteriormente neste
texto, se repetem no chamado mundo virtual.
Já foi devidamente
noticiado e espalhado de celular em celular, uma moça que aparece fazendo sexo
com um rapaz de Soledade-PB em um vídeo. O interessante é que o rapaz é tido
como pegador e a jovem chamada carinhosamente de “puta”. Até parece que a
relação sexual não é feita por um homem e uma mulher.
Estranho ver ainda, que boa parte das próprias mulheres, ao saberem que outra mulher teria “traído” um marido e, se é solteira e tem vários parceiros sexuais e não faz questão de esconder da sociedade dos “puros e puras”, são exasperadamente execradas nos tribunais de calçadas. Não importando, porém, se a mesma cuida bem dos filhos, se paga suas contas em dia, se respeita os mais velhos e vizinhos, se é cordata, se nutre respeito aos pais e familiares, se é obediente às leis e etc.
Mulheres que escolhem ter
uma vida sexual mais ativa e com vários parceiros são chamadas de puta,
rapariga, quenga, vagabunda, vadia, nojenta,...
Já o homem promíscuo é chamado
de pegador, esperto, namorador, desenrolado, o moral, gostoso ...
Homens fracos em relação a mulheres fortes: matam, estupram, queimam, apedrejam, denigrem e
usam rede social para tentar constranger e intimidar e, as tratam como um
“puxadinho” da casa onde se jogam as coisas que julgam menos importantes.
Homens fortes fazem parcerias com mulheres fortes. Parcerias sexual,
sentimental, emocional, moral, financeira e de respeito mútuos.
O homem forte sabe que a
condição de mãe não suprime a condição de mulher que sente desejos e precisam
ser devidamente atendidos.
Mesmo dito isto afirmo
que na minha casa as últimas palavras são sempre as minhas: - SIM SENHORA!
Pois a mulher é dança. É
a purificação sensual da cadência.