Na Paraíba a quantidade de homens infectados com o HIV é maior que a das mulheres, ao contrário do resto do país, de acordo com dados da secretaria estadual de saúde. Na maioria das vezes, afirma a infectologista Nilma Porto, a contaminação está ligada à falta de prevenção. Em 2013, foram registrados 334 diagnósticos, sendo 228 homens e 106 mulheres.
O aposentado Edson dos Santos é portador do HIV há 14 anos e descobriu que estava doente quando surgiram tumores nas axilas. “Eu era doador assíduo do hemocentro e quando percebi isso, fui fazer o teste e deu HIV positivo. Até hoje eu me trato, há 14 anos. Tenho 45 anos e é muito complicado, é um tratamento diário e tem que trabalhar muito a questão psicológica, que é um fator muito forte na questão da AIDS”, afirma.
Alcides da Silva também é aposentado e descobriu a doença há 20 anos. Ele mora em Catolé do Rocha e vem a João Pessoa para fazer o tratamento. “Naquela hora eu achei que talvez não durasse mais nem uma semana. Aí comecei a contar o tempo que estava passando por semana, depois por meses, depois por anos, e aí comecei a contar por Copas, acho que já estou na quinta copa”, comemora Alcides.
De acordo com a infectologista Nilma Porto do Hospital Clementino Fraga, o aumento de casos é preocupante. “É uma doença que as pessoas sabem que existe, sabem a forma de transmissão, sabem como evitar e no entanto o número aumenta. Uma boa parte ainda chega ao hospital com a doença avançada, porque esteve em outros hospitais e não conseguiu um diagnóstico adequado, então alguém resolve fazer o exame para HIV, dá positivo, e encaminha esse paciente para nós, porque nós somos o único hospital estadual que faz internamento de pacientes com HIV”, explica a infectologista.
Os pacientes são atendidos também nos hospitais universitários de João Pessoa e Campina Grande e, ainda de acordo com a médica Nilma Porto, o vírus se comporta de forma diferente em cada organismo. “Não existem mais grupos de risco, toda pessoa que tem vida sexual ativa está propícia a se contaminar com o vírus”, afirma.
Os pacientes ainda podem contar com casas de apoio como a Casa de Convivência João Paulo II, nas dependências do Hospital Padre Zé, administrada pela Arquidiocese da Paraíba. De acordo com Goretti Rolim, coordenadora da casa, são atendidas 200 pessoas por mês, que são divididas em nove grupos para trabalhar temáticas ligadas à questão da saúde e recebem atendimento psicológico.
Além disso, a casa oferece café da manhã e almoço diário, uma ajuda alimentar mensal, orientam sobre benefícios e encaminham os pacientes para a defensoria pública, acompanham processos e ainda dá apoio espiritual.