6 de mai. de 2011

Juventude e Violência: que filhos estamos dando ao mundo?


Um colégio onde drogas e brigas são lugar comum, onde grupos de animais humanos (sem querer ofender os outros animais) resolvem pela violência as suas diferenças. Diretores e professores que não conseguem (ou não querem conseguir) impor a disciplina e clima adequados ao aprendizado escolar e social. Pais omissos, coniventes ou acobertadores de suas crias mal-criadas… Este cenário lhe parece familiar? Hein? Hein? Claro, a grande maioria ligará esta paisagem social com as escolas públicas e urbano-periféricas… Ledo engano. Estou falando do Colégio Catarinense, centro educacional da fina flor da sociedade de Florianópolis (SC) onde, segundo mães ligadas ao mesmo, tudo isso acontece e onde um grupo dos seus estudantes (fora do estabelecimento, pelo menos!) há poucos dias, estrupou sucessiva e selvagemente, uma colega de apenas 14 anos, por ela ter terminado o namoro com um deles. E o pior: do grupo hediondo, dois são filhos de um dono de rede de TV e de um Delegado de Polícia da cidade! E pior ainda: a pedido dos pais destes canalhinhas, as investigações estão correndo em segredo de justiça. Duvidam? Então busquem a matéria no link abaixo e vomitem…
Em face dessa barbaridade, o citado grupo de  mães, ligadas ao colégio, enviou à NET uma carta aberta, como única opção de protesto, já que a mídia local vem abafando o caso. Posto abaixo esta carta (enviada a mim por um leitor catarinense) mas, apesar de ser solidário com o gesto, ficaram em mim duas indagações pessoais:
a) as mães que assinaram este protesto são também mães de filhos homens ou apenas de filhas mulheres?
b) e os pais, principalmente aqueles que têm filhos homens, o que pensam a respeito?
Logicamente, creio que as mães do protesto abaixo devam ser daquelas famílias que criam adequadamente seus filhos. Mas se assim é, como um colégio chega a esse ponto de vandalismo geral? No mínimo, este grupo de boas mães é reduzido e impotente diante da imoralidade reinante! E se assim é, mostra a (des)qualificação política, ética e moral da maioria hegemônica que permitiu a construção deste caos sócio-escolar e a cumplicidade criminosa dos pais destes marginais estrupadores.
Como se vê, amigos, ética, moral, educação, estão longe de ser privilégio das classes melhor situadas sócio-economicamente. E este fato, aliado às conhecidas ocorrências de filhinhos de papai que incendeiam moradores de rua, espancam empregadas domésticas madrugada à fora e matam os próprios pais, de pais jovens que matam os filhos, indica a composição qualitativa do modelo de criação que se implantou  no país, nas última décadas: pais omissos e coniventes, Estado omisso e incompetente, legisladores inconsequentes, educadores sem compromisso social, psicólogos embusteiros e uma sociedade incapaz de reação.
Gostaria que os pais que lerem este protesto que repasso, não apenas reflitam sobre a justa revolta das mães que o assinam, mas reflitam também sobre o que cada um de nós tem feito, efetivamente, para gerar, criar e educar filhos que mereçam ser denominados como tal. Que o Estado reflita sobre suas leis “modernas” sobre a criação de filhos e sobre os filhos dos outros que ele toma a si e interna em suas fábricas de marginais. Que os profissionais que se arvoram a conselheiros familiares e educacionais, pensem nos “avanços” psico-pedagógicos que apregoam. Que os legisladores pensem (se é que eles pensam) nas sandices modernizantes com que alimentam as políticas públicas pretensamente dirigidas à proteção dos jovens e que apenas limitam os pais enquanto educadores e viabilizam a arrogância juvenil com direitos inadequados…
Em sociedade, colhemos aquilo que semeamos ou aquilo que permitimos que seja semeado…