Após quatro anos, Lorena Dias, 17, voltará a ter
colegas de classe. De 2011 a 2014, ela estudou em
casa, com os pais no lugar dos professores. Agora,
acaba de se matricular na faculdade graças a uma
vitória na Justiça.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede
em Brasília, concedeu liminar favorável à jovem para
que ela obtenha o certificado de conclusão de ensino
médio.
O IFB (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e o Inep
(instituto ligado ao MEC), que emitem o documento, ainda podem recorrer.
No final do ano passado, Lorena foi aprovada em jornalismo em Brasília,
onde mora. Para ingressar no curso, prestou o Enem.
Desde 2012 o Ministério da Educação permite que o desempenho na prova
seja utilizado como certificado. Lorena tirou a pontuação necessária, mas foi
impedida de obtêlo por ser menor de idade, um dos requisitos. Foi então que
ela entrou na Justiça.
A jovem frequenta as aulas desde de março. Ela relata não ter problemas de
sociabilidade por causa da educação domiciliar –uma crítica comum de
especialistas a essa forma de ensino. "Fui eleita a representante da turma já
na primeira semana", diz.
Lorena saiu da escola porque, segundo ela, sofria bullying e os pais estavam
preocupados com as greves e a presença de drogas no colégio em que estava
matriculada, em Contagem (MG).
Ao menos 2.000 famílias praticam ensino domiciliar, segundo a Aned. Ao
contrário dos Estados Unidos, no Brasil a prática não é regulamentada.
Assim, não há consenso sobre sua legalidade.
Folha de São Paulo