Estamos publicando com muito atraso, notícia que vem muito nos orgulhar. Duas alunas de Pedra Lavrada se destacando vencendo etapas nas Olimpíadas de Português. Seguem abaixo, as informações que nos foram enviadas pela Professora Samana.
EEEM GRACILIANO FONTINI LORDÃO
ALUNA: Maria Natália Lucena Souto – 1º ANO – TURMA: “A”
GÊNERO TEXTUAL: CRÔNICA
A VILÃ
O lugar onde vivo caminha lentamente, em direção ao futuro. Com ar de saudade, mantém seu passado nos mostrando o presente. O maior exemplo disso é um dos nossos cartões postais mais belos: o centro histórico, no coração da cidade. Nele, encontra-se a igreja matriz, com suas torres imponentes, olhando para a praça e abraçando o seu povo feliz.
Pedra Lavrada situa-se no Curimataú paraibano, bem distante da poderosa capital, o que nos leva a pensar se um dia o progresso chegará até nossa amada terrinha. Progresso?! Como assim?
Pois não é que, com promessas de progresso, instalou-se nessa pacata e aconchegante cidadezinha do interior uma grande empresa conhecida nacionalmente: a mineradora Elizabeth. De início, os moradores mais antigos acharam estranho. Lógico! Por que uma empresa tão rica, tão grandiosa e conhecida nacionalmente viria se instalar logo aqui em Pedra Lavrada? Era isso que nós, moradores, perguntávamos diariamente. E sem resposta.
Até nós, simples mortais, que nunca tínhamos antes visto nada igual, nos acostumarmos com a tal “poderosa” Elizabeth, tudo era motivo para comentários. De início, para os mais jovens, ela foi uma esperança de geração de empregos. E isso a população admirava e não teve de que reclamar. Como eu disse, de início. É, mas com o tempo... E como todo tempo tem um dia...
Um dia, o que era “a mocinha” da história tornou-se “a vilã”, temida pela população. Quer saber o porquê de tanta revolta? Os frequentes tiros, as explosões para abrirem as minas, fazendo sangrar a natureza. Estas explosões são tão fortes que estremecem as paredes de nossas casas e nossa alma também. Até pensamos, muitas vezes, que tudo um dia cairá sobre nossas cabeças, destruindo nossa identidade.
É antiga a extração de minérios pelo nosso povo. E é claro que sempre existiram as explosões, mas não ferindo tanto a natureza, provocando tantos impactos ambientais. Para nós, a empresa tão conhecida nacionalmente, ao invés de ponte para o progresso, tornou-se nossa inimiga, “a destruidora” da nossa terrinha, tão rica em minérios e tão querida por sua gente. Na cidade, esse é o assunto principal das rodas de conversas de pessoas do lugar, tanto daqui como das pessoas que vêm nos visitar, ou ainda dos seus filhos ausentes.
Meus queridos leitores, sabem qual é o mais absurdo dessa história toda? A poluição que essa monstruosa empresa vem causando ao longo desses últimos anos. Os açudes, aos arredores da cidade que cresceu, e que um dia serviram para matar a sede da população, hoje servem para matar a sede de poder da Elizabeth. Poder este que aos poucos vai matando a nossa esperança, o nosso desejo de vivermos em paz. E por falar nisso... que saudade daquela paz manseira!
E quem precisar viajar, sair daqui ou aqui chegar, vai perceber também as feridas das nossas estradas. Elas se tornaram cúmplices da nobre vilã. É através delas que nossas riquezas viajam, sem vida, sem ter como voltarem para o seu lar, pois longe vão se transformar em fontes de riqueza e símbolo de poder de quem nunca olhou para nossas serras com olhos de um sonhador.
EEEM GRACILIANO FONTINI LORDÃO
ALUNA: ROSSANA DIAS COSTA – 3º ANO – “A”
GÊNERO TEXTUAL: ARTIGO DE OPINIÃO
DESENVOLVIMENTO?
No Brasil, a cada dia, tornou-se comum a ocorrência de problemas ambientais de várias ordens. Na cidade de Pedra Lavrada, interior da Paraíba, ultimamente não tem sido diferente. Além dos problemas de infra-estrutura, (saneamento básico, lixão, açudes poluídos), no momento, a maior preocupação dos habitantes é com relação à empresa mineradora “Elizabeth”, que, há quase uma década, vem explorando as riquezas minerais do município.
No período de implantação dessa mineradora aqui na cidade, governantes e empreendedores afirmavam que a empresa só traria desenvolvimento para o município e benefícios para a população. Além do mais, seria a oportunidade de empregos para muitos jovens, aumentando, assim, a renda das famílias e, consequentemente, trazendo lucros para os cofres públicos.
Entretanto, podemos afirmar que não tivemos benefícios. As consequências desastrosas logo começaram a surgir com mais rapidez e intensidade do que se esperava. A instalação da fábrica para a extração das pedras brutas resultou numa série de problemas ao meio ambiente, como desmatamento de uma enorme área de vegetação nativa, fuga de animais e aves silvestres, além da poluição de açudes, do solo e do ar.
Com o passar do tempo, essa trágica situação se agrava cada vez mais. Hoje, as casas do centro da cidade e as que ficam nas proximidades dessa fábrica encontram-se com a estrutura comprometida, devido aos abalos provocados pelas enormes explosões, para a retirada das pedras. Isto sem falar na poeira que é lançada sobre a cidade, além dos produtos químicos provenientes do material explosivo.
Um outro problema resultante dessa empresa são as péssimas condições das estradas que servem de acesso para o transporte do material. Devido o peso transportado pelas carretas, as estradas, que já não tinham manutenção, só pioraram.
É certo que outras empresas mineradoras já se instalaram antes no nosso município, mas nenhuma delas com o porte da Elizabeth. Por isso não danificavam tanto o meio ambiente com a atual vem fazendo. À medida que ela vai se expandindo por outros pontos do município, vão também aumentando os problemas locais.
Assim sendo, para essa empresa não continuar causando tantos impactos ambientais, é necessário investir em projetos ambientais e sociais, além de disponibilizar meios reparadores para as famílias prejudicadas. Não é certo que a população se prejudique tanto para que uma grande empresa se beneficie, enriquecendo cada vez mais.
No meu ponto de vista, não há necessidade de uma empresa destruir tanto nossas riquezas naturais, além da nossa historia. Se não agirmos enquanto é tempo, a “Serra dos Albinos” e o “Picoto”, um de nossos patrimônios mais belos, serão destruídos.
Por outro lado, sei que nossa população precisa de uma renda fixa e nosso município de desenvolvimento. Mas, é necessário e urgente a execução de projetos que visem à valorização de bens culturais, sociais e ambientais, equilibrando, assim, desenvolvimento e natureza.