Paraibana supera 7 milhões e vence Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa
(Portal Correio) A paraibana Rossana Dias Costa venceu a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, na categoria Artigo Opinativo, com o texto “Desenvolvimento?”. Ela recebeu a medalha de ouro do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde de ontem, no auditório do Museu Nacional, em Brasília.
A estudante é de Pedra Lavrada, tem 17 anos, está grávida de sete meses e cursa o terceiro ano do Ensino Médio na Escola Graciliano Fontini Lordão, que funciona em um prédio improvisado. Foram 20 alunos premiados e escolhidos entre sete milhões de estudantes de todo o país. Realizado pelo Ministério a Educação (Mec) e pela Fundação Itaú Social, programa tem como objetivo formar professores para aprimorar o ensino do idioma.
Rossana Dias e sua professora Romana Lúcia Meira ganharam computador e impressora. Já sua escola foi contemplada com um laboratório de informática com 10 computadores, além de livros para biblioteca. “Foi uma conquista muito grande porque eu estudo em uma escola que não tem nem prédio. Ao contrário de muitas meninas que abandonam o estudo quando engravidam, eu vou continuar e quero fazer faculdade”, declarou.
Olimpíada da Língua Portuguesa premia 20 alunos de escolas públicas
Brasília (Agência Brasil) – Vinte estudantes de escolas públicas de 12 estados foram premiados hoje (29) na etapa final da Olimpíada da Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. O concurso teve a participação de 239 mil professores e 7 milhões de alunos do 5° ano do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio. Os 152 finalistas participaram da solenidade de entrega do prêmio, em Brasília.
O projeto é uma iniciativa da Fundação Itaú Social e do Ministério da Educação. O objetivo é estimular o estudo da língua portuguesa e melhorar as habilidade de leitura e escrita dos estudantes brasileiros. Os educadores inscritos participaram de cursos presenciais e receberam material específico para desenvolver as atividades da olimpíada com seus alunos.
Durante a cerimônia, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que enviará uma minuta de decreto para a Casa Civil a fim de “institucionalizar” a olimpíada.“Políticas desse tipo não podem ser de governo, mas do Estado”, defendeu.
Os estudantes e seus professores receberam as medalhas das mãos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Eles concorreram em quatro categorias, de acordo com a série: poema (5° e 6° ano do ensino fundamental), memórias literárias (7° e 8° ano do ensino fundamental), crônica (9° ano do fundamental e 1° ano do ensino médio) e artigo de opinião (2° e 3° ano do ensino médio).
Foram escolhidos cinco vencedores em cada modalidade de texto. Um deles foi Rossana Dias Costa, de Pedra Lavrada (PB). Aos 17 anos ela está grávida e espera para janeiro o nascimento de uma menina. A gravidez não atrapalhou que ela dedicasse horas a mais ao estudo até passar pelas quatro seletivas – escolar, municipal, estadual e regional. O texto que Rossana Dias escreveu aborda os problemas ambientais causados por uma empresa mineradora instalada na cidade onde ela mora. A empresa é a principal empregadora da maioria da população.
“Logo que a professora chegou com a ideia de participar eu me empolguei porque gosto de escrever. Fui melhorando o texto, reescrevendo até chegar à etapa regional. Muitas pessoas não acreditavam que eu tinha escrito o texto e disseram que eu ia passar vergonha”, disse.
A jovem quer cursar letras ou farmácia e espera que possa servir de exemplo para outras meninas que são mães ainda adolescentes. “Meu maior orgulho é mostrar para essas meninas que estão na mesma condição e desistem de estudar que mesmo com dificuldades a gente consegue”, afirmou.
Os 20 vencedores e seus professores receberam medalhas de ouro e computadores. As escolas onde eles estudam serão equipadas com laboratórios de informática e livros para a biblioteca. Os 500 semifinalistas ganharão medalhas de bronze e uma coleção de livros.
A professora Elisângela de Araújo, de Cruzeiro do Sul (AC), teve uma comemoração dupla: dois de seus alunos foram premiados, um na categoria memória e outro na modalidade artigo de opinião. Ela trabalha em duas escolas da cidade – uma estadual e outra municipal – e conseguiu trazer dois estudantes para a final.
“O segredo é trabalho, não tem feriado nem fim de semana, mas as oficinas para fazer. Os alunos pensavam que nunca iam ganhar uma competição nacional, por isso você tem que estar constantemente incentivando”, conta. Ela espera que a experiência sirva de estímulo para os outros professores do município.
Texto vencedor da 2ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro – Categoria Artigo de Opinião
Desenvolvimento?
Aluna: Rossana Dias Costa
Professora: Romana Lúcia Meira Sampaio
Escola: E. E. F. M. Graciliano Fontini Lordão; Cidade: Pedra Lavrada – PB
No Brasil, a cada dia tornou-se comum a ocorrência de problemas ambientais de várias ordens. Na Cidade de Pedra Lavrada, no interior da Paraíba, ultimamente não tem sido diferente. No momento, a maior preocupação dos habitantes é com relação à empresa mineradora “Elizabeth”, que há quase uma década, vem explorando as riquezas minerais do município, principalmente o cianeto, matéria-prima utilizada na fabricação da cerâmica e da porcelana.
No período de implantação dessa mineradora aqui na cidade, governantes e empreendedores afirmavam que a empresa só traria desenvolvimento para o município, benefícios para a população, oportunidade de empregos para muitos jovens, aumentando assim, a renda das famílias e consequentemente, trazendo lucros para os cofres públicos.
Entretanto, podemos afirmar que não tivemos apenas benefícios, as conseqüências desastrosas logo começaram a surgir com mais rapidez e intensidade do que se esperava. A instalação da fábrica para a extração das pedras brutas resultou numa série de problemas ao meio ambiente, como desmatamento de uma enorme área de vegetação nativa, fuga de animais e aves silvestres, poluição de açudes, do solo e do ar.
Com o passar do tempo, essa trágica situação se agravou cada vez mais. Hoje, as casas do centro da cidade e as que ficam nas proximidades dessa fábrica encontram-se com a estrutura comprometida, devido aos abalos provocados pelas enormes explosões para a retirada das pedras. Isso sem falar na poeira que é lançada sobre a cidade, além dos produtos químicos provenientes do material explosivo.
Um outro problema resultante desse empreendimento são as péssimas condições das estradas que servem de acesso para o transporte do material. Devido ao peso transportado pelas carretas, as estradas que já não tinham manutenção, só pioraram. Embora a população se sinta prejudicada, ela se cala, pois as várias denúncias feitas à justiça não foram atendidas, e a empresa continua agindo da mesma forma.
É certo que outras empresas mineradoras já se instalaram antes no nosso município, mas nenhuma delas com o porte da Elizabeth. Por isso não danificavam tanto o meio ambiente como a atual vem fazendo. À medida que ela vai se expandindo para outros pontos do município, vão também aumentando os problemas locais.
Professora: Romana Lúcia Meira Sampaio
Escola: E. E. F. M. Graciliano Fontini Lordão; Cidade: Pedra Lavrada – PB
No Brasil, a cada dia tornou-se comum a ocorrência de problemas ambientais de várias ordens. Na Cidade de Pedra Lavrada, no interior da Paraíba, ultimamente não tem sido diferente. No momento, a maior preocupação dos habitantes é com relação à empresa mineradora “Elizabeth”, que há quase uma década, vem explorando as riquezas minerais do município, principalmente o cianeto, matéria-prima utilizada na fabricação da cerâmica e da porcelana.
No período de implantação dessa mineradora aqui na cidade, governantes e empreendedores afirmavam que a empresa só traria desenvolvimento para o município, benefícios para a população, oportunidade de empregos para muitos jovens, aumentando assim, a renda das famílias e consequentemente, trazendo lucros para os cofres públicos.
Entretanto, podemos afirmar que não tivemos apenas benefícios, as conseqüências desastrosas logo começaram a surgir com mais rapidez e intensidade do que se esperava. A instalação da fábrica para a extração das pedras brutas resultou numa série de problemas ao meio ambiente, como desmatamento de uma enorme área de vegetação nativa, fuga de animais e aves silvestres, poluição de açudes, do solo e do ar.
Com o passar do tempo, essa trágica situação se agravou cada vez mais. Hoje, as casas do centro da cidade e as que ficam nas proximidades dessa fábrica encontram-se com a estrutura comprometida, devido aos abalos provocados pelas enormes explosões para a retirada das pedras. Isso sem falar na poeira que é lançada sobre a cidade, além dos produtos químicos provenientes do material explosivo.
Um outro problema resultante desse empreendimento são as péssimas condições das estradas que servem de acesso para o transporte do material. Devido ao peso transportado pelas carretas, as estradas que já não tinham manutenção, só pioraram. Embora a população se sinta prejudicada, ela se cala, pois as várias denúncias feitas à justiça não foram atendidas, e a empresa continua agindo da mesma forma.
É certo que outras empresas mineradoras já se instalaram antes no nosso município, mas nenhuma delas com o porte da Elizabeth. Por isso não danificavam tanto o meio ambiente como a atual vem fazendo. À medida que ela vai se expandindo para outros pontos do município, vão também aumentando os problemas locais.
Para essa empresa não continuar causando tantos impactos ambientais, os moradores esperam que ela invista em projetos ambientais, sociais e culturais, além de disponibilizar meios reparadores para as famílias prejudicadas e oferecer melhores condições de saúde e de segurança aos seus trabalhadores. Não é certo que a população se prejudique tanto para que uma grande empresa se beneficie, enriquecendo cada vez mais.
Ao meu ver, não há necessidade de uma empresa destruir tanto nossas riquezas naturais, além da nossa história. Se não agirmos enquanto é tempo, a Serra dos Albinos e o Picoto, nossos patrimônios naturais mais belos, serão destruídos.
Por outro lado, sei que a nossa população precisa de uma renda fixa e nosso município de desenvolvimento, mas é necessário, e urgente, a execução de projetos que visem à valorização de bens culturais, sociais e ambientais, equilibrando, assim, desenvolvimento e natureza.
Resta-nos, portanto, esperar que as autoridades ajam, encontrando de fato soluções que preservem nossa história, e nossos bens naturais, uma vez que, a população deseja, sim, o desenvolvimento do município, mas também melhor qualidade de vida.
Ao meu ver, não há necessidade de uma empresa destruir tanto nossas riquezas naturais, além da nossa história. Se não agirmos enquanto é tempo, a Serra dos Albinos e o Picoto, nossos patrimônios naturais mais belos, serão destruídos.
Por outro lado, sei que a nossa população precisa de uma renda fixa e nosso município de desenvolvimento, mas é necessário, e urgente, a execução de projetos que visem à valorização de bens culturais, sociais e ambientais, equilibrando, assim, desenvolvimento e natureza.
Resta-nos, portanto, esperar que as autoridades ajam, encontrando de fato soluções que preservem nossa história, e nossos bens naturais, uma vez que, a população deseja, sim, o desenvolvimento do município, mas também melhor qualidade de vida.