JOTADANTAS.COM – Você fez isso por quê?
P.A – Por que eu queria matar, e quando sair daqui, vou passar um tempo fora e volto pra matar. Volto para aprontar de novo, vida de bandido é assim, é matar ou morrer.
JOTADANTAS.COM – Como é sua família?
P.A – Meus pais são separados desde que nasci e morava com minha mãe, que é alcoólatra, prostituta, drogada e ela mora na Cidade da Esperança em Natal, onde me criei com mais treze irmão.
JOTADANTAS.COM – Algum de seus irmãos é do crime?
P.A – Acho que uns dez vivem no crime. Teve uma que minha mãe vendeu a um gringo quando a criança tinha cinco anos.
JOTADANTAS.COM – Por que você veio para Currais Novos?
P.A – Moro com minha vó.
JOTADANTAS.COM – O que você pensa para o futuro?
P.A – Vida de bandido só tem três caminhos: matar, morrer ou cadeia. Só esses.
JOTADANTAS.COM – Você já passou algum período preso ou no SEDUC?
P.A – Não. Sempre fui liberado no mesmo dia, com pouco tempo era solto, sempre no mesmo dia. Tem até um homem do conselho tutelar que fala que deveria ser meu pai, pois sempre que eu apronto ele vem assinar os papeis.
JOTADANTAS.COM – Nas vezes em que foi pego, quais os motivos?
P.A – Teve o dia que tomamos a moto de assalto perto da Cersel e depois assaltamos a Drogaria Amadeus. Fui pego com drogas, outro dia teve uns tiros em Artonys, me acusaram também de uns roubos a umas casas e nesses dias fui solto no mesmo dia. “Você sabe, sou de menor e menor não pode ficar preso”.
JOTADANTAS.COM – Já frequentou alguma igreja?
P.A – Já fui evangélico durante três anos e também já tinha sido coroinha na Igreja de Fátima do Paizinho Maria.
JOTADANTAS.COM – Qual a sensação na hora de um assalto?
P.A – Sensação de nervosismo, medo de morrer, a Policia prender, essas coisas.
JOTADANTAS.COM – Diga alguma arma que você conhece?
P.A – Arma é fácil, essa da PM é uma .40. Conheço 635, 765, .45, 9 milímetros, 38, 38 de 3 janelas, 38 de 2 janelas, 38 de 5 janelas, buldogue, boca de tijolo, 32, 38 buldogue de 5, de 6 tiros, tem reforçado, tem de todo jeito.
Essa entrevista tem o objetivo de mostrar a realidade do lado do cidadão infrator e também como ele foi criado, pois acreditamos que o principal motivo de pessoas adentrarem no crime é a desestrutura familiar.
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