12 de jan. de 2011

O Voz de Pedra publica novamente, o artigo de Santiago Vasconcelos escrito no www.pedralavrada.com, que foi deletado criminalmente.

Cerâmicas Elizabeth: fome de pedra, fome de carne, fome de vida...?
Editoria: Artigos -  Publicado em: 15-09-2010 19:36


Pedra Lavrada (PB) - Desde que a Elizabeth, empresa do setor cerâmico/porcelanato, resolveu explorar Pedra Lavrada (PB), não faltaram denúncias na imprensa, na academia e na justiça contra suas ações. Porém, o pior de tudo é que a cada dia surgem novas e mais graves denúncias.
É lamentável, por exemplo, o caso do jovem Djailson Dantas de Lima, trabalhador acidentado na empresa Elizabeth de Pedra Lavrada. Mas, segundo informações preliminares, o caso do jovem relatado aqui no pedralavrada.com por Jailton Cordeiro, não é o único, ou seja, não se trata de um fato isolado.

Segundo fiquei sabendo, recentemente outro funcionário também foi acidentado. O caso foi o seguinte: a tampa de um caminhão-caçamba da empresa bateu na cabeça de um dos funcionários, levaram o mesmo para o hospital, prestaram os primeiros socorros e pronto! Não realizaram nenhum exame para saber se o acidentado ficou com alguma sequela, mesmo diante das queixas de fortes dores na cabeça que relatava o funcionário.

Sabe qual foi a providência da Elizabeth? Mandou o funcionário de voltar ao trabalhar e ignoraram a vontade dele de fazer exames para saber o que estava ocasionando as dores.

Há outras denúncias contra a Elizabeth. Segundo fui informado entre outras supostas irregularidades, a Elizabeth não está pagando as horas-extras devidas aos seus funcionários.

Há informações supondo que alguns de seus funcionários trabalham o dia inteiro e adentram, às vezes, até as 22 horas ou 23 horas da noite, sem que as horas-extras sejam pagas adequadamente e sejam respeitados outros direitos trabalhistas.

Nem tempo para almoçar sobra aos trabalhadores, tudo é na correria. E essa jornada de trabalho desumana não é só nos dias da semana, ela se estende aos finais de semana. Há mais um agravante: os funcionários saem de casa para o trabalho as 05 horas ou 05h30m da manhã. Se essas informações forem verdadeiras, a Elizabeth pratica um regime de trabalho até pior que o da Inglaterra na época da Revolução Industrial, no século XVIII. Se assim for, essa superexploração dos trabalhadores beira a escravidão.

Não bastasse tamanha fome que a Elizabeth tem por nossas pedras, ela agora está comendo com suas correias transportadoras e moinhos a carne humana dos lavradenses. E se, por acaso, alguém vier a perder a vida em acidente ou por causa de excessos, acúmulos e exposições a outros efeitos, não tem nenhum problema. Como a empresa é generosa e tem responsabilidade social, ela doou a prefeitura o terreno para construção do novo cemitério público municipal. Neste local, os lavradenses vão deitar eternamente em berços esplendidos e agradecer tamanha boa vontade da Elizabeth para com Pedra Lavrada.

Serão essas as “boas novas” de prosperidade e desenvolvimento que a Elizabeth está trazendo para Pedra Lavrada? Será este tipo de “desenvolvimento” que os agentes políticos que, por hora, estão no poder defendem para Pedra Lavrada? Estranhamente, quando alguns filhos de Pedra Lavrada que realmente se preocupam com o nosso município levantam a voz contra a despótica Elizabeth, logo, parte da classe política sai em defesa da empresa afirmando que a mesma é um mal necessário. Este tipo de posicionamento político coloca em detrimento os lavradenses, que estão sofrendo as consequencias das ações perversas da empresa.

Será que na visão da classe política que está no poder isso que a Elizabeth promove em Pedra Lavrada é desenvolvimento? Ou será que eles estão representando os interesses da Elizabeth em vez de defenderem a comunidade lavradense? É uma lástima constatar que os representantes eleitos pelo povo estão inertes e não partem com “unhas e dentes” na defesa da coletividade lavradense.

E o prefeito, a maior autoridade constituída do nosso município, qual seu posicionamento? Devido a Elizabeth ter sido a maior doadora financeira de sua campanha a reeleição, será que ele acha que deve defendê-la e representá-la em vez do povo? Será ele o prefeito da Elizabeth ou dos cidadãos lavradenses?

Não basta o prefeito e o vereador conseguir uma vaga na enfermaria para um pobre filho de Pedra Lavrada que agoniza por atendimento. No meu ponto de vista, os mesmos têm é que se indignarem com a empresa que jogou o trabalhador a padecer em cima de uma maca e no corredor de um hospital público da capital, demonstrando extrema falta de respeito com aqueles que lhe dão enormes lucros a troco de um precário salário, que permite apenas se reproduzir enquanto ser biológico.

Mais uma vez, cadê a câmara de vereadores? Não tenho conhecimento que nenhum deles, pelo menos, se posicione publicamente contra as ações perversas que a Elizabeth promove em Pedra Lavrada. Será que os nobres vereadores estão de acordo ou concordam que esse é um mal necessário?

Lamento que algumas autoridades políticas e cidadãos acreditem que a Elizabeth em Pedra Lavrada, da forma como está agindo, seja um mal necessário. Quanta ignorância, que limitação!

O caso é sério, muito sério! Acorda Pedra Lavrada, estão destruindo nossas riquezas, nosso patrimônio e nossas vidas. Vamos continuar assistindo tudo como se nada estivesse acontecendo? Até quando esperar? Avante Pedra Lavrada!


Santiago Vasconcelos
Instituto da Cidadania e do Meio Ambiente - ICMA