16 de jan. de 2013

Quinze dias após a posse, prefeito, vice e secretários não conseguem entrar em seus gabinetes e trabalham em casa


Eles prometem levar essas denúncias ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado, com toda documentação

Quinze dias após a posse no cargo de prefeito do município de Coremas (localizado na região do Sertão paraibano e distante 389 quilômetros de João Pessoa), Antônio Lopes (PSDB) não conseguiu sequer entrar em seu gabinete para os primeiros despachos. Faltam cadeiras, o ar condicionado está sem funcionar, o teto caído e as instalações elétricas estão queimadas.

Ao chegar para o seu primeiro dia de trabalho, o novo prefeito deparou-se também com um odor desagradável. "Espalharam fezes humanas por vários ambientes da sede da Prefeitura Municipal", contou por telefone o vice-prefeito Lucrenato Ramalho Júnior, que também está impedido de despachar em seu gabinete.

Lopes e Lucrenato se espantaram com o descaso da ex-gestão.  “Quando assumimos fomos fazer uma vistoria na prefeitura. Ao entrar no prédio parecia que estávamos entrando em um edifício abandonado. Nada era aproveitado. Havia lixo em todas as salas. Nem cadeira o prefeito tinha pra sentar”, comentou um indignado vice-prefeito.

De acordo com ele, além das deficiências estruturais do prédio da Prefeitura, as secretarias municipais enfrentam problemas graves. “Documentos perdidos, computadores queimados, birôs quebrados e cadeiras rasgadas. Todos os secretários já foram nomeados, mas eles estão trabalhando de casa com seus próprios computadores. Até o prefeito está despachando de casa”, relatou Lucrenato.

Outro problema grave foi identificado com as contas públicas. Segundo Lucrenato, a Prefeitura tem um débito com a Energisa de R$ 2 milhões e R$ 16 milhões com a previdência. Segundo os gestores de Coremas, os servidores estão com dois meses de salários atrasados, ambulâncias do Samu paralisadas por causa do licenciamento atrasado, carros oficiais sem baterias, ônibus escolar sem motor e trator sem grade  (implemento acoplado ao maquinário para arar a terra).

“Estamos preocupados com a situação que está se desenhando na zona rural. Com a possível chegada das chuvas, os agricultores estão se preparando para plantar as sementes e esse trabalho poderá ser prejudicado devido o problema no trator. Como a grade foi roubado, os ficam impossibilitados de preparar a terra para a plantação”, revelou o vice-prefeito.

Eles prometem levar essas denúncias ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado, com toda documentação. 

Coremas tem em seu território, de 379,491 metros quadrados, o maior açude da Paraíba, com capacidade máxima de 720 milhões de metros cúbicos de água. O manacial foi construído pelo Dnocs nas décadas de 30 e 40. Também possui a única usina hidroelétrica do Estado, fornecendo energia ao sistema Chesf. 

Atualmente, o açude tem 314 milhões e 565 metros cúbicos de água (43,7% do seu total). Ele é interligado ao açude Mãe d'Água, com capacidade de 638 milhões e 700 mil metros cúbicos e que hoje dispõe de 237 milhões e 120 mil metros cúbicos (37,1% de seu volume total). Segundo o Censo do IBGE, a população de Coremas é estimada em 15 149 habitantes. Tem um IDH médio de 0,595. 

Antônio Lopes já foi prefeito do município por três mandatos distintos (1955/59, 1963/69 e 1973/77). Lucrenato foi prefeito por dois mandatos (1969/72 e 1977/82).

No ano passado, Antônio Lopes foi eleito com 4.887 votos, contra 4.329 votos da candidata Dra. Pâmela (PSD), que teve o apoio do ex-prefeito Edilson Pereira de Oliveira.

UOL