A segunda edição da Marcha das Vadias, movimento mundial de protesto contra violências às mulheres, acontece neste sábado em São Paulo. A concentração está marcada para as 13h na praça do Ciclista, na avenida Paulista.
Antes da saída para a marcha, haverá uma oficina de cartazes e a concentração de uma bateria de escola de samba, programadas para ocorrer às 10h.
Este ano a mobilização é nacionalmente organizada, e ocorre no mesmo dia em outras 13 cidades, entre elas Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.
Em algumas localidades, como em Araraquara, o evento já foi realizado ou só vai ocorrer após a data nacional, totalizando ao menos 22 manifestações em 2012. A lista completa está no blog da organização.
Para o ano que vem, já começam as primeiras articulações para a unificação da marcha entre países da América Latina.
A mobilização pretende chamar a atenção aos diversos tipos de violência sofridos cotidianamente pelas mulheres, seja verbal, física ou sexual --como o assédio nas ruas das cidades, violência psicológica, ameaças, espancamentos, estupros e assassinatos.
Um dos principais problemas combatidos pela marcha é a responsabilização das vítimas pela violência sofrida, que amplia o sentimento de humilhação, desestimula denúncias e reduz a possibilidade de punição aos agressores.
SÃO PAULO
Em 2011, a marcha aconteceu no dia 04 de junho e reuniu cerca de 300 pessoas na praça do Ciclista, entre a av. Paulista com a rua da Consolação, segundo estimativa da Polícia Militar. Na página do Facebook, mais de 6.000 pessoas haviam confirmado presença no evento.
A organizadora do evento em São Paulo, Madô Lopez, disse em seu blog que já foi insultada pelas roupas que usava, em cantadas e gracinhas feitas por homens.
"Chega de sermos recriminadas e discriminadas nas ruas porque usamos saias, leggings, regatas, vestidos justos, chega de sermos reprimidas e intimidadas porque somos mulheres, porque somos femininas e porque queremos nos sentir sensuais, bora pras ruas mulherada! Não é porque uso saia que sou puta!", escreve ela.
MARCHA
O evento foi criado em abril de 2001 quando um representante da polícia do Canadá deu uma palestra em uma universidade de Toronto dizendo que as mulheres deveriam evitar se vestir como prostitutas para não serem vítimas de estupro.
A afirmação deu origem a "Slut Walk", a Marcha das Vadias. Além de Toronto (Canadá), que reuniu mais de 3.000 pessoas, a marcha já foi realizada nas cidades de Los Angeles e Chicagos (EUA), Buenos Aires (Argentina), Amsterdã (Holanda), entre outras cidades do mundo.
No site oficial da Slut Walk, a organização diz que historicamente o termo slut (puta, vagabunda ou vadia, em português) tem conotação negativa e se tornou ferramenta de acusação grave de caráter.
"Não é culpa dos nossos vestidos, salto alto, regatas, saias e afins que todos os dias mulheres são desrespeitadas e agredidas sexualmente, isso é culpa do machismo ainda muito presente na nossa sociedade. As mulheres do mundo estão se unindo!", diz a apresentação do evento no site "Slut Walk Toronto".
Desde então, o movimento já se espalhou por países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Holanda, Portugal, Israel, Índia, Argentina, Brasil, México, Nicarágua e Colômbia.
UOL