19 de out. de 2011

Filme sobre menino vítima de chuva na Paraíba é exibido em comunidade


José Deyvison Fernandes, de 10 anos, foi arrastado por correnteza em julho. Ele protagonizou documentário sobre trabalho infantil em Campina Grande.



José Deyvison Fernandes (Foto: Wagner Pina//Divulgação)José Deyvison em cena do documentário "Quando
eu crescer" (Foto: Wagner Pina//Divulgação)
Os moradores da comunidade do Mutirão, em Campina Grande, vão assistir pela primeira vez ao documentário sobre a vida do menino José Deyvison Fernandes, de 10 anos, que morreu durante uma forte chuva na cidade no mês de julho. A equipe de produção de "Quando eu crescer" vai exibir quatro sessões do curta metragem na sexta-feira (21) na Escola Municipal Paulo Freire, onde o garoto estudava, às 9h, 10h, 13h e 14h.
Segundo o diretor Emmanuel Dias, a homenagem será prestada três meses depois do corpo do menino ter sido encontrado. Ele foi levado por uma enxurrada quando sua casa desabou no dia 17 de julho, mas o corpo só foi resgatado no dia 20. A mãe de Deyvison também foi arrastada pela correnteza, mas conseguiu se agarrar em uma árvore e foi resgatada com vida.

O documentário foi lançado no mesmo dia do enterro, sob clima de luto. "Quando eu crescer" aborda o preconceito sofrido por crianças que trabalham. Segundo Emmanuel Dias, Deyvison era chamado de 'Zé do Grude' pelos colegas de escola porque trabalhava em um lixão de Campina Grande para ajudar a renda da família, o que o fazia evitar brincadeiras coletivas. Seu sonho era ser vendedor de sapatos.

"Apesar de já ter 'estreado', ainda não tínhamos exibido para os moradores da comunidade onde Deyvison morava. Nós apresentamos o filme em duas escolas e conversamos com alunos da mesma faixa etária dele", disse Emmanuel, que é estudante de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Quando eu crescer (Foto: Divulgação)Quando eu crescer (Foto: Divulgação)
O projeto recebeu incentivo da UEPB quando Emmanuel fazia um curso de extensão em Produção de Documentário.
"Depois que nós caímos em campo, a diretora da escola recomendou Deyvison como nosso 'personagem' devido à sua história forte. Nós passamos dois meses em pré-produção. Um dos desafios foi conquistar a confiança dele. Aos poucos ele se entrosou. Era um menino muito simples", revelou o diretor.
Segundo ele, a família de Deyvison está superando aos poucos a ausência do menino. "A mãe ainda está em fase de aceitar a perda do filho, mas nós ficamos muito felizes ao saber que eles conseguiram se mudar do casebre onde moravam e que o pai dele voltou a estudar. Percebemos uma evolução, uma vontade de superar as dificuldades", comentou o diretor.

G1PB