José Deyvison Fernandes, de 10 anos, foi arrastado por correnteza em julho. Ele protagonizou documentário sobre trabalho infantil em Campina Grande.
Os moradores da comunidade do Mutirão, em Campina Grande, vão assistir pela primeira vez ao documentário sobre a vida do menino José Deyvison Fernandes, de 10 anos, que morreu durante uma forte chuva na cidade no mês de julho. A equipe de produção de "Quando eu crescer" vai exibir quatro sessões do curta metragem na sexta-feira (21) na Escola Municipal Paulo Freire, onde o garoto estudava, às 9h, 10h, 13h e 14h.
Segundo o diretor Emmanuel Dias, a homenagem será prestada três meses depois do corpo do menino ter sido encontrado. Ele foi levado por uma enxurrada quando sua casa desabou no dia 17 de julho, mas o corpo só foi resgatado no dia 20. A mãe de Deyvison também foi arrastada pela correnteza, mas conseguiu se agarrar em uma árvore e foi resgatada com vida.
O documentário foi lançado no mesmo dia do enterro, sob clima de luto. "Quando eu crescer" aborda o preconceito sofrido por crianças que trabalham. Segundo Emmanuel Dias, Deyvison era chamado de 'Zé do Grude' pelos colegas de escola porque trabalhava em um lixão de Campina Grande para ajudar a renda da família, o que o fazia evitar brincadeiras coletivas. Seu sonho era ser vendedor de sapatos.
"Apesar de já ter 'estreado', ainda não tínhamos exibido para os moradores da comunidade onde Deyvison morava. Nós apresentamos o filme em duas escolas e conversamos com alunos da mesma faixa etária dele", disse Emmanuel, que é estudante de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
O projeto recebeu incentivo da UEPB quando Emmanuel fazia um curso de extensão em Produção de Documentário.
"Depois que nós caímos em campo, a diretora da escola recomendou Deyvison como nosso 'personagem' devido à sua história forte. Nós passamos dois meses em pré-produção. Um dos desafios foi conquistar a confiança dele. Aos poucos ele se entrosou. Era um menino muito simples", revelou o diretor.
Segundo ele, a família de Deyvison está superando aos poucos a ausência do menino. "A mãe ainda está em fase de aceitar a perda do filho, mas nós ficamos muito felizes ao saber que eles conseguiram se mudar do casebre onde moravam e que o pai dele voltou a estudar. Percebemos uma evolução, uma vontade de superar as dificuldades", comentou o diretor.
G1PB