22 de mar. de 2012

Para as futuras mamães, enxaqueca e gravidez


Por Dr. Alexandre Feldman, médico 


A gravidez é sempre um perí­odo muito especial na vida de uma mulher, e no caso da mulher que sofre de enxaqueca, a alegria pode ser ainda maior, já que normalmente durante o perí­odo de gestação a enxaqueca melhora significativamente.


Muitas mulheres se referem a este perí­odo da vida como o melhor de todos, em termos de alí­vio praticamente total dos seus sintomas de enxaqueca.


Existem alguns casos em que a enxaqueca piora durante o primeiro trimestre, mas melhora drasticamente dali para frente, até o termo. No perí­odo pós-parto, no entanto, é comum o ressurgimento dos sintomas. Existem até algumas pessoas cujas enxaquecas se iniciaram, pela primeira vez, no pós-parto.


Nas mamães que sofrem de enxaqueca existe sempre uma preocupação muito comum, que aproveito para desfazer agora: Apesar da enxaqueca ser intensa e provocar muito sofrimento, não existem quaisquer riscos ou perigos para o feto em desenvolvimento, com relação à dor da mãe.


Entretanto é preciso muita atenção na hora de medicar uma gestante com enxaqueca, já que muitas drogas normalmente utilizadas para o alí­vio dos sintomas, estas sim, podem trazer riscos tanto à mãe quanto ao feto. É importantí­ssimo procurar um médico que lhe indique a medicação mais adequada à crise, visando não prejudicar a saúde da mãe e do feto.


A primeira indicação para qualquer paciente da minha clí­nica , em caso de gravidez, é marcar uma consulta  para discutir especificamente a sua enxaqueca e os métodos de alí­vio que se aplicam ao caso dela. Vocês podem fazer o mesmo com o seu médico! Mas procurem reservar esta consulta inteira para a sua enxaqueca, e não outros assuntos. A combinação enxaqueca e gravidez é importante demais e merece uma consulta completa e detalhada.


As estratégias de alí­vio que o seu médico vai apresentar, dependem da confirmação do diagnóstico, da avaliação da gravidade dos sintomas e dos hábitos e estilo de vida, especialmente no tocante à alimentação, sono e stress.


Quando for ao médico, lembre-se de discutir alguns tópicos importantes da importante combinação entre enxaqueca e gravidez:


1- Descreva cuidadosamente os seus sintomas (dor, latejamento, sensação de peso na cabeça, enjôo, vômitos, aversão à claridade, etc.). Lembre-se que no iní­cio da gestação, muitas mulheres, mesmo as que não sofrem de enxaqueca, sofrem muito com enjôos.
2- Descreva o impacto que esses sintomas possuem na sua qualidade de vida: quantos dias de trabalho ou de aula você perde por semana ou por mês; quais as demais atividades que ficam prejudicadas cada vez que você tem uma crise (por exemplo, trabalho de casa, atividades sociais).
3- Procure observar o que desencadeia suas crises normalmente e se a freqüência e/ou intensidade delas piorou ou melhorou depois de iniciada a gravidez.
4- Descreva tudo o que acontece quando surge uma crise de enxaqueca. Você precisa se trancar num quarto escuro? Entra em pânico com relação às crises? Entra em depressão? Perde a motivação?
5-Conte ao seu médico caso existam outros membros de sua famí­lia que sofrem ou sofreram de enxaqueca.


Estas são as informações iniciais para que o seu médico possa trabalhar no sentido de desenvolver um plano de tratamento adequado para o seu caso. Cada plano de tratamento é diferente de paciente para paciente, e o seu plano deverá ir de encontro às suas necessidades individuais. Mas com certeza, qualquer plano de tratamento que seja eficaz, deverá incluir:


- Diagnóstico adequado. Cada caso é um caso. Para quem nunca teve enxaqueca e começoou a apresentá-la na gravidez, é importante eliminar a possibilidade de outras doenças que podem ser perigosas, como por exemplo sangramentos dentro do cérebro, meningite (infecção nos tecidos que envolvem o cérebro) ou tumores. Uma boa conversa com seu médico é importante, e outros exames podem ser necessários, a fim de eliminar outras possí­veis causas.


- Informação da paciente: É importante para quem sofre de enxaqueca, saber distinguir os seus sintomas daqueles de outros tipos de dor de cabeça. Esse tipo de conhecimento garante o uso adequado dos medicamentos. Afinal, qualquer pessoa nesse mundo, inclusive quem sofre de enxaqueca, pode vir a apresentar dores de cabeça causadas pelo surgimento de uma nova doença. E ninguém quer tratar alguma outra doença como se fosse enxaqueca. Uma boa dose de informação no sentido de como distingüir a enxaqueca de outras doenças, pode ser encontrada na primeira parte do meu novo livro.


- Remédios: Existem diversos remédios que podem ser utilizados de acordo com as crises, seu horário de ocorrência, intensidade e freqüência. Existem, também, muitos remédios naturais que podem ser utilizados. De todo modo, remédios e drogas devem ser evitados ao máximo e escolhidos muito cuidadosamente pelo seu médico, uma vez que a maioria passa através da barreira placentária, atingindo o feto em desenvolvimento. Jamais tome remédios durante a gravidez sem orientação médica. Nem remédios naturais.


Mudanças de Estilo de Vida e Hábitos: Na minha opinião, esta é a iniciativa mais importante no sentido de se obter o controle da enxaqueca. Mudanças na alimentação e no sono, como as que descrevo no meu livro, são importantí­ssimas. Para ilustrar, gostaria de comentar o caso de duas pacientes. Uma delas já estava em tratamento na minha clí­nica há alguns meses e engravidou recentemente. Ela já vinha realizando importantes mudanças nos seus hábitos e estilo de vida e desde antes da gravidez, praticamente não apresentava mais crises e não tomava mais remédios. Esta paciente, agora grávida, se sente muito bem, muito disposta. A outra paciente chegou à minha clí­nica já grávida e com crises freqüentes de enxaqueca. Como eu disse anteriormente, crises de enxaqueca podem acontecer, principalmente no primeiro trimestre da gravidez, que também é o perí­odo mais delicado no que se refere à ingestão de medicamentos. Afinal, este é o momento mais crí­tico na formação do feto. Meu plano de tratamento, no caso desta paciente, foi a orientação de importantes mudanças de hábitos e estilo de vida, sem a prescrição de nenhum medicamento. Ela tem seguido à risca as minhas recomendações, e já apresentou grandes melhoras em seu quadro.


Por fim, quero deixar aqui meus parabéns para todas as novas e futuras mamães. Lembrem-se: um estilo de vida saudável é importante para a sua saúde em geral, para a melhora da enxaqueca e para a saúde do seu bebê. Os hábitos e estilo de vida da mãe serão os mesmos hábitos e estilo de vida do filho, e isso poderá definir se esta criança sofrerá ou não de enxaqueca um dia, na vida.


Mais informações no site www.enxaqueca.com.br