A menos de duas semanas da aplicação do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem), o ministro da Educação, Fernando Haddad, voltou a defender
o teste como a forma mais moderna de avaliação do desempenho dos alunos.
Segundo ele, registros de problemas são comuns em diversos lugares do mundo, já
que se trata de uma prova com “escala monumental”.
Haddad destacou que a substituição do vestibular pelo Enem é
fundamental para garantir a implementação prática da reforma do ensino médio no
país.
“É preciso acabar com o vestibular, que é um grande mal que
se fez à educação brasileira, porque você não organiza o ensino médio com cada
instituição fazendo um programa de vestibular diferente. O Exame Nacional [do
Ensino Médio] é o que há de mais moderno no mundo e tem problemas em diversos
países, mas temos que aprender a enfrentar esse negócio”, disse.
O ministro da Educação participou nesta segunda-feira (10),
no Rio, de seminário sobre os desafios da educação básica no país, promovido
pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, da Fundação
Getulio Vargas (FGV).
Ele citou a China e a Inglaterra como países que também
tiveram problemas na aplicação de exames equivalentes ao Enem. Na China, 62
pessoas foram presas por cola eletrônica e na Inglaterra foi registrado número
recorde de itens cancelados porque não tinham resposta correta.
“Não estou dizendo que vai acontecer alguma coisa [no Enem
deste ano], mas é um grande problema fazer uma prova em um fim de semana para 5
milhões de pessoas”, ressaltou, destacando que o ministério está “somando
inteligência ao processo, a cada edição”.
Haddad também voltou a garantir que a greve dos funcionários
dos Correios não vai afetar a realização das provas.
“Estamos em contato permanente com a direção dos Correios
desde o início do movimento. A garantia que se tem é que está tendo uma
operação especializada e dedicada à distribuição das provas e cartões”,
enfatizou.
O ministro reiterou sua posição favorável às aulas em tempo
integral para o ensino médio nas escolas públicas, conforme previsto no
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que está
sendo avaliado no Senado.
“Vamos ter que oferecer segundo turno com outras perspectivas
de desenvolvimento cognitivo. A ideia é ter uma matriz de conteúdo um pouco
mais enxuta no primeiro turno, para que o professor possa aprofundar mais as
aulas, e um segundo turno que abra possibilidade de conteúdos
profissionalizantes, de cultura, inclusão digital, entre outros”, explicou.
Segundo ministro, o governo já implementou esse projeto, em
caráter experimental, em 600 escolas e a expectativa é ampliar o programa nos
próximos anos. “Vamos começar com mais força em 2012. Queremos avançar para oferecer
um ensino médio mais coerente com as expectativas dos estudantes”, disse.
O ministro informou, ainda, que o governo não decidiu como
será a ampliação da carga horária mínima das redes de ensino, proposta pela
pasta. Atualmente, os alunos cumprem carga de 800 horas distribuídas em 200
dias.
Haddad disse que a mudança só será definida após todas as
entidades convidadas pelo MEC opinarem sobre o assunto. Ele ressaltou, no
entanto, que a maioria dos educadores e gestores que já se manifestaram prefere
que haja ampliação na carga horária diária e não no número de dias letivos.
A alternativa, que a princípio poderia prejudicar as escolas
com horário noturno, porque teriam dificuldade de se organizar para oferecer
cinco horas de aula, torna-se viável com a implementação de atividades à
distância, de acordo com o ministro.
“Como o [horário] noturno está bastante concentrado no
ensino médio e a resolução do Conselho Nacional de Educação, a ser homologada,
prevê 20% da carga horária em atividades semipresenciais, as pessoas estão
enxergando nisso uma alternativa de resolver o problema”, explicou.
Com Agência Brasil