A queda na produção de leite em várias regiões da Paraíba, devido ao período de entressafra e às chuvas, está afetando a distribuição do produto pelo Programa do Leite da Paraíba, principalmente em Campina Grande e nas cidades da região da Borborema. As estimativas são de que a produção tenha caído em pelo menos 8% em todo o Estado. Das 120 mil famílias beneficiadas com o programa diariamente, aproximadamente 9,6 mil acabaram sendo prejudicadas por conta do problema. São distribuídos 120 mil litros de leite por dia, nos 223 municípios paraibanos.
“Essa diminuição é normal por conta do período, mas estamos regularizando a situação e todos os postos estão voltando a ser abastecidos”, observou o diretor de Operações do Programa, Damião Balduíno. Em Campina Grande a entrega foi interrompida em vários bairros da cidade na última sexta-feira e só foi retomada na manhã de ontem. Estimativas da coordenação do programa são de que pelo menos 30% dos 14,8 beneficiados tenham sido afetados pelo corte na entrega, o que representa mais de 4,4 mil famílias prejudicadas.
Uma das comunidades afetadas pelo corte foi o bairro de Novo Horizonte, onde 252 famílias estão cadastradas. O leite é entregue todas as segundas, quartas e sextas e é a única opção de alimentação para várias crianças carentes. “Não tenho outra coisa para as crianças. Como a gente não tem dinheiro, tem de se virar com o que tem em casa e sem o leite a situação fica difícil”, reclama Severina Alves dos Santos, de 63 anos, que pega o leite para os dois netos que cria, um com dois anos de idade e outro recém-nascido com apenas três meses de vida.
Segundo uma funcionária que faz a distribuição, Emanuela Silva Pereira, o problema foi causado por um problema na usina em Taperoá, no Cariri, e a entrega foi retomada na manhã de ontem, mas ainda não há confirmação se haverá leite para repor o que faltou durante o final de semana. “Esse pode ser o único leite da semana, pois ninguém sabe ainda se vai ter na sexta-feira”, conta Emanuela. Cada família tem direito a receber sete litros de leite por semana para cada criança cadastrada.
De acordo com Marinaldo Cardoso, coordenador do Núcleo da Fundação de Ação Comunitária (FAC) em Campina Grande, o problema começou com a chegada das chuvas e é comum nesta época do ano e está afetando outros municípios como Aroeiras, São Sebastião de Lagoa de Roça e cidades do Sertão. Em todo o Estado pelo menos 20, os mais atingidos pelas chuvas, teriam sido afetados.
“Esse período de desabastecimento é causado pela entressafra, quando a produção diminui. Muitos produtores não estão atingindo as metas e não entregam todo leite necessário. Para que possamos diminuir o impacto do desabastecimento, uma das medidas seria aumentar o número de produtores no programa, mas temos de discutir isso com a Secretaria de Agricultura”, explicou.
Atualmente a Paraíba possui 3.324 produtores cadastrados no Programa do Leite, todos pequenos produtores vinculados ao Pronasci, como determina o Governo Federal. O leite é beneficiado em 25 laticínios no Estado. O produto que chega a Campina Grande vem de usinas nas cidades de Passagem, Monteiro e Taperoá, esta última sendo a mais afetada pelo desabastecimento. O problema foi discutido na tarde de ontem durante uma reunião na sede da FAC em João Pessoa.
Do Jornal da Paraíba