11 de ago. de 2011

DEM escala jovem negro de periferia para dizer não à esquerda


Partido tenta mudar imagem e divulga a partir desta quinta novos anúncios na TV produzidos por marqueteiro baiano


O DEM vai dar o primeiro passo para tentar mudar sua imagem depois de ter enfrentado uma crise no começo do ano que quase resultou na extinção da sigla. A partir desta quinta-feira, serão exibidas na TV três inserções publicitárias produzidas pelo novo marqueteiro do partido, o baiano José Fernandes. O iG teve acesso com exclusividade aos vídeos.
Na primeira das inserções, o DEM deixa claro que quer ser visto como partido liberal, mas popular e próximo dos negros e moradores de periferia. Para isso, usa o depoimento de um jovem chamado Bruno Alves. “A esquerda não é dona da juventude e nem de quem mora na periferia”, diz o rapaz.
Bruno é um personagem real, que surgiu após uma polêmica envolvendo o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Salvador Nelson Pellegrino (PT-BA). Em junho deste ano, o petista divulgou nota à imprensa em que questionou o fato de o partido adversário querer se aproximar de um eleitorado, segundo ele, esquerdista.
“É curioso porque o DEM entrou com processos no Supremo Tribunal Federal contra o sistema de cotas raciais nas universidades e no Prouni, e agora posa de partido dos segmentos populares, negros e jovens das periferias”, afirmou na nota.
A resposta de Bruno foi quase que imediata. Em um artigo publicado no jornal A Tarde, ele reafirmou: “Sou liberal, sim, favorável a cotas sociais, que incluem a todos, independentemente da cor da dele”. E emendou: "Somos livres e idealistas suficientes para escolher o melhor caminho".
Inserções do DEM tentam mostrar cara nova do partido
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O marqueteiro José Fernandes resolveu ir atrás de Bruno e transformou-o em estrela do comercial. “O partido sempre defendeu os pobres, sobretudo na Bahia. Nós temos que ressaltar isso. Mostrar que a esquerda não é dona dos pobres”, afirmou.
Redemocratização e oposição
No segundo novo vídeo do DEM, o partido tenta resgatar o papel que exerceu em 1985, quando ajudou a eleger Tancredo Neves (PMDB) no Colégio Eleitoral. Trata-se, na verdade, da origem do DEM: a Frente Liberal, que surgiu a partir de um racha no PDS. Esse partido apoiava a candidatura do deputado Paulo Maluf, que formou seus apoios em torno dos militares.
No terceiro vídeo, Fernandes tenta ressaltar qual é o papel do DEM como partido da oposição. Para tanto, usa uma maçã para mostrar que, mesmo um fruto bonito, pode estar estragado do outro lado. Apesar do tom crítico, o marqueteiro não se esqueceu de valorizar o Bolsa Família, principal bandeira dos governos Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
O marqueteiro foi escolhido para comandar a comunicação do DEM após ajudar o oposicionista José Agripino a se reeleger como senador do Rio Grande do Norte. O caso é raro, entre os políticos do Nordeste, onde aliados de Lula e Dilma foram soberanos na última eleição. Ainda por cima, Fernandes não é caro em comparação a concorrentes. Segundo o iG apurou, recebe cerca de R$ 30 mil mensais do DEM.

IG