O fogo dominou os dois caminhões que faziam transporte de combustível. Ocupantes morreram carbonizados.
Um acidente envolvendo três caminhões - sendo dois tanques e um reboque - e um ônibus da empresa Viação Guanabara, resultou na morte de cinco pessoas, ontem pela manhã, no quilômetro 89 da BR-116, localidade de Pitombeiras, no Município de Chorozinho (região metropolitana de Fortaleza).
A colisão aconteceu por volta das 10h15. De acordo com a única testemunha do acidente, o motorista de ônibus José Silva, 55, dois dos caminhões trafegavam em sentidos contrários quando um deles forçou uma ultrapassagem e acabou batendo de frente com o outro. Um terceiro caminhão, que vinha logo atrás, também colidiu com os dois. Como dois dos veículos eram caminhões-tanque, de imediato houve uma explosão e o fogo começou.
José Silva guiava o ônibus da empresa Guanabara, que seguia de Fortaleza para Recife. Para não se envolver no mesmo acidente, o motorista foi rápido ´puxou´ o veículo para o acostamento. O ônibus desceu um pequeno barranco indo parar cerca de 50 metros depois, mata adentro. "Foi um susto muito grande, felizmente meu reflexo foi rápido e evitou uma tragédia", disse. No ônibus guiado por José Silva havia 31 passageiros. Ninguém ficou ferido.
Pouco tempo depois, uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou ao local. O policial Bandeira contou que a cena era difícil de entender. "Era um emaranhado de caminhões totalmente destruídos, no meio do fogo", contou.
SOCORRO
Equipes dos bombeiros e helicóptero mobilizados
O Corpo de Bombeiros foi acionado e uma viatura auto bomba tanque do quartel dos Bombeiros do Município de Horizonte foi encaminhada ao local. Logo chegou outra viatura de Maracanaú, seguida por uma terceira, de Fortaleza.
"Estamos resfriando a área, evitando que as chamas se alastrem, inclusive para a vegetação. Felizmente, o tempo está ajudando", disse o subtenente Paulo Catão, referindo-se à chuva que era intensa. Naquele momento, dez homens do CB trabalhavam incansavelmente no combate às chamas.
Uma quarta viatura do Corpo de Bombeiros que seguia para o local do sinistro - no sentido Interior - Fortaleza - também acabou se acidentando. O veículo saiu da pista a cerca de 11 quilômetros do local do acidente, mas ninguém ficou ferido.
De longe, policiais rodoviários e bombeiros identificaram, pelo menos, três vítimas.
PERÍCIA NA DIREÇÃO
Motorista salvou os 31 passageiros
"Estou bem fisicamente, estão me chamando de herói porque consegui salvar todos os passageiros. Mas não estou bem psicologicamente. Escutei um dos motoristas que morreu no acidente gritando por socorro e eu não pude fazer nada para ajudá-lo. Ele já estava em chamas, no meio das labaredas".
O relato emocionado do motorista José Silva, 55, dos quais 31 ele dedica à profissão de motorista do caminhão, expressa o tamanho da tragédia que viveu de perto.
Explosões
José Silva guiava um coletivo da empresa Guanabara que tinha saído de Fortaleza para Recife. Na altura do quilômetro 89 da BR-116, o motorista testemunhou a colisão dos caminhões, seguida de uma forte explosão. "Apesar de eu ter desviado bem rápido, ainda pegou um pouco de fogo no ônibus. Queimou a lateral do veículo, lá atrás. Segurei firme a direção até onde pude, até o ônibus parar", lembrava, emocionado.
Quando parou, José Silva foi em busca dos passageiros e ficou aliviado ao ver que todos estavam bem. "Foi então que saí do veículo e fui em direção acidente, lá na pista. O fogo estava alto e uma das vítimas gritava, desesperada. Eu não podia chegar perto, toda hora aconteciam explosões", lamentou.
No local do acidente, o motorista tentava, sem sucesso, telefonar para a esposa Marineide.
Na área, não havia sinal para qualquer operadora de telefone celular. Angustiado, ele solicitou à equipe do Diário do Nordeste que, quando pegasse a estrada de volta para Fortaleza, telefonasse para sua mulher e dissesse que tudo estava bem. "Ela já deve estar vendo a notícia na TV, fica muito preocupada", explicou o guiador.
No caminho de volta, a Reportagem para Marineide. Ela atendeu à ligação com a voz tensa. "Eu estava tendo uma sensação muito ruim, pensando no meu marido. Somos muito ligados", disse, aos prantos. Ao ser informada de que tudo estava bem e que na verdade José Silva ajudara a salvar a vida de outras 31 pessoas, Marineide agradeceu. "Graças a Deus! Ele foi iluminado! Agora vou acalmar a família toda", disse, antes de desligar.
Viagem
Depois do susto, os passageiros seguiram viagem para Recife em outro ônibus deslocado pela empresa. Nenhum deles sofreu ferimentos no acidente.
IDENTIFICAÇÃO
CML fará exames de DNA nos cadáveres
O trabalho de peritos no local foi demorado devido às intensas chamas que dominavam os veículos de carga
Somente no fim da tarde de ontem, a Polícia Rodoviária Federal comprovou o resultado final do acidente. Em nota distribuída à Imprensa, o órgão confirmou que cinco pessoas morreram no acidente. No entanto, nenhum nome foi revelado, já que os corpos ficaram completamente carbonizados e foram recolhidos para a sede da Coordenadoria de Medicina Legal (CML), em Fortaleza. Exames de DNA poderão confirmar as identidades das vítimas.
"O caminhão-reboque estava transportando uma Van na prancha. Não sabemos se havia mais alguém nos veículos e o fogo não nos deixa chegar perto", disse o policial rodoviário Bandeira quando ainda estava no local do desastre. Cerca de uma hora depois, uma aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciopaer) também chegou ao local. "Viemos prestar Socorro a possíveis feridos, mas, infelizmente, não há o que fazer", disse o delegado da Polícia Civil Francisco Alves de Paula, copiloto do helicóptero que estava sob o comando do major Jonas.
Perigo
Enquanto a Reportagem do Diário do Nordeste permanecia no local do desastre, as explosões aconteciam a todo o instante, seguidas de altas labaredas, o que representava um risco até para os profissionais que estavam trabalhando ali.
Por esta razão, todo o trânsito da BR-116, naquele trecho, foi interrompido. Uma imensa fila de veículos se formava nos dois sentidos da rodovia.
De emergência, a PRF traçou planos de desvios para os motoristas que trafegavam pela rodovia, situação que perdurou durante toda a tarde. Só à noite, a situação se normalizou.
Diário do Nordeste