1 de ago. de 2011

"BOLSA PRIQUITO": O cultivo da preguiça

Por Clodoaldo Melo

O trabalho é a coisa mais importante na vida de um homem. Escutamos e lemos em depoimentos de tantos que suas emoções maiores foram quando receberam os primeiros salários do primeiro trabalho.

A Bíblia nos manda viver do suor do rosto. Os dois filhos de Adão já viviam do trabalho. Era um na agricultura e o outro pastoreando ovelhas.

Vê-se nas sociedades, através da história, que são poucos os grupos que viveram do trabalho fácil: os ciganos, os corsários, os ladrões, os militares, os religiosos e as famílias reais. O resto vivia da luta diária seja na doma dos animais, lutando contra os elementos da natureza, extraindo riquezas das entranhas da terra ou plantando e colhendo sob as intempéries do tempo.

Viver do trabalho tem sido a máxima universal. É assim no mundo inteiro. Mas, agora, no Brasil, há algo subversivo no ar: viver sem trabalhar, viver de bolsas! Sim, receber sem atraso o dinheiro que não se fez jus no período que se teria de oferecer a contrapartida: o trabalho. É bolsa pra cá, é bolsa pra lá. É tanta bolsa que existe até a "bolsa priquito": o casal pobre que fizer um menino receberá a quantia de R$ 1.800,00(hum mil e oitocentos reais), se já não houve aumento.

Essa "bolsa priquito" é uma bolsa extra e é de maior valor entre as demais. É a bolsa da compra de uma moto velha e muitas vezes roubada. Conheço um cara que a mulher dele teve um aborto no sétimo mês de gravidez. Esse cara queria matar o médico, ele dizia: "Esse médico me deu um prejuízo, perdi R$ 1.800,00!" Ele não lamentava a perda do filho, mas a perda da moto... Foi preciso entrar até o sogro do desditoso para tirá-lo do plano de dar cabo à vida do médico que fazia o pré-natal da parturiente.

Eis as únicas contrapartida ou condicionalidades para que o beneficiado passe a receber as bolsas sociais: apresentação do cartão de vacinação, inscrição no Sistema Nacional de Emprego(só existe nas grandes cidades) e justificar atividades voltadas para a qualificação e requalificação profissional(onde é que fica isso?). O trabalho não entrou em nenhuma das condições para se fazer jus às bolsas. Assim o trabalho não está sendo ensinado como uma coisa legal, benéfica, dignificante e respeitosas. É comum ouvir de certos beneficiários que "tenho bolsa e não preciso trabalhar pra ninguém e nem pra mim. Final do mês recebo o meu, volto e me deito".

Os oito anos do governo de Lula e o de Dilma criou o maior exército de desocupado do mundo. A alguns petistas sugeri: que se dê as bolsas tudo bem, mas exija algo em troca, como: reparar as cercas de seu pedacinho de terra, cavar uma cacimba atrás de casa, criar miunças(ovelhas e cabras), plantar um pedacinho a mais de sua roça, etc. Alegaram que era difícil cobrar isso. Retruquei que não cobrem, mas façam uma campanha educativa no rádio e televisão. Nada fizeram e nem vão fazer. No governo do PT que já vai para os dez anos há o desejo e a ação revolucionária de manter-se no poder pela inversão dos valores. As bolsas ensinam que é melhor se viver de migalhas do que lançar-se ao trabalho diário; que o trabalho é uma coisa difícil e absurda. As bolsas divorciam o homem do trabalho. Isso é um experimentalismo perigoso. Nenhuma nação do mundo cresceu sem trabalho duro e árduo. A dificuldade aguça e faz brotar a engenhosidade humana.

Existe uma condição para que o beneficiário perca a bolsa rapidinho: colocar o filho menor para ajudar o pai. Conheço um cidadão pobre e honesto que foi chamado na Secretaria Municipal de seu município porque seu filho lhe ajudava à tarde. E me contou o agricultor: "Meu filho passava a manhã com a professora e a tarde comigo. Foi proibido. Eu saia para o roçado e meu filho ganhava o mundo só chegava de noite. Hoje faz coisa errada, é bandido!". A filosofia do governo é deixar crescer para ensinar a trabalhar. Eu nunca vi se amansar boi e nem cavalo aprender a marchar depois de velhos...

A presidente Dilma assim que entrou pensou em aumentar as bolsas. Por outro lado, os funcionário públicos federais, particularmente os funcionários do Poder Judiciário, a um ano e seis meses que lutam por um Plano de Cargos e Salários. Enquanto se aumenta as bolsas de quem recebe e nada produz, congela-se o salário de quem dar expediente e trabalha como o pessoal da Justiça do Trabalho que é a mais célere do Brasil. D. Dilma, por justiça, se ser justa é congelar os salários de quem trabalha, congele-se também, as bolsas do que nada fazem.


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