O homem não deve estar a serviço da lei, mas a lei deve estar a serviço do homem. Foi seguindo este preceito que Jesus Cristo marcou sua época e continua influenciando a humanidade até hoje. Para Ele, mais importante que cumprir a lei era resgatar o homem. Em sua passagem pelo mundo, causou alvoroço na sociedade em que vivia ao dar atenção à parcela mais desprezada da população, como doentes e prostitutas, por serem considerados pecaminosos. Ao invés de rejeitá-los, como seria natural, Jesus tratou-os com amor, falou com eles e deixou ser tocado por eles. Como aconteceu com a mulher que sofria com o fluxo de sangue, a qual foi curada por Jesus. Segundo lembra o filósofo Fausi dos Santos, o sangue para os judeus era algo extremamente impuro. Por conta disso, não comem carne que tenha uma gota sequer de sangue. É uma regra que foi contestada por Jesus, quando ele disse que o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai dela. Jesus utilizou de uma pedagogia avançada para a época ao usar parábolas para passar ao povo seus ensinamentos. A simplicidade dele e de suas palavras seduzia as pessoas mais simples, que, por conta disso, identificavam-se com ele. Para Fausi, a simplicidade foi o grande diferencial de Jesus. Embora, ele fosse simples em seu modo de falar, parte de seus ensinamentos tornou-se incompreensível para uma parcela do povo judaico, principalmente os políticos da época. “Quando Jesus falava de um novo reino, isso incomodava os políticos porque eles imaginavam algo físico, atrelado ao poder material. Quando se deram conta de que Jesus falava de outro reino, com base no plano espiritual, era tarde demais. Jesus já havia sido julgado e condenado”, explica Fausi. O filósofo lembra que, ao contrário dos profetas que vieram antes de Jesus, o filho de Deus não trouxe um discurso apocalíptico. O tom era mais voltado à pregação do amor, da vida e da salvação. Data do nascimento é cercada de incertezas Sobre o nascimento de Jesus, a única certeza é que o fato aconteceu. Dizer quando aconteceu é uma discussão cercada de mistérios e polêmicas. A Bíblia não traz nenhum registro sobre data. As igrejas cristãs celebram o nascimento em dias diferentes e os cientistas não concordam com nenhuma das duas. Pelas análises de relatos históricos e bíblicos, Jesus nasceu em uma época mais próxima aos meses de março e abril. Cientistas argumentam que dezembro é uma época de frio intenso em Israel, região onde Cristo nasceu. Portanto, alguns fatos narrados pela Bíblia como a viagem à pé dos Reis Magos e o pastoreio de ovelhas ao ar livre à noite seriam pouco prováveis. De acordo com o cientista da religião, Antônio Carlos da Silva Barros, o nascimento de Jesus é comemorado no dia 25 de dezembro porque nessa época do ano eram realizadas na Mesopotâmia algumas festas. Entre elas, uma dedicada ao deus Saturno, que começava em 17 de dezembro e terminava em 1 de janeiro. No meio desta festa, ocorria o que se chama de inverno do solstício. Segundo o cientista, é quando o sol amanhece fraco e ganha força, chegando à sua plenitude. “Era a festa do nascimento do Sol”, explica Antônio Carlos. E essa festa era celebrada sempre no dia 25 de dezembro. Por volta dos séculos III e IV, o cientista relata que os romanos começaram a viver uma conversão ao cristianismo e os cristão se apropriam dessa festa. Ao invés de dedicá-la ao deus Saturno, passam a oferecê-la ao novo Sol, que é Jesus Cristo. “A partir daí, os cristãos passam a celebrar o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro”, diz. Já a igreja cristã ortodoxa, mais centrada no Oriente, celebra a data um pouco depois, no dia 6 de janeiro. “Não sabemos o dia certo. Alguns dizem que foi em abril. Até hoje, não existem elementos históricos que comprovam a data”, comenta. Segundo Antônio Carlos, naquele tempo não existia preocupação com datas. Mesmo no Brasil, ele cita que não havia, até cerca de 200 anos atrás, o costume de documentar com exatidão os nascimentos. “Independentemente de data, a existência de Jesus é comprovada. A presença dele no mundo é aceita tanto em um contexto teológico quanto em um contexto histórico. Isso não tem como negar”, afirma. O Natal é uma celebração litúrgica que lembra o nascimento de Jesus. Segundo o cientista, mesmo diante de uma sociedade consumista, preocupada com os presentes, com as viagens, com a roupa nova, o espírito natalino é mais forte. “Ele supera a visão consumista. Faz com que as famílias se reúnam para celebrar. O espírito de natal é celebrativo, ele está além da história, da geografia e da ciência”, completa. |
Fonte: JC