Por Evaldo Gonçalves
Ao mesmo tempo em que se divulga que as obras da transposição das águas do São Francisco estão ultrapassando os limites dos 50% do seu cronograma de execução, cabendo do percentual total quase 70% ao eixo leste e pouco mais de 40% ao eixo norte, os jornais sulistas já começam a publicar que as águas transplantadas para o nordeste setentrional serão as mais caras de todo o sistema hídrico do país. Insinuam eles, como sempre o fizeram, que a maior realização em favor do nordeste brasileiro, dizemos nós – o usufruto das águas do Velho Chico por 12 milhões de nordestinos espalhados pela Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, - teria, segundo eles, um custo de tão alto que inviabilizaria o seu aproveitamento pelos mais pobres, beneficiando somente os empresários do agronegócio.
Essa concepção de que o capital somente deve servir às leis selvagens do sistema capitalista, sem responsabilidade social com os mais pobres, está plenamente ultrapassada. É coisa do passado. Hoje, o que predomina é o entendimento de que as riquezas naturais disponíveis e as políticas públicas devem atender prioritariamente ao interesse social, ou seja, não haverá distribuição justa de renda sem o benefício pleno de todos. Age bem o atual Governo do Presidente Luiz Inácio da Silva, certamente, a ser continuado com a presidente eleita, quando prioriza as necessidades vitais da maioria do povo brasileiro, dando-lhe oportunidades para agregar valores que representem bem-estar pessoal e desenvolvimento coletivo.
Para o abastecimento d’agua do consumo humano e irrigação, não há preços nem custos exorbitantes, ou economicamente impraticáveis. Cara e cruel é a falta dágua para dessedentar os nordestinos, seus parcos rebanhos e para alimentar a irrigação, que deve servir às cooperativas de pequenos e médios produtores rurais. Naturalmente, os Governos Federal e Estadual, cada um dentro de seus limites, saberão estabelecer critérios reguladores para o uso das tão esperadas águas do Velho Chico, compatibilizando o custo do benefício com o mercado e as condições sociais dos seus destinatários.
Depois de vencidos tantos obstáculos; anos e mais anos de expectativas vãs; pressões ilegítimas de forças ocultas, a serviço do capital desumano e dos vícios e práticas os mais condenáveis, acobertados inadvertidamente até por pastores religiosos e artistas do MPB, então estão tentando criar mais um factoide: o insucesso financeiro da obra para inviabilizarem a sua conclusão, como se ela, antes de tudo, não fosse uma solução definitiva para muitas de nossas agruras sociais. Está na hora, até tardiamente, de se pensar mais na nossa unidade política, que só se completa com o desenvolvimento econômico e social de todo o nosso povo. Bem-vindas as águas do Velho Chico!
fonte: paraibaonline.com.br