Chico Science |
O Rock é conhecido pela transgressão e arrebata o ocidente
juntamente com o imperialismo norte-americano. O Plano Marshall - medidas para
financiar a Europa destruída na II Guerra - transformou os ianques em
queridinhos. Justamente quando os EUA começam a ganhar notoriedade mundial, vem
um ritmo com raízes negras e conquista o mundo. Fato inaceitável para a elite
branca e conservadora, adepta da diferenciação entre negros e brancos.
Independente desses, o Rock merecia respeito e isso veio com o tempo.
O Brasil ficou de fora do Plano Marshall (obviamente), por
outro lado teve acesso a euforia do Rock. Se nos EUA o ritmo surgiu à margem da
sociedade, no Brasil o Rock é adotado primeiro pelas camadas mais abastadas e,
posteriormente, pelos demais segmentos. O ritmo é popularizado por Raul Seixas.
Garoto baiano, branco, classe média alta e amigo dos funcionários da embaixada
estadunidense. O resto, todo mundo sabe.
Na década de 1980, o Rock brasileiro chega à mídia. O
processo de abertura política ofereceu um terreno fértil para o gênero. O fim
do regime militar trouxe novas esperanças ao Brasil, a música - mais uma vez-
segue a vida social. A sociedade buscava formas de exprimir o descontentamento.
A efervescência do Rock atendia aos anseios de um país sufocado por duas
décadas de repressão. Titãs, Legião Urbana, Ira! Ultraje a Rigor, anunciavam as
mudanças - nem tão novas assim.
O BRock origina-se na classe média brasileira. Fenômeno que
acompanha a vida social brasileira, da Independência até hoje. A pátria que nos
pariu é carente de movimentos artísticos, políticos e culturais originados das
massas. O Rock brasileiro trilhou o mesmo caminho. O BRock tem um aspecto
positivo, quebrou a hegemonia da Bossa Nova. Nas palavras de Raul Seixas, “o
Rock era graxeira - gíria atribuída às pessoas pobres, intelectual ou
financeiramente” e a Bossa Nova, para pessoas ricas ou sofisticadas.
Na década de 1990, o BRock sofre outra reviravolta. O
Nordeste entra em cena novamente. Pernambuco é o quartel-general do Manguebeat,
movimento artístico originado em Recife. Chico Science, garoto pobre, nascido
em Olinda e porta-voz dos mangueboys. Se Raul juntou Rock e Baião, Chico
fertilizou o Rock com a estética do mangue. Maracatu, caboclo de lança,
caranguejo. Este são termos que passaram
a fazer parte do Rock Brasil. Graças ao jardineiro do mangue, Chico Science e
seu “bando”, o Rock Tupiniquim ganhou o mundo.