De olho na eleição de outubro, D. Aldo lembra que lugar de
padre é na igreja
Orientação do Papa Bento XVI é para que os padres não se
envolvam na política partidár
O arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo Pagotto, voltou a
alertar ontem que a Igreja Católica não apóia a participação de padres na
política. Segundo ele, a orientação é antiga, mas que deve ser reeditada a cada
eleição, com o objetivo de alertar a todos, que lugar de padre é na igreja,
celebrando missas, e não disputando cargos eletivos e nem envolvidos em
política partidária.
De acordo com Dom Aldo, a orientação do Papa Bento XVI é
para que os padres não se envolvam na política partidária, por entender que
este é um papel a ser assumido pelos leigos. No entanto, apesar da proibição há
padres que decidem se candidatar e levam adiante os mandatos eletivos.
“Aqueles desejarem se candidatar ou que ocupam cargos
eletivos tem que se afastar a função ministerial. Cabe a Igreja a tarefa de
exigir competência dos candidatos, mas não de se envolver no processo
eleitoral, como muitos padres fazem. O fato de algum padre, de algum frade, por
teimosia se candidatar, ele faz em nome próprio. Ele não terá o apoio da
Igreja”, garantiu.
Dom Aldo ressaltou, que além da orientação do papa Bento
XVI, o Código de Direito Canônico proíbe o envolvimento de padres na política.
“Caso um padre seja eleito, ele não poderá ter nenhum cargo eclesiástico. Não é
o caso de brigar com os religiosos que desobedecem as orientações da Igreja.
Nós não vamos brigar porque obedece quem tem juízo e bom senso”, comentou.
Atualmente apenas o padre Luiz Couto e Frei Anastácio ocupam
cargos eletivos. Ambos são do PT e foram eleitos, respectivamente, nas eleições
do ano passado, como deputado federal e deputado estadual.
O arcebispo lembrou ainda, que um padre em sua paróquia não
pode se comportar como um “cabo eleitoral”, ou usar o sermão da política para
difundir idéias e pensamentos políticos. “É válido destacar que aqui no Estado,
todos os padres que estão exercendo cargos políticos estão afastados de sua
missão sacerdotal, podendo apenas celebrar uma missa aos domingos, mas sem sair
de uma paróquia para outra fazendo pregação”, afirmou.
Dom Aldo anunciou ainda, que como vem fazendo desde 2004,
quando assumiu a Arquidiocese da Paraíba, que vai reeditar uma cartilha
educativa que igreja sempre distribuiu com seus fieis em ano eleitoral,
contendo informações e orientações para ajudar a pessoas escolher os candidatos
em quem vão votar.
“A cartilha vai ser atualizada, mas a orientação será sempre
a mesma, pautada na ética e voltada para formação de uma consciência política
nas pessoas e da garantia de políticas sociais e redução das desigualdades”,
declarou.
Correio da Paraíba