Daniel Robson Gomes de Macedo
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
PRODEMA - UEPB/UFPB
Na ultima semana foi comemorada a semana do meio ambiente, mas me pergunto, nós temos o que comemorar? Infelizmente não, pois Pedra Lavrada não tem uma consciência ambiental em suas gestões. Se observarmos bem, veremos que nossa cidade está repleta de impactos ambientais (alterações no meio ambiente ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade humana) e nada é feito para diminuir ou mesmo reparar esses impactos.
Segundo o Dicionário Aurélio, meio ambiente é “aquilo que cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas”, porém uma explicação mais correta seria: meio ambiente é o “conjunto de fatores naturais, sociais e culturais que envolvem um indivíduo e com os quais ele interage, influenciando e sendo influenciado por eles” (Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais - Lima-e-Silva, 2000). Observando esses dois conceitos de meio ambiente podemos concluir que nós seres humanos fazemos parte desse meio e interagimos diretamente, ou seja, necessitamos dos outros componentes desse meio para sobrevivermos. Então, porque nós não nos preocupamos da forma devida com o meio ambiente de que tanto precisamos? Não é de hoje que o homem vem extraindo do ambiente todos os recursos que ele dispõe, porém há muito tempo essa relação do ser humano com o ambiente era muito mais harmônica, ou seja, o homem retirava do ambiente apenas o que era necessário a sua sobrevivência. No entanto, com o advento do capitalismo desenfreado nós nos esquecemos de apenas sobreviver e cada vez queremos mais e mais, mesmo que isso prejudique nosso próprio futuro no planeta.
Alguém pode pensar, mas eu tenho que ganhar dinheiro e para isso tenho que impactar o ambiente. Sim isso é verdade, pois se observarmos todas as nossas ações, de certa forma, causam impactos ambientais. Contudo, nós podemos amenizar esses impactos ou devolver uma parte do que retiramos da natureza. Nós como cidadãos temos direitos e deveres e não devemos apenas esperar do poder publico para que possamos ter um ambiente saudável para nós mesmos, nossos filhos, netos bisnetos e demais gerações.
Como previsto em lei é dever dos governantes e dos cidadãos à pratica de ações que visem a preservação e a recuperação ambiental, pois como está escrito no capítulo VI, artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
Retornemos então ao nosso município, onde infelizmente podemos apontar alguns impactos e praticamente nenhuma ação para diminuição ou mesmo recuperar os danos decorrentes desses impactos. Como exemplos claros desses impactos podemos citar: impactos causados pela mineração, um dos principais vilões, pois a degradação ambiental decorrente é enorme; os esgotos que não têm uma destinação adequada, ficando sempre exposto (a céu aberto) ou sendo acumulados em “açudes” que podemos afirmar que são enormes fossas; a destinação do nosso lixo, que fica sempre amontoado em lixões e quando um local não suportar mais outro será usado como novo lixão; os desmatamentos para obtenção de lenha, levando futuramente a desertificação do terreno onde foram retiradas as árvores; e por fim mas também não menos importante, a caça predatória, onde perdemos muito de nossa diversidade animal.
Então o que nós podemos fazer para amenizar nossos impactos ao ambiente sem que para isso tenhamos que parar de extrair os recursos que ele nos dispõe. Podemos buscar um desenvolvimento de forma sustentável com ações de preservação e recuperação ambiental. A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. E é isso que devemos pregar e praticar.
Aqui em nosso município nós podemos cobrar mais ações da empresa mineradora, que após anos de extração vem com alguns projetos de reflorestamento e ciclo de palestras, vamos então aguardar se esses projetos serão duradouros e vamos cobrar mais, pois lembrem que o ambiente é comum a todos e precisamos dele saudável. E não podemos nos admirar com esse mínimo que a empresa “decidiu” fazer, pois pelo que ela extrai deveria fazer muito mais (leiam o artigo do Walter clicando aqui).
Com relação aos esgotos, temos que cobrar de nosso gestores uma destinação adequada ou tratamento dos esgotos antes que cheguem aos açudes para que não virem enormes fossas, pois se apenas “arrombarmos” os açudes, os esgotos terão outros destinos que também não serão adequados, temos então que planejar.
Para diminuirmos os lixões podemos fazer uma coisa muito simples que é a coleta seletiva, ou seja, podemos separar o lixo que poderá ser reciclado do lixo que irá para o lixão, isso diminuiria significativamente a quantidade diária de lixo enviado aos lixões. Porém, outra medida pode ser tomada, a criação de um aterro sanitário, onde o lixo teria um destino adequado e ainda seriam gerados empregos, mas o principal problema de um aterro sanitário é o alto custo da obra, mas que pode ser sanado com projetos junto ao governo federal e em comum acordo com outras prefeituras próximas para que se dividam as despesas e todos utilizem aterro.
No caso dos desmatamentos, ao invés de cortar árvores nativas podemos cortar algaroba que não é de nossa região, mas se adaptou muito bem e por ser uma planta muito competitiva consegue se sobressair sobre nossas árvores nativas, no lugar da algaroba podemos reflorestar com plantas nativas da caatinga, obtendo assim novamente a beleza de nossa cobertura vegetal que é tão peculiar. Já as caçadas poderiam ser concentradas fora da época de reprodução dos animais, isso aumentaria consideravelmente a quantidade de animais e diminuiria os impactos causados pelos caçadores.
Para finalizar peço apenas que pensemos um pouco mais em nosso meio ambiente, pois ainda há tempo para vivermos em um mundo melhor e devemos lembrar que um dia poderemos não ter mais um ambiente a nossa disposição.
Para refletirmos; “Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos e, esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso planeta”.
Espero humildemente que eu possa ter contribuído para que nossos munícipes passem a pensar um pouco mais nas questões ambientais.