Três pesquisas indicam a possibilidade da criação de vacinas contra os quatro tipos de dengue no Brasil que poderão ser usadas no programa de imunização do Ministério da Saúde. O desenvolvimento das vacinas segue critérios internacionais de homologação de produtos farmacêuticos para uso humano, com três fases de testes de segurança e eficácia testada em amostras consecutivas.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantan, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, também fazem pesquisas para criar uma vacina contra a dengue. Se conseguirem desenvolver as vacinas, as patentes serão nacionais.
De acordo com o diretor médico de ensaios clínicos do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso, a primeira fase de estudos clínicos terá início no segundo semestre, com pessoas adultas que não sofram de diabetes nem de hipertensão e que não tenham problemas nos pulmões ou no coração, bem como nunca tenham tido dengue ou febre amarela.
"O objetivo principal é demonstrar a segurança da vacina", afirma Precioso. De acordo com ele, a vacina foi testada em macacos nos Estados Unidos. A patente da vacina testada foi cedida com exclusividade para o Butantan pelos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health - NIH).
Já em Bio-Manguinhos, duas vacinas estão sendo desenvolvidas. A primeira experiência, exclusiva, é uma vacina recombinante feita a partir do vírus da febre amarela e do vírus da dengue. A outra tentativa, mais adiantada, é feita em parceria com o laboratório belga GlaxoSmithKline. Essa vacina está em estágio pré-clínico, com testes em animais.
Segundo a bióloga Helena Caride, que gerencia os projetos de desenvolvimento tecnológico das vacinas em Bio-Manguinhos, a intenção é fazer uma vacina que só exija duas aplicações em intervalo mais curto do que o da vacina em teste pela Sanofi Pasteur.
Helena lembra que o desenvolvimento de vacinas contra a dengue no Brasil não permite descuidar do combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus. "Ainda temos um caminho bastante longo para ter essa vacina no mercado e não sabemos como essa vacina vai se comportar. É muito importante continuar batalhando no combate ao mosquito vetor", ressalta Helena, ao lembrar que "só a ciência de ponta não consegue fazer sozinha. O saneamento básico é fundamental. Questões de cultura e educação no Brasil também são fundamentais para melhorar a saúde pública", argumentou.