Nunca curti muito a cantora Rita Lee. Tem a voz fraquinha e suas músicas são muito bestas. Nascido nos matos, me identifico muito com o forró e com o brega. Adoro as músicas de Flávio José, o cantador de Monteiro. Também gosto de Pinto do Acordeon, o mago da sanfona e do cantar bonito. Não perco um chamego de Genival Lacerda e conheço de cor quase todas as letras das músicas de Luiz Gonzaga. Todos eles cantam a vida do povo sertanejo, o sofrimento do nordestino, mas também falam de amores, de paixões, de safadezas, em suma, de tudo aquilo que povoa o nosso mundo. Quanto aos bregas, estes são a alma de nossa gente e amenizam a nossa dor de cotovelo com as suas letras chorosas e choronas.
Pois foi bem feito pra nós. Com tanta gente boa ao nosso redor, fomos contratar Rita Lee para cantar no raiar do novo ano. A dita cuja embolsou 200 mil reais de cachê e agradeceu mandando o povo invadir os camarotes do prefeito e do governador, por considerar os nossos políticos uns bostas.
Claro que o seu procedimento não foi digno dos maiores encômios, porque ao mesmo tempo em que esculhambava os seus contratantes, botava no bolso o dinheiro do show. Deveria ter jogado o dinheiro pra cima e mandado o povo pegar. A festa seria mais arretada e ela se tornaria a musa dos paraibanos. Mas não fez isso. Embolsou a bufunfa e jogou merda no ventilador. Se tivéssemos vergonha, pensaríamos duas vezes antes de convida-la outra vez. Mas os provincianos da Paraíba adoram ser humilhados por gente do sul. Notadamente quando se trata de artista feito Rita Lee, a musa do sexo anal como propagam por Oropa, França e Bahia.
Com os 200 mil pagos a Rita, teríamos shows de Pinto, de Tom Oliveira, de Flávio José, de Genival Lacerda e de muitos outros artistas que cantam a genuína música nordestina. O povo teria festejado e retornado com saudade para casa. Mas não. Trouxeram uma artista de plástico para fazer exatamente o que se condenava há pouco tempo nas festas juninas.
Que a lição não seja esquecida.
Tião Lucena