16 de jan. de 2012

A rasteira em Agra foi tramada em uma granja em Jacarapé; RC detonou o prefeito, que ouviu tudo em um grampo


MATÉRIA PUBLICADO NO BLOG DO DÉRCIO

EXCLUSIVO - A cena que descrevo a seguir aconteceu na primeira semana de janeiro em uma granja lá nos arredores da praia de Jacarapé, em João Pessoa, e gerou um grampo ambiental que levou o prefeito Luciano Agra a renunciar sua candidatura após ouvir o deboche que RC fez dele e as gargalhadas do Coletivo.
Luciano Agra
De uma hora para outra a rodovia ministro Abelardo Jurema ficou congestionada por carros oficiais e particulares e alguns ciclistas que pedalavam naquela manhã de quarta feira tiveram a impressão de que tratava-se de uma comitiva oficial em visita as obras do Centro de Convenções ou de um comboio disfarçado trazendo marginais ao presídio PB1.
Quase acertaram. A bordo daquela movimentação estavam autoridades municipais e estaduais, inclusive o governador Ricardo Coutinho, mas não queriam inspecionar a obra parada do Centro de Convenções, nem muito menos se dirigiam em carreata ao presídio de segurança máxima de Jacarapé.
Os carros saíram da rodovia litorânea, seguiram por uma estrada vicinal e, um a um, entraram em uma granja para uma reunião que decidiria o futuro de um membro histórico do Coletivo RC. Luciano Agra.
Reunião iniciada, tramaram mecanismos para, na próxima reunião, trazer o prefeito Luciano Agra ao corredor polonês e, sob a pressão de uma pesquisa forjada, fazê-lo desistir.
Todos concordaram e o governador Ricardo Coutinho fez críticas pesadas ao aliado e deu carta branca para Nonato Bandeira por em curso a traição ao amigo.
Antes de fazer a roda do tempo avançar até a conversa que Agra teve com Ricardo na última sexta, volto ainda mais no calendário até a metade do ano de 2011, quando soube por fonte segura que Nonato Bandeira estava financiando jornalistas da oposição para bater em Agra.

Um deles, que vou resguardar o nome, me procurou em nome de Nonato já agora após a licitação da SECOM e me disse que o secretário de Comunicação do Governo do Estado queria ter uma conversa comigo.
Perguntei o porquê e ele abriu o jogo:
- Quer saber se você topa repercutir algumas notícias em seu blog do interesse dele.
- Por exemplo? - Insisti.
- Ele quer lhe municiar para você bater em Agra.
Encerrei a conversa me dizendo decepcionado com o colega que a bem pouco tempo cerrava fileiras comigo no combate ao autoritarismo do governador e fiquei ainda mais decepcionado com alguns colegas que, segundo o intermediário de Nonato, estavam a serviço da SECOM para fritar Agra.
Voltando a reunião na granja de Jacarapé, um dos participantes grampeou o ambiente e gravou toda a conversa e depois levou tudo de bandeja para Agra saber o que estavam tramando contra ele.
Incrédulo, Agra ouviu toda trama e ficou revoltado com a opinião de alguns participantes sobre ele, principalmente como o governador o definiu, chamando-o de trapalhão e imitando-o, dizendo que só sabe gaguejar... "é,é,é..."
Estelizabel
Agra passou os dias seguintes  matutando e relembrou que Ricardo não esteve em seu aniversário, mas foi ao lançamento do blog de Estelizabel (foto), secretária de Planejamento da PMJP, figura que a inteligência dos conspiradores plantou na mídia como Plano B, mas que também foi utilizada como marionete pelo maquiavélico Nonato Bandeira, o urubu por trás de toda a carniça que necrosaria a candidatura de Agra.
Sábado, sete de janeiro de 2011, dois dias após a reunião, um instituto de pesquisa que vou resguardar o nome, inicia a coleta de dados da pesquisa tramada na reunião dos conspiradores.
No domingo um fiel escudeiro do prefeito foi até a sua casa e lhe contou que foi abordado em uma pesquisa e que o questionário estimulado tinha o nome de Nonato Bandeira, Estelizabel e Bira.
Agra juntou as pedras e o sangue começou a subir a cabeça. Durante a semana um aliado disse na mídia que ele tinha feito mais por João Pessoa do que Ricardo fez. Abordado por jornalistas, ele concordou com o aliado.
- Fiz mesmo mais do que ele como prefeito desta cidade.
Enquanto isso, a boca miúda nos corredores do Centro Administrativo Municipal a rádio pião anunciava que Agra já estava rifado pelos secretários ligados a RC e que Estelizabel era a bola da vez.
Soube que Ricardo estava P da vida com o aumento que Agra deu aos professores, muito melhor do que o que ele deu, e que no dia que o prefeito foi perguntado se demitiria os quase 15 mil comissionados, como tem feito Ricardo, sua resposta dizendo que não era louco irritou o governador e jogou fermento na sede que Nonato Bandeira tem de ascender na cena política na sombra do seu chefe.
Finalmente, chegamos a última sexta feira e lá foi Agra conversar com Ricardo sabendo que ele já estava com a pesquisa tabulada e montada em mãos para a qualquer momento puxar o seu tapete.
Agra inverteu o jogo e foi para o ataque ao dizer a RC que sabia que o Coletivo se reuniu sem a sua presença e que lá tramaram sua renúncia.
Ricardo, como Agra já esperava, negou que tivesse havido a reunião.
Seguro e municiado pelo grampo que lhe foi repassado por um dos participantes, Agra encarou Ricardo e disse que estava decepcionado com desfecho de uma amizade leal e que sua angustia era saber que até ele lhe detonou.
Quando Ricardo ia voltando a negar tudo Agra sacou do bolso da calça um CD com a gravação e de uma pasta retirou as folhas com a degravação, que começou ler.
Ao final, um ligeiro bate boca e Agra saiu revoltado e concluiu que realmente o traído é sempre o último a saber.
A partir daí  todos sabem do desfecho. Agra redigiu a carta renúncia e foi entregá-la ao governador e, apesar de amargurado ainda esperava dele um gesto, mas ao ser recebido com frieza, voltou para casa revoltado.
Os desdobramentos dessa decisão só com o passar dos dias. Mas vale citar alguns caminhos paralelos nesse folhetim mexicano.
1.   Após a reunião na granja de Jacarapé, Nonato Bandeira foi para a Europa e circula a informação que não volta para a SECOM, podendo assumir em seu lugar o seu porta voz Luís Torres. 
2.   Circula a informação de que Ricardo vai costurar um acordo com o PT nacional numa operação que alçaria Luis Couto a cabeça de chapa, abrindo a vaga de federal para Jeová e mais quatro secretarias para distender e acabar de vez com o racha no partido. Nesta hipótese, outro Luciano dançaria. O Cartaxo. 
Tenho convicção de que  o  trabalho vigilante da imprensa livre investigando escândalos como os da merenda, Cuiá, gari, vassouras e dos livros queimaram o filme de Agra, mas não é o fato de trocar de marionete que o lixo vai sumir debaixo do tapete. 
Seja quem for carregará o piano de sua gestão impopular e escandalosa.
Há problemas graves vindo à tona e por enquanto estão estacionados no MPF e MPE.
Agra sabe que corre risco de virar o bode expiatório dos rombos da gestão que herdou e quando foi rifado sentiu que foi jogado aos urubus.
A pergunta é: ele rompe ou fez voto de silêncio com medo do jogo pesado?
Só saberemos com o desenrolar dos fatos.