Para muitos, um herói. Para outros, o inimigo “número um” dos video games. George Hotz, também conhecido como GeoHot, é um dos hackers mais famosos dos últimos anos, atingindo esse posto após desbloquear um dos sistemas mais “lacrados” de todos os tempos: o PlayStation 3.
Liberando os sistemas a rodarem jogos não originais, a alteração prejudica a Sony (empresa fabricante do PlayStation) e todas as produtoras e desenvolvedoras de games associadas. Ele também é conhecido por ter desbloqueado o iPhone, criando jailbreaks para várias versões do sistema operacional portátil da Apple.
Disputas judiciais
Nem todas as suas ações repercutiram tanto quanto o desbloqueio dos PlayStation. Isso porque a Sony luta com todas as forças para manter o seu sistema sem alterações (desautorizadas) de qualquer tipo. Hoje, a empresa japonesa está com vários processos contra o hacker norte-americano.
São ações relacionadas a quebra de patentes e desacordo com os contratos de licenciamento. A primeira vitória da Sony foi uma ordem de restrição para Hotz, que ficou proibido de mencionar os nomes “Sony” e “PlayStation” ou divulgar versões modificadas de softwares em qualquer meio digital, o que inclui fóruns, sites, redes sociais e vídeos.
Não respeitando a decisão da justiça, em fevereiro deste ano Hotz publicou um vídeo no YouTube para desafiar a Sony. No vídeo, ele canta um rap próprio, no qual solta algumas ofensas contra a empresa. Entre as frases de maior impacto, estavam: “Cry to your uncle Sam” e “I’m the personification of freedom to y’all”.
A primeira delas diz para a Sony ir “chorar com o Tio Sam” (apelido dos Estados Unidos) e, na segunda, ele se declara a personificação da liberdade para todos. Há também várias outras frases que são um pouco pesadas para que sejam colocadas neste artigo.
A fuga para a América Latina
GeoHot foi obrigado pela justiça norte-americana a entregar todos os seus eletrônicos (incluindo discos rígidos e video games) à Sony. E apesar de todas as frases de efeito, quando isso ocorreu, Hotz não resistiu à pressão e decidiu fugir para a América Latina. Há várias fontes internacionais que confirmam a fuga para a Argentina.
Uma destas fontes é uma declaração da Sony. Quando a SCEA (Sony Computer Entertainment of America) pediu os discos rígidos do hacker, o advogado dele informou que ele não poderia responder aos pedidos naquele momento, já que estava na América Latina. Inicialmente na Argentina, não demorou para que George Hotz encontrasse formas de fugir para outro país – o Brasil.
Encontrando abrigo no Brasil
Após duas semanas em Buenos Aires, George Hotz foi contatado por um grupo de hackers, que ofereceu asilo para ele em uma cidade metropolitana do Rio de Janeiro. O Tecmundo conseguiu contato com GeoHot e divulga agora uma entrevista exclusiva – já traduzida – realizada na última quarta-feira.
Tecmundo: George Hotz, o que levou você a buscar maneiras de burlar o sistema do PlayStation com tanto afinco?
GeoHot: Assim como aconteceu com o iPhone, o PlayStation 3 é um verdadeiro aprisionador dos usuários. Nós já pagamos uma boa quantia de dólares por eles; o mínimo que podemos esperar é que tenhamos liberdade para usá-los da maneira que quisermos.
TM: Então as suas modificações nos sistemas visam apenas o bem dos usuários?
GH: O que realmente me move é a vontade de mostrar que os usuários podem ser maiores do que as empresas. E não o contrário.
TM: Você reconhece sua culpa perante a lei norte-americana?
GH: Sei que a justiça dos Estados Unidos não é voltada ao consumidor, mas sim aos empresários. Também conheço os contratos do PlayStation e posso garantir que nunca burlei nenhum deles, porque nunca assinei nenhum deles.
TM: Mas o contrato da Sony diz que, se não concordar com os termos nele inscritos, você não é autorizado a utilizar os sistemas da marca.
GH: Não me lembro de ter lido isso!
TM: Mudando de assunto. Por que escolheu o Brasil?
GH: Eu estava na Argentina para esfriar a cabeça, então surgiu um convite de alguns hackers brasileiros. A oferta foi tentadora, porque aqui eu poderia libertar muito mais os usuários. Não apenas das garras da Sony, como também das opressões tributárias, que fazem os jogos serem muito mais caros do que valem. Aqui o desbloqueio dos sistemas possui uma razão a mais.
TM: E qual o próximo passo?
GH: Depois de disseminar os desbloqueios do PS3, vou lutar para libertar os brasileiros de uma outra praga.
TM: Qual?
GH: O Orkut.
TM: Por que você diz que ele é uma praga?
GH: Uma rede social que aprisiona a alma dos usuários não pode ser algo bom. Li alguns estudos sobre o perfil do usuário do Orkut e vi que, no Brasil, esta rede social é mais nociva do que muitas drogas.
TM: Prossiga.
GH: Os adolescentes voltam da escola e acessam o Orkut em vez de estudarem. E isso é só um dos mil exemplos. Preparem-se, porque em breve vocês verão o Orkut sendo aniquilado.
TM: Aniquilado?
GH: Exatamente. Falhas serão expostas e servidores serão derrubados. A Google vai aprender que a internet serve para libertar, não para prender.
Orkut: o próximo alvo
Como dito na entrevista, pelo próprio George Hotz, em breve o Orkut será atacado de uma maneira jamais vista anteriormente. O Tecmundo sugere que, para sua segurança, senhas sejam trocadas e dados muito confidenciais sejam retirados dos servidores da rede social.
O Google já está trabalhando em maneiras de evitar que GeoHot utilize seus dotes de hacker para atacar o Orkut. Sabemos também que os principais objetivos do hacker são relacionados à “libertação” dos usuários, por isso esses ataques não devem ser nocivos a quem utiliza o Orkut.
O Google já está trabalhando em maneiras de evitar que GeoHot utilize seus dotes de hacker para atacar o Orkut. Sabemos também que os principais objetivos do hacker são relacionados à “libertação” dos usuários, por isso esses ataques não devem ser nocivos a quem utiliza o Orkut.
DO TECNOMUNDO