14 de jun. de 2011

OPINIÃO: Nem vilã nem mocinha, muito menos fábrica de chocolate, apenas ELIZABETH!

Por Walter Vasconcelos

Engenheiro Agrônomo
Especialista em Agroecologia
Mestre em Forragem
Atualmente Trabalha como Pesquisador Bolsista do Instituto Nacional do Semiárido
Responsável pela Produção de Mudas e Sementes e Farmácia Viva
 na Estação Experimental do INSA



Por muito tempo eu relutei em opinar quanto às questões no Município e a Empresa ELIZABETH, primeiro por achar muito difícil dizer as pessoas mais envolvidas, no caso os garimpeiros que a exploração da maneira que está sendo feita prejudica por demais o meio ambiente e todo o ecossistema do nossa cidade e sei o quanto difícil é para uma pessoa que tem naquela empresa sua única fonte de renda capaz de sustentar sua família que a mesma está em desacordo com algumas leis que regem o nosso pais, segundo por achar que não adianta levar opiniões de cima pra baixo, com questionamentos que a população ainda não as entenda e talvez por isso não queira se informar mais profundamente. Acredito ser mais fácil quando tais questionamentos saem da base, das pessoas que convivem diretamente com os problemas reais, pensando nisso resolvi agora tentar expor minha humilde opinião na esperança de contribuir de alguma forma junto à população como mais um ponto vista.

A empresa em questão desde que se instalou em nossa Pedra Lavrada sempre foi motivo de esperança para alguns e degradação para outros, porém nunca se perguntaram o porquê do Poder Publico Municipal, quando no anseio de trazer uma fábrica que geraria emprego e renda para o Município, qual seria a contrapartida deixada por ela? Que danos poderia causar e quais as soluções? Que benefícios sociais aplicaria?  Quantos anos teriam de isenção? Coisas desse tipo.

Sei que muitos irão afirmar que Pedra Lavrada sempre viveu da exploração de minérios e concordo com isso, mas vale lembrar que sempre a exploração se deu de maneira extrativista e que todos os garimpeiros juntos naquela época não causaram os danos ao ambiente o quanto em apenas 10 anos a empresa já causou.

O interessante é que para que uma empresa de exploração do porte da ELIZABETH, para que ela se instale e comece a extração e comercialização, antes ela precisa ter junto ao IBAMA autorização legal para exercer tais funções, dentre elas a garantia de reflorestamento e enriquecimento da vegetação nativa. Então me espanta ler recentemente em sites de informações locais alguns artigos que na verdade não ajuda em nada a entender o verdadeiro intuito da Empresa ELIZABETH, e antes de tudo peço que não entendam como uma critica destrutiva a iniciativa do jovem Adjailson de Souza quando em seu artigo cita a criação do viveiro para a produção de mudas, como a salvação da problemática que se arrasta durante estes longos anos, mas gostaria de dizer algo:

Primeiro: este viveiro há 10 anos já era pra estar funcionando, ou seja, já temos um déficit de pelo menos 09 anos;

Segundo vivemos em região semiárida com vegetação xerófila, ou seja, plantas adaptadas às condições climáticas de nossa região.

Então antes de se implantar qualquer espécie devemos estudar o comportamento da mesma em nossa região e não apenas dizer que implantaremos cinco mil mudas de IPÊ como no caso li no artigo, digo isso por saber que a diversidade de espécies deve ser levada em conta. Não se pode e não se deve jamais plantar ou arborizar qualquer cidade que seja apenas com uma espécie e pelo que vejo Pedra Lavrada já tem bastante pés de IPÊS, e aproveito para lembrar que essa idéia louvável partiu da Professora Antonia (Toinha), a quem devíamos agradecer por tal serviço.

Mas mesmo quando nós pensamos que estamos ajudando devemos levar em consideração alguns critérios técnicos, (mais uma vez peço que não vejam com critica destrutiva), então lanço algumas questões: o espaçamento usado entre as plantas foi o mais indicado? A espécie implantada é a que melhor se adapta as verdadeiras condições de nossa cidade? A quantidade de plantas por rua e/ou avenida é suficiente? Quais os fatores que levaram a escolha da espécie para a arborização da cidade? Quais os cuidados fitosanitários que devemos ter? Qual a origem da muda e/ou semente utilizada?

Tudo isso e outras varias perguntas devem ser levadas em consideração quando estamos planejando algum projeto de arborização, e este mesmo projeto deve ter a frente um profissional da área para que possa ser executado a contento.

Com isso gostaria de dizer que não basta a Empresa ELIZABETH contratar uma ONG que pela lei não pode, já que ONGs não podem ter fins lucrativos e por tanto não pode prestar serviços terceirizados e ainda pensar que ao colocar cinco mil mudas de IPÊS na nossa cidade estaria resolvendo todos os problemas causados por ela ao meio ambiente durante todos esses anos.

Por tanto encerro meu texto na esperança de poder de alguma maneira ter ajudado e contribuído para uma melhor Pedra Lavrada, sabendo que hoje os jovens estão mais abertos a discussões de todos os temas e principalmente aqueles referentes ao meio ambiente. Força sempre.