O investimento do governo federal em programas de estímulo à
segunda licenciatura é apontado como uma das saídas para a redução do déficit
estimado de 300 mil professores no país nas redes públicas de ensino estaduais
e municipais. A análise parte do educador Francisco Aparecido Cordão, que
integra o Conselho Nacional de Educação (CNE). Para o conselheiro, a iniciativa
ainda precisa ser associada à melhoria dos cursos de licenciatura e de
Pedagogia, até pouco tempo considerados de "segunda linha". Cordão ressalta
que o aumento da qualidade da formação dos profissionais reflete,
automaticamente, na evolução do ensino médio.
- Tanto o governo quanto as universidades públicas e
particulares, além dos institutos tecnológicos, acordaram para a importância da
formação de novos professores e da melhoria dos cursos existentes. Programas
promovidos pelo Ministério da Educação, por meio da Cappes, têm permitido que
educadores façam a segunda licenciatura - afirma o conselheiro, que faz duras
críticas à precariedade de alguns cursos de Pedagogia e de licenciatura. -
Falam do baixo rendimento de alunos do ensino médio e de universitários. Mas
esquecem que se um professor tiver uma formação ruim, ele não será um bom
educador.
Apesar de o déficit de professores rondar as escolas
públicas brasileiras, Cordão afirma ter um olhar otimista para a educação em
2012. Ele cita a rede de ensino tecnológico do país como uma das áreas que mais
crescerá no próximo ano, motivada por programas do MEC de expansão da rede. A
efetiva ampliação do ensino fundamental para nove anos e a aprovação do Plano
de Desenvolvimento da Educação também, segundo o educador, contribuirão para
melhorias no ensino público.
Presidente do Instituto Alfa e Beto, organização não
governamental que promove políticas públicas para a educação, o professor João
Oliveira defende que o déficit de professores na rede pública passa pela má
gestão de pessoal estimulada pelo próprio sistema educacional. Para o educador,
há número suficiente de profissionais para o preenchimento de vagas, desde que
os professores que estão desviados de função na própria área, cedidos a outros
órgãos, em sindicatos, e de licença retornem às salas de aula.
- O sistema é perverso, estimula essa prática. Não faltam
profissionais - afirma Oliveira, que defende a implantação de planos de
carreira.