30 de dez. de 2011

Governo acredita que solução para deficit de docentes é formação de mais professores

O investimento do governo federal em programas de estímulo à segunda licenciatura é apontado como uma das saídas para a redução do déficit estimado de 300 mil professores no país nas redes públicas de ensino estaduais e municipais. A análise parte do educador Francisco Aparecido Cordão, que integra o Conselho Nacional de Educação (CNE). Para o conselheiro, a iniciativa ainda precisa ser associada à melhoria dos cursos de licenciatura e de Pedagogia, até pouco tempo considerados de "segunda linha". Cordão ressalta que o aumento da qualidade da formação dos profissionais reflete, automaticamente, na evolução do ensino médio.

- Tanto o governo quanto as universidades públicas e particulares, além dos institutos tecnológicos, acordaram para a importância da formação de novos professores e da melhoria dos cursos existentes. Programas promovidos pelo Ministério da Educação, por meio da Cappes, têm permitido que educadores façam a segunda licenciatura - afirma o conselheiro, que faz duras críticas à precariedade de alguns cursos de Pedagogia e de licenciatura. - Falam do baixo rendimento de alunos do ensino médio e de universitários. Mas esquecem que se um professor tiver uma formação ruim, ele não será um bom educador.

Apesar de o déficit de professores rondar as escolas públicas brasileiras, Cordão afirma ter um olhar otimista para a educação em 2012. Ele cita a rede de ensino tecnológico do país como uma das áreas que mais crescerá no próximo ano, motivada por programas do MEC de expansão da rede. A efetiva ampliação do ensino fundamental para nove anos e a aprovação do Plano de Desenvolvimento da Educação também, segundo o educador, contribuirão para melhorias no ensino público.

Presidente do Instituto Alfa e Beto, organização não governamental que promove políticas públicas para a educação, o professor João Oliveira defende que o déficit de professores na rede pública passa pela má gestão de pessoal estimulada pelo próprio sistema educacional. Para o educador, há número suficiente de profissionais para o preenchimento de vagas, desde que os professores que estão desviados de função na própria área, cedidos a outros órgãos, em sindicatos, e de licença retornem às salas de aula.

- O sistema é perverso, estimula essa prática. Não faltam profissionais - afirma Oliveira, que defende a implantação de planos de carreira.

Globo.com