Quanto vale um futuro?
Por Márcio Souto
Recentemente eu soube que o
governo do estado da Paraíba está fechando a Escola Estadual de Ensino
Fundamental Professor Francisco Ferreira, esse fato me fez questionar o
seguinte: Quanto vale o futuro da educação em nosso país?
A escola Francisco Ferreira é
praticamente a escola mais antiga e tradicional de nossa querida Pedra Lavrada,
por onde passaram todos aqueles aos quais nós nos orgulhamos por serem
lavradenses e desenvolverem um trabalho de destaque no nosso país, como, por
exemplo o nosso Paulo Bezerra, mais conhecido em nossa cidade como Paulo de
Badé, que hoje é um dos maiores intelectuais do Brasil e estudou nesta escola
que hoje não existe mais.
De uns tempos pra cá, aluno
passou a ser tratado como boi no pasto, ou seja, quanto mais aluno a escola tem
mais dinheiro ela recebe o que desencadeou uma corrida desenfreada pelos alunos
das cidades e, uma certa “disputa” entre as escolas municipais e estaduais para
conseguir que os pais matriculem seus filhos em seus estabelecimentos de
ensino. Sendo o município mais organizado que o estado, as escolas municipais
podem oferecer uma melhor estrutura de ensino aos alunos e isso cativa mais os
pais que querem que seus filhos estudem em boas escolas.
O governo do estado vem e fecha
uma escola alegando que a escola possui poucos alunos, mas como a escola
poderia ter muitos alunos se o próprio estado mal paga os professores que nela
trabalham, sem contar que não oferece uma estrutura decente para que os alunos estudem
e não me venha dizer que uma simples reforma no prédio é suficiente. Querem que
os professores corram atrás de alunos, quando esse mesmo professor é mal
remunerado e com isso desestimulado. Outro fator que influencia para que as
escolas municipais consigam mais alunos é o fato que todos os problemas da
educação municipal são resolvidos na própria cidade e não precisam passar por
vários intermediários antes de chegar às esferas de governo responsáveis pela
educação como é o caso da educação a nível estadual.
Então eu volto a minha pergunta:
será que vale apena fechar uma escola tradicional que fez história em nossa
cidade, deixando várias pessoas desempregadas, simplesmente porque o governo
não quer gastar dinheiro com cinqüenta e poucos alunos, sendo que muitas vezes
esse mesmo dinheiro que sai do nosso bolso é gasto com todas aquelas
facilidades que a classe política desfruta na nossa cara como se isso fosse
normal? Sou totalmente contra fechar uma escola da importância do Francisco
Ferreira que faz parte da cultura lavradense e que com seu método de ensino (que muitos julgam antiquado) formou muitos
profissionais de nossa cidade. Uma escola onde passava quem sabia, que ensinou
a todos nós que passamos por ela o valor de uma conquista feita pelos seus
próprios méritos e não por facilidades conseguidas por meio de influência
externa.
Peço a todos os lavradenses que reflitam
e pensem em como é trágico para uma
comunidade perder talvez o seu maior símbolo educacional, um lugar que com
certeza fará falta, pois escolas são lugares sagrados e a educação ainda é o
único meio pelo qual seremos realmente lembrados nesse mundo.
Em minha opinião toda escola, tenha
ela dez mil alunos ou cinquenta deve continuar funcionando, sobretudo, se essa
escola for parte da cultura de um povo. Afinal nós não temos bilhões pra gastar
com a copa do mundo? Porque não tirar um pouquinho pras escolas?
Viva o Chico Ferreira.