24 de mar. de 2014

"Homens fracos têm medo de mulheres fortes"

Roberto Solon de
 Vasconcelos
Depois de publicada uma matéria no vozdepedra.com sobre o uso de rede social por figuras públicas para expor opiniões de cunho sexual e emocional, uma discussão acalorada tomou conta do facebook de muitos lavradenses. Como a matéria não trazia nenhum tema textualmente relevante – por se tratar de uma pessoa conhecidamente não relevante – e, pelo nível intelectual sofrível de alguns de seus “advogados” que, talvez por falta de domínio de umas 20 palavras da Língua Portuguesa, usam apenas palavras chulas e de baixo calão para tentar desqualificar este escriba amador que vos fala, resolvi retira-la do blog. Contudo, após uma reflexão tendo em vista os meus valores morais e meus parcos conhecimentos históricos, tentarei fazer algumas observações sobre os temas lá propostos: os explícitos e implícitos.

O que podemos inicialmente observar é que as pessoas que usam o facebook não entendem que a rede social não é propriedade do usuário que usa seus serviços e tecnologias. Também é de fácil percepção que grande parte das pessoas que mantém um perfil social na internet não entende que eles não são proprietários dos conteúdos lá disponibilizados. A empresa que presta o serviço gratuitamente é estabelecida nos Estados Unidos da América e pede que todos leiam e aceite “os termos de serviço”. Onde são completamente ignorados por muitos dos internautas. Fiquem sabendo que “NÃO HÁ VIDA PRIVADA NO FACEBOOK”! Ao publicar lá, abre-se mão de sua individualidade. “É tanto, que existem as opções de “curtir”, “comentar” e “COMPARTILHAR”. Se uma pessoa que manter sua vida privada à salvo do conhecimento de todos que usam internet, então recomendo ficar longe do Orkut, facebook, twitter, instagram entre tantos.

Deixando um pouco as regras da NETIQUETA de lado, percebi que os comentários jocosos e desqualificados tinham um ranço de preconceito muito fortemente mantido pela sociedade contemporânea. E, por mais que se queira cair na tentação de se pensar superficialmente e dentro do conforto intelectual de cada um, podemos perceber o quão de preconceito ainda há contra as mulheres na sociedade contemporânea.

Tomemos, por exemplo, a frase publicada no facebook.

“Uma mulher que não gosta de sexo ela só pode ter um problema ou...”

Não é de hoje que o sexo feminino é vitimado pela estupidez dos homens. A História é cheia de casos onde mulheres independentes, fortes, inteligentes e a frente de seu tempo são trucidadas com conveniências sociais estabelecidas pelo sexismo masculino.

Começaremos, portanto, pela Bíblia que diz ser pecado “desejar a mulher do próximo”.  Não havendo nenhuma restrição para se desejar o “homem da próxima”. Para continuar a citar o quão depreciada a imagem da mulher era e ainda é, uma das passagens mais conhecidas do Novo Testamento diz que Jesus salvou uma mulher da morte por APEDREJAMENTO ao dizer: “Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra"(João 8,7).  Também, neste caso, não há referência à pena capital aplicada ao homem pego em adultério. Entendo que o contexto era de uma sociedade patriarcal e muito distante das conquistas atuais, todavia, esse comportamento violento dos homens para com as mulheres é uma rotina na história da humanidade.

A vida nunca foi fácil para o sexo feminino. Daremos um salto temporal e vamos agora para a Idade Média onde a chamada “Santa Inquisição” perseguiu e queimou na fogueira muitas mulheres acusadas –vejam só- de bruxaria e de terem ligação com o “diabo”. Interessante é que mais uma vez a figura feminina é ligada, por vontade dos homens, ao mal. Não se houve falar de bruxos queimados nas fogueiras. Quando se analisa o histórico de vida da maioria das mulheres queimadas vivas, percebe-se que elas eram mulheres mais inteligentes que a média e bastante independentes para o contexto da época. Onde dominavam conhecimentos sobre plantas medicinais, tratamentos de saúde ou, simplesmente, queriam ser livres...

Agora, vejamos o caso de Joana d’Arc: a jovem francesa que ajudou a por fim a uma guerra de cem anos onde, para poder lutar vestia-se de homem - pois até para ir morrer em batalha era proibido. Seu tino militar fez com que a França conseguisse vencer a peleja e Joana recebeu como “presente” a morte na fogueira. Pois a mesma dizia “ouvir vozes” e isso era o suficiente para uma heroína ser assassinada de forma tão terrível. Após alguns séculos de seu assassinato o Vaticano resolveu santificá-la e hoje a mulher que fora feita de tocha humana é chamada de Santa Joana D´Arc.

Viajando um pouco mais no tempo e considerando o que os homens chamam de homenagem às mulheres, observemos, portanto, o chamado “Dia Internacional da Mulher”. O que, em verdade é o aniversário de morte de 146 mulheres que também foram queimadas vivas devido as terríveis condições de trabalho no início dos anos 1900 nas fábricas dos Estados Unidos da América. – ERAM TODAS COSTUREIRAS. Percebam, porém, que a data esta mais para uma lembrança fúnebre do que para um dia de efetivo júbilo. Mas, como as mulheres fortes tendem a desorganizar o pensamento linear dos machos da espécie humana: - queimemo-las.

Não sei se é do conhecimento de todos, mas aqui no Nordeste do Brasil, até a década de 1950 se uma moça fosse abusada e estuprada nas zonas rurais – como era comum os cangaceiros o fazerem-, ela tinha dois destinos: ser assassinada a facadas - as vezes pelo próprio pai para não ter moça perdida em casa-  e se tivesse ‘sorte,’ entregue a um bordel – em nossa região conhecido como cabaré – para servir de prostituta a fórceps. - Difícil escolher o destino mais desolador.
Essa reflexão histórica é necessária para entender comportamentos hoje tão enraizados em nossos costumes que por vezes nem os percebemos.

O cyberbullying (AQUI) é hoje uma praga que se espalha nas redes sociais, dando dimensões gigantescas a coisas que eram presentes apenas na intimidade da pessoas. Tem gente que pensa que internet é uma “coisa apartada do mundo real” onde tudo é possível e, em grande parte, as maiores vítimas (as mulheres) desses comportamentos descritos anteriormente neste texto, se repetem no chamado mundo virtual.

Já foi devidamente noticiado e espalhado de celular em celular, uma moça que aparece fazendo sexo com um rapaz de Soledade-PB em um vídeo. O interessante é que o rapaz é tido como pegador e a jovem chamada carinhosamente de “puta”. Até parece que a relação sexual não é feita por um homem e uma mulher.

Estranho ver ainda, que boa parte das próprias mulheres, ao saberem que outra mulher teria “traído” um marido e, se é solteira e tem vários parceiros sexuais e não faz questão de esconder da sociedade dos “puros e puras”, são exasperadamente execradas nos tribunais de calçadas. Não importando, porém, se a mesma cuida bem dos filhos, se paga suas contas em dia, se respeita os mais velhos e vizinhos, se é cordata, se nutre respeito aos pais e familiares, se é obediente às leis e etc.

Mulheres que escolhem ter uma vida sexual mais ativa e com vários parceiros são chamadas de puta, rapariga, quenga, vagabunda, vadia, nojenta,...

Já o homem promíscuo é chamado de pegador, esperto, namorador, desenrolado, o moral, gostoso ...

Homens fracos em relação a mulheres fortes: matam, estupram, queimam, apedrejam, denigrem e usam rede social para tentar constranger e intimidar e, as tratam como um “puxadinho” da casa onde se jogam as coisas que julgam menos importantes.

Homens fortes fazem parcerias com mulheres fortes. Parcerias sexual, sentimental, emocional, moral, financeira e de respeito mútuos.

O homem forte sabe que a condição de mãe não suprime a condição de mulher que sente desejos e precisam ser devidamente atendidos.

Mesmo dito isto afirmo que na minha casa as últimas palavras são sempre as minhas: - SIM SENHORA!

Pois a mulher é dança. É a purificação sensual da cadência.