24 de mai. de 2011

ASSASSINANDO A HISTÓRIA

Por José João de Miranda Freire Júnior

VI um programa da TV Senado, abordando o tema revolução de 1930, ainda hoje, fascinante a muitos, fato que fez com que a Paraíba entrar para o mapa do Brasil, como diz meu amigo o grande historiador Wellington Aguiar. O programa enfocou principalmente os fatos ocorridos na Paraíba, só que de forma tendenciosa e contando os fatos na visão dos CONTRA A HISTORIA.



A Paraíba tem umas características, onde só encontramos aqui, uma delas é sempre procurar denegrir a imagem de quem fez história, João Dantas entrou na história como assassino de João Pessoa, enquanto João Pessoa FEZ HISTÓRIA, como um homem a frente de seu tempo, como por exemplo em seu discurso de posse já defendia a não reeleição de deputados e senadores, isso em 1930, só podia terminar sua vida da maneira como terminou, assassinado covardemente. Já vi algumas pessoas públicas ou que foram públicas e hoje estão no anonimato, denegrir a imagem de um homem como Epitácio Pessoa, este sem falar que foi Presidente da República, Senador e foi Ministro do Supremo Tribunal Federal. Epitácio chegou no Supremo para ser ministro enquanto alguns paraibanos de hoje chegam como Réu.




Voltando a falar do programa, só foram vistos depoimentos de pessoas simpatizantes a contestação dos fatos da história. É incrível como funciona a cabeça de algumas pessoas como tentam transformar a vitima em vilão. Em um passado recente quiseram transformar o Governador Tarcisio Burity também em vilão e o agressor em vitima.




O caso do Presidente João Pessoa não ocorreu o mesmo porque se vivia numa ebulição política. Em minha opinião o planejamento do Sr. João Dantas deu errado porque ele não tinha noção da importância política que seu inimigo tinha no cenário político nacional. Achava ele que cometendo o crime mesmo que fosse preso seria julgado e absolvido de alguma maneira pela influência política que os Dantas na época tinham com o governo federal, já no pensamento dele, João Dantas, o revolução não aconteceria, e o fato quando viesse a esfriar tudo aquilo não iria dar em nada. Mas tudo deu errado, foi o famoso tiro no pé, João Pessoa, que sempre foi contra a Revolução e ao derramamento de sangue, teve sua morte como estopim para revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.




Vi depoimentos no mínimo cômicos, queixando-se alguns, que morreram muitos, que João Dantas não se suicidou, que foi assassinado. Vamos por partes, nunca vi falar que na história da humanidade tenha existido revolução pregando o evangelho, o único que tentou foi Jesus Cristo e o crucificaram por isso, ou sem derramamento de sangue, o preço de uma revolução é alto. Não sei se João Dantas foi assassinado, mas se foi pra mim diante das circunstâncias não seria nenhuma surpresa tendo em vista a gravidade do fato e a comoção nacional que o país ficou, não concordo com o assassinato de ninguém, ma vamos ser realistas, se a revolução não ocorresse João Dantas preso julgado e absolvido, será que na Paraíba ele iria virar pastor e pregar o evangelho, claro que não, com certeza muitos da família Pessoa iriam morrer, infelizmente numa revolução existe o lado que perde e o lado que ganha.




Vi o depoimento de Ariano Suassuna lamentando a morte de seu pai, assassinado em novembro de 1930, argumentando que ficou sua mãe viúva com filhos órfãos, é verdade e lamentável mas igualmente verdade e lamentável que D. Marisa esposa do Presidente João Pessoa, também ficou viúva, desamparada e também com filhos órfãos, é o preço da guerra entre famílias.




Não se pode fazer apologia a coragem de João Dantas em entrar num restaurante e dar três tiros num homem sentado e desarmado, como dizia meu pai: (formiga sabe a folha que está roendo), citando o texto do livro 1930, órfãos da revolução, do jornalista carioca Domingos Meireles, nas paginas: 517, 518, onde ele escreveu assim: No interior da confeitaria, o grupo senta-se em volta de uma mesinha com tampo de mármore redondo. Caio tenta convencê-lo a participar da revolução: Presidente desculpe voltar ao assunto, é difícil a hora que o senhor vive e , por isso, requer um gesto seu para um entendimento com Juarez Távora, que só espera um sinal para comparecer à sua presença. Agamenon Magalhães insiste para que aceite o encontro: Atenda-o presidente... Pessoa afasta a xícara dos lábios: Não, não posso fazer isso. Estou certo de que os senhores, no meu lugar, fariam o mesmo, impossível atender. A frase é interrompida por dois tiros, Pessoa ergue-se, mãos crispadas sobre o peito, tomba sobre a mesa, gira o corpo sobre a perna esquerda, tenta amparar-se na cadeira a sua direita, cai no chão. Ouve-se novo disparo, a terceira bala o atinge nas costas. Ninguém conhece o homem que se aproximou em silêncio, enfiado num amarfanhado terno de linho branco. Agiu sem nobreza, como um pistoleiro ordinário sem regras ou princípios. Não se comportara como um profissional. De acordo com o código de honra de um matador nos destino, não se fere ou se mata alguém que esteja sentado. Manda-se ficar de pé, até se oferece uma arma pra se defender, no caso de achar-se desarmado o indicado para morrer. Ninguém atira em ninguém, segundo estas exigências. Do contrário disso é o matador vulgar, que cumpre ordens de terceiros, bandido covarde e sem categoria.




As pessoas tem que ter responsabilidade para falar sobre a história, história é fato, versão é especulação.



DO BLOG DO TIÃO LUCENA