Desde o começo de 2011, paraibanos, inclusive crianças, que precisaram se submeter a cirurgias cardíacas, tiveram de procurar atendimento em outros Estados. Muitos desses pacientes continuam na espera, alguns talvez tenham morrido. Enquanto isso, no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), um bloco cirúrgico com equipamentos de última geração, destinado à realização de cirurgias cardiológicas, está sem utilidade, servindo de depósito.
Enquanto as salas cirúrgicas estão desativadas, pacientes sofrem na lista de espera, que consequentemente se transformam em ‘lista da morte’. O mais grave é que a situação se repete em outros hospitais do Estado, onde a população precisa recorrer a cidades vizinhas em busca de atendimento.
O abandono do centro cirúrgico do HU só foi descoberto oficialmente há duas semanas, durante inspeção realizada pelo Ministério Público Estadual. Mas antes disso acontecer, muitos pacientes voltaram para casa sem esperanças, depois de receber a informação que o centro não estava mais realizando atendimento. Hospitais fechados, ou funcionando parcialmente, compõem a realidade da Paraíba. No Brejo, no Sertão ou no Litoral, a situação se repete.
A falta de atendimento aflige a população paraibana, mesmo assim, não há previsão de melhorias. Apesar disso, muitos gestores preferem silenciar, ignorando a iminência de uma tragédia anunciada. Só no ano de 2009, segundo o Ministério da Saúde, 7.269 paraibanos morreram vítimas de problemas cardiovasculares.
Faltam médicos e condições para o Regional de Sousa funcionar
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2009, do total de 1.805 estabelecimentos públicos de saúde na Paraíba, 70 foram desativados, 136 extintos e 20 funcionavam apenas parcialmente.
O CRM-PB chamou a atenção para o Hospital Regional de Sousa, que já recebeu o título de melhor unidade hospitalar do Sertão e hoje é um dos piores. “A estrutura física está deteriorada. O hospital já ofereceu diversos serviços e hoje sofre com a carência de médicos e falta de condições de funcionamento”, afirmou o diretor de fiscalização do CRM, Eurípedes Mendonça.
Em CG, hospitais prontos não funcionam
A realidade nos hospitais em Campina Grande poderia ser outra. Isso se alguns hospitais com estrutura já pronta estivessem funcionando. Casos como o do novo Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, nas Malvinas, que foi inaugurado no ano passado, mas as obras não foram concluídas. Já o Hospital Memorial Rubens Dutra Segundo, na Dinamérica, que possui uma estrutura adequada para seu pleno funcionamento e só oferece atendimento ambulatorial.
Segundo informações do médico e diretor técnico do Regional, Flaubert Cruz, na próxima semana os pacientes das alas adulto e infantil da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) serão transferidos para a nova unidade. Até o final de junho a previsão é que o novo hospital de trauma esteja funcionando com o mesmo quadro de funcionários de hoje do Regional, 1.500 no total.
A unidade ainda não começou a funcionar plenamente, mesmo depois de inaugurada, conforme informações de Flaubert Cruz, porque falta a conclusão das obras de três setores essenciais, como a instalação de rede de gases, a construção da cozinha industrial e a da central de esterilização. “Por isso vamos realizar a transferência de forma gradual. Esperamos que até o final do ano a nova unidade de Trauma esteja funcionando com a capacidade plena”, ressaltou.
DO Jornal da Paraíba