28 de set. de 2011

Mais tempo em sala de aula pode "salvar" ano escolar da criança, diz Haddad


O ministro da Educação e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, defendeu, em entrevista exclusiva ao UOL, o aumento dos dias letivos nas escolas. Segundo ele, uma hora por dia ou dez dias por ano podem ser a “salvação” de um aluno.

Fernando Haddad fala ao UOL

Na mesma entrevista, Haddad afirmou também que votaria em Marta Suplicy (PT) e que gostaria que o deputado Gabriel Chalita (PMDB) estivesse na disputa.
“Muitas vezes, uma hora a mais por dia ou dez dias a mais por ano podem significar reprovar ou não uma criança. Podemos salvar o ano daquela criança e mantê-la na idade correta [na escola]”, afirmou.

Ampliação

O governo estuda ampliar o tempo que o aluno passa na escola, ou com mais horas por dia, ou com mais dias por ano. Uma pesquisa, feita pelo secretário-executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros –e apresentada pelo MEC (Ministério da Educação) na semana passada– defende que um aumento de dez dias no ano letivo pode elevar o aprendizado do estudante em até 44% em um período de um ano. 
A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no entanto, já mostrou em pesquisa que o aumento da jornada não necessariamente se reflete no aprendizado das crianças. No relatório “Education at a Glance”, divulgado no dia 13 de setembro, a instituição diz que o Brasil já oferece mais tempo de sala de aula (800 horas/ano) que a média dos países desenvolvidos (793 horas/ano).
O próprio ministro diz que não há estrutura para um aumento imediato da jornada. “Não há espaço físico para dois turnos, a não ser com tecnologias novas, como o próprio ministério desenvolveu. O que nós temos que discutir é como a gente vai aumentar o período de exposição da criança ao conhecimento.”


Desigualdade entre escolas públicas e particulares


Questionado sobre como fazer para diminuir a diferença de desempenho entre escolas públicas particulares, Haddad disse que “há muito” por fazer, mas que é preciso “reconhecer o esforço” do que já foi feito. “Estamos estimulando as escolas [públicas] a se compararem com elas próprias” por meio do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
A meta do governo é chegar à nota 6 no Ideb nos anos iniciais do ensino fundamental no ano de 2021, em uma escala que vai de zero a 10. Haddad negou que o objetivo seja baixo. “No país mais evoluído, a nota é oito. Não existem países nota 10 nessa escala. Nós calibramos de tal maneira [que] chamamos de 6 a nota média dos países mais ricos do mundo. Se nós chegarmos [à meta] significa dizer que nosso sistema é melhor que o de Israel, da Itália.”

Enem

O ministro chamou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de “desafio”. “[É] Sempre um desafio e sempre será. Ele é muito grande. Só perde para o exame da China [o Gao Kao], que tem 11 ou 12 milhões de inscritos. É uma logística de escala monumental. Ele [o Enem] está se cercando do que há de melhor na inteligência do país: Correios, Inmetro, gerenciamento de risco”, disse.
Segundo Haddad, a greve dos Correios não vai atrasar a distribuição dos cartões de inscrição e, tampouco, das provas. “É uma operação especial e [o cartão] é acessível pela internet, com a senha de inscrição. [O candidato] Vai poder acessar independentemente de receber ou não.”Na terça-feira (27), os Correios anunciaram que iriam começar a entrega dos cartões ainda nesta semana.

Ensino superior na Ciência e Tecnologia

Tramita no Senado um projeto de lei que tira do MEC a responsabilidade da gestão do ensino superior, transferindo-o para o Ministério de Ciência e Tecnologia. Haddad criticou a ideia.
“É uma medida cosmética. Não vejo como uma mudança estrutural de fundo, até porque orçamento das universidades foi triplicado no último período. Nunca foi tão boa a relação do MEC com os reitores”, disse.

Veja a íntegra da entrevista com Fernando Haddad

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