15 de mai. de 2011

O que é a febre aftosa?

A febre aftosa é uma doença altamente infecciosa causada por vírus e que atinge animais.

O agente etiológico da febre aftosa é um vírus da família Picornaviridae, gênero Aphthovírus.
A Organização Internacional de Epizootias (OIE), com sede em Paris, a classifica como um das doenças contagiosas mais sérias, por causar perdas econômicas muito grandes.
Entre os animais mais expostos à febre aftosa, estão os bovinos, suínos e ovinos.
A doença também pode atingir camelos, lhamas e até elefantes; mas nestes casos o risco é menor.

Transmissão

A doença pode ser transmitida por contato direto entre animais contaminados ou indireto.
O vírus pode ser carregado pelo ar, por meio de partículas de poeira.
A contaminação também pode se dar por meio da ingestão de carne ou leite contaminados.

Pode ter riscos para o homem?

Especialistas dizem que não há risco para a saúde humana.
O homem pode, no entanto, ser portador e transmissor do vírus.

Distribuição geográfica

A febre aftosa é endêmica em parte da Ásia, África, Oriente Médio e América do Sul.
No Brasil, há Estados nos quais a doença foi erradicada e outros que estão à espera do certificado de que o mal foi erradicado.

Sintomas da doença no animal


Os principais sintomas da Febre Aftosa são o comprometimento das funções orgânicas do animal, com mudanças no seu estado físico e de comportamento.

Há o aparecimento de uma febre alta e a presença de feridas em forma de aftas ou vesículas na boca, gengiva e língua com dificuldades de apreensão de alimentos.

As vesículas são bolhas contendo líquido claro e altamente rico em vírus, que ao romperem-se provocam o aparecimento de ulcerações e/ou erosões (aftas) na gengiva ou língua, com posterior perda do epitélio.

A presença das vesículas no úbere e nas tetas compromete a produção de leite e a ordenha.

Nos cascos, a presença das vesículas causa claudicação, dificultando o animal na sua locomoção para busca de alimentos.

A anorexia e a claudicação desenvolvidas pela presença das vesículas interferem diretamente no crescimento e desenvolvimento do animal, com perda significativa de peso e redução na produção de carne e leite.


A doença também pode provocar abortos


Em um rebanho contaminado pela Febre Aftosa, a morbidade é muito alta. Os animais mais afetados são os bezerros em fase de amamentação, pois ao se alimentarem em uma vaca contaminada pelo vírus da aftosa, podem morrer, por não terem desenvolvido ainda imunidade suficiente contra a doença.

A mortalidade de maneira geral não é alta e considerada até rara, porém, os suínos e os animais jovens doentes podem morrer de forma rápida, se estão muito debilitados.


Prevenção e medidas de controle

A movimentação de animais deve ser controlada, evitando que passem de uma região para outra e, assim, propaguem a doença.
Os animais infectados e os animais que tiveram contato eles devem ser sacrificados e ter a carcaça incinerada.
Os locais onde foi detectada a presença do vírus deve ser desinfectado. O mesmo procedimento se aplica a materiais como carros, roupas e artefatos que estiveram em contato com os animais infectados ou com a região onde os animais infectados estavam.

Tratamento

Não existe tratamento contra a Febre Aftosa e sim medidas profiláticas específicas pelo uso de vacinas.

Essas medidas profiláticas específicas consistem na tomada de ações para imunização do rebanho, pela utilização de vacinas de procedência idônea, com garantia de que estejam dentro dos padrões de produção e conservação permitidas pela legislação.

As vacinas contra a Febre Aftosa no Brasil são trivalentes, preparadas com o vírus O, A e C, inativados.

Os vírus O;A e C, contidos em uma formulação com uma quantidade de vírus capaz de induzir nos bovinos sadios, uma resposta imune específica, suficiente para garantir uma imunidade de proteção contra a Febre Aftosa por um período de pelo menos 6 meses.

A vacinação no Brasil contra a Febre Aftosa em bovinos e bubalinos, é obrigatória em alguns estados, obedecendo a um calendário oficial e anual do Serviço de Defesa Sanitária Estadual do Ministério da Agricultura, onde se determina os meses das campanhas para vacinação dos animais.

Em datas específicas são realizadas outras campanhas, que variam de estado para estado, onde são vacinados os animais até os 12 meses de idade, todas as faixas etárias e até os 24 meses de idade.


Controle da Qualidade da vacina


 A vacina tem que estar liberada para o comércio, somente após ser testada e aprovada nos testes de potência realizados pelo Ministério da Agricultura em seus Laboratórios de Referência Animal.

Composição da vacina

A vacina deve conter todas os sorotipos de vírus brasileiro, como o A; O e C, com uma boa qualidade de emulsão e antigenicidade, em quantidade suficiente para estimular a produção de uma resposta imunológica prolongada do animal, a fim de mantê-lo protegido contra a doença, no caso específico da Febre Aftosa por 6 meses.

Tipo de adjuvante

A vacina deve ter em sua composição um adjuvante oleoso, de boa qualidade e que não provoque reações locais muito intensas, comprometendo a sua absorção.

Saúde dos Animais

Para que se tenha uma boa resposta vacinal é primordial e necessário que os animais estejam em uma boa condição de saúde, portanto sadios.
Animais debilitados e doentes não respondem bem à vacinação.

Dosagem, Via e Local de Aplicação

Aplicar a vacina contra Febre Aftosa, na dosagem de 5 ml, independente de peso e idade, pelas vias subcutânea e intramuscular, na tábua do pescoço.

Recomenda-se evitar aplicar vacinas ou qualquer outro injetável em áreas de carne nobre como as musculaturas do traseiro e do cupim.

Conservação da Vacina

 Devem ser considerados alguns pontos para conservação e manutenção da vacina, como:

- A vacina deve ser mantida em temperatura de 2 a 8ºC (geladeira), desde a sua produção até a sua utilização;

- O transporte da vacina desde a fábrica até a revenda é feito em caminhão frigorificado, com termógrafo, para que seja mantida a temperatura de conservação;

- Na revenda, manter a vacina na temperatura de conservação em geladeira comercial ou balcão frigorificado, com termômetro de máxima e mínima;

- Transporte da vacina da revenda para a fazenda deve ser feita em caixa de isopor, com cobertura de gelo e devidamente lacrada;

- Na fazenda, manter a vacina em uma geladeira apropriada, na temperatura de conservação recomendada;

- No campo, a vacina é mantida em caixa de isopor com gelo e à sombra
Jamais manter a vacina em congelador ou aquece-la, pois o congelamento ou o aquecimento faz com que perca a sua eficiência.


 Os benefícios obtidos com a Erradicação e Controle da Febre Aftosa são imensuráveis, quando se contabilizam os lucros financeiros que serão obtidos pela eliminação da doença, como a manutenção do índice de boa produtividade pela eliminação das perdas de carne e leite, eliminação dos custos financeiros e operacionais que serão gastos com a vacinação e a conquista do mercado internacional de exportação com produtos mais competitivos e melhores preços, pois se sabe que país livre da doença tem o mercado livre para venda de carne "in natura", com preços bem mais atraentes.

Como não existe um tratamento específico para animais contaminados com o vírus da Febre Aftosa, o que se deve fazer é o tratamento sintomático das infecções secundárias bacterianas, pelo uso de medidas de higiene e assepsia, como limpeza das feridas com desinfetantes e uso de antibióticos sistêmicos ou de uso local.

O importante é que esses tratamentos em animais com a doença devam ser feitos em regiões que não tenham o "status" de zona livre da Febre Aftosa sem vacinação, pois o animal que foi curado e recuperou-se da doença é portador do vírus ativo em seu organismo, sendo, portanto um excelente agente disseminador no seu próprio rebanho e dos seus vizinhos, espalhando assim a virose.

Na realidade, ao invés de se tentar um tratamento que será oneroso e de difícil controle, a recomendação mais óbvia para o controle da Febre Aftosa em uma determinada propriedade e região é a implantação de uma metodologia sanitária rigorosa, com adoção de medidas profiláticas específicas e não específicas, em que a utilização de um cordão sanitário amplo e rigoroso, só trará benefícios para o pecuarista.

Vozdepedra com BBC Brasil e