1 de set. de 2011

ESTUDANTES CONTAM O DESAFIO DE MUDAR DE CURSOS EM ÁREAS OPOSTAS


Universitários falam como mudaram de cursos, em áreas opostas.
Especialista diz que desafio é buscar boa remuneração no que dá prazer



Conrado se forma arquiteto neste ano (Foto: Editoria de Arte/G1)
Este mês o capixaba Conrado Carvalho, de 27 anos, vai se formar em arquitetura. O diploma no curso superior é o final feliz de uma busca intensa para descobrir a carreira que ele mais gostava. Conrado fazia faculdade de psicologia, mas descobriu, no meio do curso, que não era o que queria. Largou a faculdade e foi fazer biologia. Desistiu novamente. Até que o estudante encontrou na arquitetura a sua realização.
(Série Vestibular: hora da decisão. Entre o fim deste mês e o começo de setembro as principais universidades recebem inscrições. O G1 publica nesta semana uma série de reportagens sobre o dilema dos jovens e as dicas dos especialistas.)
A saga de Conrado se repete com diversos universitários que mudam de curso de um período para o outro. E será que existe explicação para isso? O futuro arquiteto tem a resposta na ponta da língua. “Quando ingressamos para o mundo dos estudos, na hora de escolher a profissão que nos acompanhará pelo resto das vidas, estamos muito novos e não sabemos como será o mercado de trabalho", avalia.
Conrado conta que na faculdade se sentia um estranho no meio dos futuros psicólogos. "Não temos perspectiva profissional e quando sentamos na sala de aula percebemos que estamos sobrando em meio a tanta gente, que, de cara, se identificou com o curso. Poucos tem a atitude de mudar, como eu tive duas vezes”, contou o jovem, que viu na arquitetura um futuro promissor.
Situação semelhante aconteceu com o capixaba Antonio Franzosi, de 22 anos. Em 2008, começou o curso de publicidade e propaganda na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), conseguiu levar o curso até o terceiro período, mas já sabia que não conseguiria chegar ao fim. “Desisti do curso por uma única razão: dinheiro. Comecei a perceber que faculdade demandaria tempo e muito estudo. Vi que eu não gostava de estudar e já que o jeito era esse, estudaria um curso que me desse um excelente retorno financeiro”, desabafou Franzozi.
O universitário procurou o consolo financeiro no curso de engenharia civil. Ele já está no quarto período e se diz confiante com a mudança. “Quando alguém mostra estar desconfortável com a faculdade escolhida, sou o primeiro a dar apoio. Se está infeliz com o curso, é melhor mudar da água para o vinho a se arrepender com o curso depois de concluído, a sensação deve ser pior”, disse o universitário.
Segundo a especialista em recursos humanos Virna Vivas Ribeiro Surerus, na hora da escolha, alguns estudantes não tem o autoconhecimento suficiente para tomar uma decisão. Nesta hora, um teste vocacional pode ajudar. "O teste pode contribuir mas não dá nenhuma garantia de escolha certa. Se entrou no curso e não está gostando, é melhor parar do que se arrepender quando já estiver tentando ingressar no mercado de trabalho. A frustração vai ser pior", disse.
Desistências acontecem geralmente no 4º período, diz Virna Vivas (Foto: Juirana Nobres / G1ES)Desistências acontecem geralmente no 4º período,
diz Virna Vivas (Foto: Juirana Nobres / G1ES)
Não ter medo de errar
Para a psicóloga, as desistências acontecem geralmente no quarto período, já que a partir desta fase as matérias começam a ser mais diretas ao curso estudado. Ela disse ao G1que o ideal é não ter medo de errar nunca. "O importante também é buscar boa remuneração no que dá prazer e prazer no que dá boa remuneração", destacou Virna.
De acordo com a especialista em recursos humanos, os filhos são influenciados muitas vezes pelos pais e amigos. "Os pais querem para os filhos o que eles não tiveram e por esta razão os colocam em um redoma de vidro. Os filhos ficam sem iniciativa quando crianças e, na hora de decidir, bate a dúvida e a insegurança. Já no curso, alguns terminam para acompanhar os outros amigos", contou.
Entre as dicas para quem está em dúvida sobre que carreira escolher, a especialista aponta: fazer teste vocacional para obter orientação; buscar o autoconheciemento; separar os cursos em humanas, exatas ou biomédicas; passar um dia com alguém que trabalha com uma área de seu interesse, para saber como é o dia a dia e as tarefas; e não atirar para tudo quanto é lado, ou seja, não prestar vestibular para carreiras diversas e fazer o curso para o qual for aprovado.
G1