6 de dez. de 2011

Mudos e calados


Apesar de toda a parafernália midiática dos seus assessores de imprensa, os parlamentares paraibanos que nos representam em Brasília continuam um zero à esquerda. Na relação dos mais influentes do Congresso Nacional, não consta o nome de nenhum conterrâneo, nem de longe algum deles é lembrado, são todos do baixo clero, e bote baixo clero nisso.
A atuação parlamentar se mede em Brasília pela presença dos deputados e senadores em plenário e pelos discursos que proferem da tribuna. Os nossos representantes, parece, são eternos voadores e contumazes mudos. Por isso a ausência, a constatação de que são mais apagados do que uma noite de escuro sem lua.
E pensar que a Paraíba já brilhou tanto nas duas casas do Congresso.
Começou com Epitácio, o Pessoa. Deputado, senador, ministro, terminou Presidente da República e representante do Brasil na Corte de Haia.
Depois veio José Américo de Almeida. O paraibano de Areia, baixinho e quase cego, empolgava o Distrito Federal com seus discursos. Terminou ministro de Getúlio e candidato forte à Presidência da República. Não chegou a presidente mas derrubou a ditadura de Vargas com apenas uma entrevista.
Em seguida vieram João Agripino, Ruy Carneiro, Argemiro de Figueiredo e Ernani Sátyro, cada um mais eloqüente do que o outro, todos com destaque no Congresso, na imprensa e na sociedade daquele tempo. João foi ministro, Ernani foi também, Ruy não foi e falava pouco, porém tinha uma presença influente em Brasília,e Argemiro era tido e havido como um dos maiores tribunos do Brasil.
Uma safra mais nova era formada por Raimundo Asfora, Ronaldo Cunha Lima, Tarcisio Burity, Vital do Rêgo e Humberto Lucena. Quando Raimundo assomava a tribuna, a Câmara dos Deputados parava para escutá-lo. Ronaldo com seus versos e suas rimas também era uma atração a parte. Burity oferecia seus conhecimentos jurídicos em pareceres diversos. Vital do Rego, o mais intelectual deles todos, chegou a ser corregedor da Câmara e figura de destaque na apuração de várias denúncias envolvendo deputados. Quanto a Humberto, somente o fato de ter presidido o Senado por dois mandatos já justificaria a sua foto na galeria dos imortais.
Os de agora, infelizmente, andam muito acanhados. Gastam o tempo enfiando suas emendas ao orçamento para beneficiar cabos eleitorais e redutos, esquecendo que a função primordial de um parlamentar é legislar, criar as leis do país, aprimorar as existentes e fazer jus, primeiro ao voto do eleitor, e segundo ao gordo salário que lhe é pago ao final de cada mês.
Vamos rezar para que o quadro mude, embora eu de logo confesse que não acredito muito nisso, baseado naquela máxima que diz: pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto.
Tião Lucena