9 de mai. de 2011

QUANDO SERÁ?


Romana Lúcia Meira Sampaio
Professora





Nos últimos dias, esta tem sido a pergunta mais frequente feita por boa parte dos moradores de Pedra Lavrada. Uns dizem que será no São João, outros que será no dia primeiro de abril.

Particularmente, prefiro acreditar que seja no período da festa de São João. Isso porque haverá muita gente presente, filhos do lugar e visitantes. Será uma ótima oportunidade para os políticos aparecerem e fazerem seus belos relatos sobre as maravilhas que já fizeram ou estão fazendo para o bem do povo.

Claro que você sabe do que estou falando, não é mesmo, caro leitor? Sim, só pode ser da entrega do prédio da Escola Estadual Professor Francisco Ferreira, reconstruído recentemente. Os alunos da Escola Graciliano Lordão até começaram um justo protesto contra essa demora, mas, infelizmente, foram ludibriados por alguns dos “nossos” representantes, com a promessa de que, no último dia 5 (só não disseram de que ano), o governador estaria aqui, pessoalmente, entregando essa obra à sociedade lavradense. Estamos esperando, afinal, é o que sempre fazemos, quando dependemos da vontade de políticos...

Com relação ao tão bem organizado movimento estudantil, senti pela falta de perseverança, pois não deveriam ter cedido tão facilmente às pressões políticas e acreditado piamente nos contos de fada. Os alunos fizeram tudo tão certinho, com responsabilidade, embora, dessa vez, tenham sido confundidos com vândalos. Mas pra quem já foi chamado de “vagabundos” e “desocupados”... Só acho que deveriam ter resistido mais um pouco.

Algumas pessoas vieram me dizer que o Senhor Ronaldo, motorista do prefeito estava me acusando de “estar fazendo política”, junto aos meus alunos. Engano seu, Sr. Ronaldo. Eu não faço política, deixo isso para quem vive da política. Eu vivo do meu trabalho, porque eu trabalho, e muito. É, mas você pode até dizer: “de besta! Quem mandou ser tão ética e não ter as costas quentes?” Felizmente, não sei bajular os outros e nem gosto disso. Agora, o que não dar é pra eu ficar imparcial ao que está acontecendo à minha volta.

Seria muita hipocrisia de minha parte se olhasse para as precárias condições de funcionamento das Escolas Francisco Ferreira e Graciliano Lordão e visse maravilhas. Só sabe o transtorno e o incômodo quem faz parte dessas escolas e trabalha em uma delas.

Só para se ter uma ligeira ideia: salas de aula apertadas, abafadas, livros (inclusive uns ainda na embalagem) amontoados pelo chão, que se molham a cada chuva que cai. Isso sem falar na sala onde funciona a secretaria, amontoada de armários, livros, caixas com documentos que também se molham cada vez que chove, e o forro que ameaça cair sobre quem nessa sala ficar durante uma chuva. Além disso na Escola Francisco Ferreira, professores dividem uma sala de aula com duas turmas diferentes. Não é o máximo?

Já ia me esquecendo. A escola Graciliano ganhou dez computadores e uma impressora para a instalação de um laboratório de informática, mas onde instalar? Até para imprimir uma atividade escolar é preciso arcar do nosso bolso. Sequer há condições físicas de se fazer a merenda para os alunos.

Diante de tudo isso fico a me perguntar; “afinal, o que é fazer politica?” É olhar e fingir que tudo está muito bem só porque a prefeitura cedeu o prédio? Bem, mas é com diz Leonardo Boff, “cada um ver com os olhos que tem”.

Infelizmente, só nos resta esperar e ver até quando vamos suportar essa situação. Ou quem sabe uma alma bem intencionada sinta pena dos alunos, professores e funcionários e lembre ao governador que temos urgência e que por isso não queremos discursos bonitos, bem elaborados, com festividades e homenagens, o queremos de fato são as mínimas condições dignas de estudo e de trabalho. É bem mais simples e agrada muito mais a quem é consciente dos seus direitos e deveres.

Resta-nos, portanto, esperar, esperar, esperar... Quem sabe Deus está nos ouvindo...





Sugestão do www.vozdepedra.com

Ouça "Até quando esperar?" da Plebe Rude: